Xavante com Bom Senso

Tenho acompanhado, tanto quanto possível, e certamente bem mais do que os dirigentes da CBF, Federações e Globo, as ações e propostas pelo Bom Senso Futebol Clube. De tudo que já li e ouvi, parecem-me as propostas mais sensatas e coerentes. Uma coisa é certa, algo diferente do que está aí deve ser feito. Ao menos tentado.

Há alguns dias li uma entrevista do presidente uruguaio, José Mujica, em que ele explicava de onde teria surgido a proposta de regulamentação da maconha. Disse ele, que já haviam tentado todas as demais opções e nada havia dado resultado. Ao contrário, o número de usuários continuava crescendo. Pior, o Estado estava sem condições de conter ou controlar a criminalidade vinculada ao tráfico e distribuição de drogas. Ou seja, estavam perdendo o jogo. Precisavam mudar a estratégia. Pensar algo diferente, inusitado, inovador. É um argumento forte e inteligente. Há um dito, que confesso não ter a menor ideia de quem o fez, que diz “Se fizeres uma ação qualquer sempre da mesma forma, o resultado será sempre o mesmo”. Simples e verdadeiro. Para mudar o resultado, deve-se mudar a forma de fazer. Tentar o novo.

“Se fizeres uma ação qualquer sempre da mesma forma, o resultado será sempre o mesmo”

E é assim que entendo as propostas apresentadas pelo Bom Senso Futebol Clube. Por que não tentar? Acredito que a opinião da esmagadora maioria das pessoas que acompanham o futebol brasileiro, em qualquer contexto ou divisão, seja de que está muito ruim. Muito ruim, para ser generoso com as palavras.

A CBF e Federações, sob forte influência da Globo, não conseguem montar um calendário minimamente inteligente. O público nos estádios é deprimente – a quarta divisão do futebol inglês leva mais público do que a primeira divisão do futebol brasileiro –, praticamente todos os clubes estão com dívidas insanáveis, os jogadores não recebem os seus vencimentos acertados, os clubes de divisões inferiores não possuem calendário cheio e muito mais, ou menos. É só pensar em algo ruim em termos de organização que o futebol brasileiro tem. Isto sem falar que a cada término de campeonato sempre resta a tensão de um possível tapetão. A Portuguesa vem aí.

O caso do GEB, por exemplo, terá um intervalo de quatro meses sem uma competição. E não estamos falando de um clube qualquer. Simplesmente, somos participantes da Copa do Brasil 2015 e Campeonato Nacional Série D 2014, além de termos a maior torcida do interior do RS e termos obtido o título de Campeão do Interior do RS em 2014. Se para nós está assim, o que dizer da condição dos demais? Um ECP, por exemplo, que acaba de ser rebaixado e expõe de forma escancarada as suas crises e antagonismos internos? Como planejar o futuro? Nem com ajuda da Mãe Dinah!

Pensando no GEB, que fez um Campeonato Gaúcho digno, fico imaginando a dificuldade para a renovação dos contratos. Certamente alguns, talvez vários, dos nossos atletas e membros da comissão técnica, estejam recebendo propostas de clubes que disputarão a Copa do Brasil, Séries C ou B, que já têm início previsto para daqui a alguns dias. A Copa do Brasil 2014, inclusive, já começou. Como apresentar uma proposta para um profissional, convencendo-o a permanecer no GEB, parado por uns 3 ou 4 meses, possivelmente ganhando menos, em vez de ir para um clube, que pode nem ser tão expressivo, mas onde já estará atuando e possivelmente com mais uns trocos no bolso? Difícil, né? Pois é esta a situação posta, ou imposta.

E por que isto ocorre? Um dos motivos certamente é o desencontro de calendários, que são concebidos olhando apenas para as Séries A e B. E nem estas séries, diga-se, possuem um calendário decente. Se a Série D fosse iniciada junto com as demais séries do Campeonato Nacional, o prejuízo seria menor. Haveria uma maior igualdade. Teríamos jogos, receita, movimentação da Torcida e tudo mais, que nos proporcionariam melhores condições para negociar.

No meu entendimento, existem duas causas para os dirigentes das Federações, CBF e Globo insistirem em manter tudo como está, incompetência ou interesses pessoais. E não está fácil acreditar que sejam tão incompetentes ou, muito menos, burros.

Sou um incentivador de que clubes como o GEB, unam-se ou explicitem seu apoio ao Bom Senso Futebol Clube. Já está mais do que na hora de haver um basta em tudo isto que aí está imposto. Chega de viver de mesada, de mendigar, de ter que participar de reuniões apenas como “concordino”, de ser submisso, de ser humilhado. Qual a utilidade de uma Federação, da CBF, dos inúmeros cartolas, etc e tal, se nem um calendário decente conseguem produzir? Se não conseguem, ao menos, informar se um jogador está em condições de atuar ou não em uma partida. O que fazem lá, além de tomar cafezinho e chimarrão, projetos de prédios nababescos ou de eventos em lugares paradisíacos?

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.


Ivan Schuster
Onda Xavante

Abs.

 

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