Não tem preço

Gosto de propaganda. Gosto de analisar e apreciar uma boa campanha publicitária. Estou longe de ser um entendido no assunto. Na verdade, muito longe. Mas não precisa ser um perito para poder apreciar um bom produto, seja ele qual for. Não precisa ser um enólogo para saborear um bom vinho e nem um chef renomado para saborear um bom jantar. Com a propaganda não é diferente. Quando é boa, percebe-se.

E são muitas as de boa qualidade. Basta um breve exercício para que lembremos de muitas campanhas publicitárias do passado de altíssimo nível. Personagens inesquecíveis como o Garoto da Bombril, os bichinhos da Parmalat ou o Tio da Sukita, a musiquinha da Varig, slogans e jingles arrasadores como o “O tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa” e muitas outras.

Entre os slogans, existe um em especial que deveria receber um prêmio tipo Oscar da propaganda. Pode até já ter recebido, não sei. Nem sei se existe tal prêmio. É o slogan da campanha do Master Card que diz que “Algumas coisas não tem preço, para todas as demais existe Master Card”. É simplesmente genial. É simples, verdadeira e direta. Passa a mensagem de que para se ser feliz, para as coisas que realmente importam, dinheiro não fará diferença, mas o cartão está ali para te auxiliar com as demais necessidades do dia a dia. Genial!

Ontem à noite, por exemplo, na apresentação do GEB frente ao Novo Hamburgo pelas quartas de final do Campeonato Gaúcho, foi um destes momentos impagáveis. E por ser financeiramente imensurável, tornou-se acessível a todos. Pelo menos a todos que tiveram a benção em nascer Xavantes.

Aqui preciso fazer uma pausa para uma breve explicação para os menos iniciados na causa Xavante. Uma pessoa não se torna Xavante, simplesmente nasce Xavante. Alguns só demoram mais tempo para se descobrirem como seres felizes. Necessitam um pouco mais de tempo para libertar as suas pobres almas da amargura e da aflição. Algo como as esculturas de Michelangelo, sobre as quais ele dizia que não fazia nada, apenas tirava o excesso de rocha que havia em volta. A obra já estava ali, só era preciso descobri-la, libertar a imagem presa a rocha. Xavante é assim, já nasce pronto. Por vezes, a alma de alguns precisa um pouco mais de tempo para se descobrir.

Ontem o Bento Freitas foi casa de todos, foi palco de sonhos conquistados, foi campo de batalha vencida, foi templo de comunhão e de felicidade. Nenhum outro local, nenhum outro momento substituiria aquele. Ao meu lado, pessoas de diferentes etnias, credos, posições políticas, condições financeiras, escolaridade, profissões, positivamente um grupo muito heterogêneo, um extrato da nossa sociedade, mas com um elo a lhes unir. A alma Xavante.

Não sei quantos daqueles abençoados Torcedores possuíam um cartão de crédito em seu bolso, muito menos de qual banco ou bandeira, mas posso lhes afirmar com certeza e muita convicção que não fez a mínima diferença, pois a alegria em ser Xavante não tem preço.


Ivan Schuster
Onda Xavante

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