Arquivo diários:09/04/2014

Não sejamos imbecis

Leio que o atacante Fred, do Fluminense e da Seleção Brasileira, manifestou-se através de uma rede social a respeito da “pressão” que teria levado de componentes de uma torcida organizada do Fluminense em razão da desclassificação do clube no Campeonato Carioca e de um mau resultado na Copa do Brasil. Parabéns ao atacante pelo corajoso, necessário e urgente posicionamento. Torço para que outros tantos atletas e dirigentes se manifestem no mesmo sentido e com a mesma veemência.

A evolução da nossa sociedade não mais comporta este tipo de atitude em relação aos jogadores de um clube. Primeiro, por descabido, incorreto, bárbaro e irracional. Segundo, por ineficiente que é. Futebol não é questão de honra e muito menos razão de vida. Futebol é esporte e como tal deve ser entendido. Em atividades esportivas, perde-se, empata-se e ganha-se. E sempre existirão muito mais perdedores do que ganhadores, óbvio. Adversários não são inimigos, são somente adversários. Quem não consegue entender isto, deve se afastar dos estádios e procurar tratamento médico adequado. Ao menos que pare de ver BBB, Pânico e acessar o Facebook e vá ler um livro decente. Educação é a base de tudo.

Já fui integrante – e até fundador – de torcida organizada. Posteriormente posicionei-me contrário a existência destas torcidas por entender que haviam perdido o sentido de ser, pois prestavam-se mais a violência e delinquência do que ao ato de torcer organizadamente. Hoje entendo que a questão não é se as torcidas devam ou não existir, acho até que devam continuar existindo, mas quem as compõem e como o clube as enxerga e se relaciona. A questão é mais relativa a educação, atuação e respaldo do que a existência propriamente dita.

Futebol não é questão de honra e muito menos razão de vida. Futebol é esporte e como tal deve ser entendido.

E, desta forma, os clubes têm muita responsabilidade. Está certo o Fred quando coloca que as diretorias dos clubes necessitam mudar a forma de relacionamento com as torcidas organizadas. Devem excluir os privilégios e impor mais rigor àqueles que ultrapassem a linha da legalidade. Nenhum clube precisa de torcedor bandido, muito menos de uma gangue travestida de grupo de torcedores. Torcida organizada, deve torcer de forma organizada, ponto. O diretor que os acolhe é tão bandido quanto, ou mais.

Torcedor torce, dirigente dirige, treinador treina e jogador joga. O jogador é contratado pelo treinador (diretor), que é contratado pelo diretor, que é eleito pelo torcedor. Se o torcedor está insatisfeito ou entende que algo está errado, deve resolver na eleição da diretoria, não invadindo o vestiário. O poder definitivo está na mão de quem elege e não do eleito.

Mas o que surpreende mesmo, é que as desculpas para estes atos giram sempre ao redor do mesmo tema, a paixão, o entusiasmo, a angústia, o desespero e todo aquele blá-blá-blá. É sabido que nada disto justifica e nem faz sentido, não sustenta 5 min de argumentação. A verdade é que se acham o máximo e são uns idiotas, imbecis por excelência. Usam a força pela incapacidade de usarem a razão. Por serem incapazes de ter um pensamento propositivo, uma ideia evolutiva, agridem. Acham-se valentes e são uns covardes, pois invariavelmente atuam em bando e em grande maioria. Imbecis, idiotas e covardes. Chamar-lhes de burros seria elogio.

Houve tempo, não muito distante, que muitos Torcedores Xavantes, independentemente de pertencerem ou não a alguma torcida organizada, glorificavam-se por terem roubado, depredado ou brigado nas excursões ou mesmo nas apresentações do GEB no Bento Freitas. Recentemente, na apresentação do GEB na Arena Portoalegrense da OAS, tivemos o triste episódio da destruição de dezenas de cadeiras trazendo grande prejuízo aos já combalidos cofres do nosso Xavante. Atos como estes agregam nada, zero mesmo, ao torcedor individual, a Torcida Xavante e muito menos ao clube, que ao fim e ao cabo foi quem pagou a conta. Depois, quando o clube não consegue contratar os atletas e demais profissionais necessários por falta de recursos, estes mesmos imbecis reclamam que o plantel é ruim.

O que estes animaizinhos de quatro patas e orelhas pontudas precisam entender é que em pouco tempo seus atos até poderão ser lembrados, mas eles, os imbecis, estarão totalmente esquecidos. A imagem boa mesmo, que impressionou, que dá vontade de ver e rever inúmeras vezes, é a da festa, da alegria e do orgulho em ser Xavante. É a imagem de 1.500 serem ouvidos em tom maior que os 20.000 contrários. É cantar o “Tem que olhar, para aprender …”. Isto, sim, teve e tem um valor enorme. O que conta é o grupo, a Torcida Xavante como um todo, forte, e não a ação individual de um ou outro imbecil.

Temos que ser a torcida mais respeitada e admirada, e não a mais temida. Afinal de contas, somos a Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do RS, sempre.

Abs.


Ivan Schuster
Onda Xavante