Parou tudo | Ivan Schuster

Sim, minhas companheiras e companheiros, quando o jogador do Tombense acertou o último pênalti, o mundo parou de girar. Acreditem, é verdade. Aconteceu, eu senti. O mundo parou de girar. Parou tudo. Não sei por quanto tempo, não apenas o mundo, todo o universo parou. Foram os deuses do futebol. Queriam que o pênalti fosse cobrado novamente, pois o Martini deveria ter defendido aquela bola. Injustiça, proclamaram, houve interferência. A desconfiança era que Éris, a deusa da discórdia, teria feito uma trapaça, só para ver o circo pegar fogo.

A discussão durou dias, anos, milênios. E tudo parado. Até que Zeus, já extasiado pela discussão sem fim, proclamou que resultado em campo não se muda. O Tombense deveria ser declarado campeão. Hades, o deus dos mortos, chegou a sorrir, mas foi repreendido por Zeus: “Morto não se manifesta! Pega o que é teu e volta ao purgatório”. Hades, então, fez beicinho, chorou, pegou o seu lobo de estimação e recolheu-se às trevas, seu verdadeiro e eterno lar. E o mundo voltou a girar.

Fiquei atordoado, entristecido e até revoltado. Era para termos ganhado. A festa teria sido linda. Pararíamos a cidade e a região. Mas não deu, perdemos. Parabéns a todos os integrantes do Tombense.

Sei que não sou o único a lastimar. Este sentimento de frustração certamente está em todos os corações Xavantes. Mas não dá para reclamar. O ano de 2014 foi sensacional. Um ano para nos orgulharmos e festejarmos. Um ano de conquistas, um ano campeão. Campeão do Interior, conquista de vaga na Copa do Brasil 2015, a volta(justa) para a Série C e o resgate do orgulho de termos novamente um time de guerreiros. 2014 foi o ano em que o Caldeirão voltou a encher e ferver, um ano em que a felicidade voltou para a Baixada.

Faltou apenas a cereja do bolo. O bolo estava uma delícia e o comemos todo, nos lambuzamos. Pensando bem, a nossa maior derrota em 2014 tem o nome de “Vice-campeão Brasileiro da Série D”. Ruim? Acho que não. Tem gente que manda bordar estrela na camiseta por muito menos Chegam a inventar títulos para ter o que bordar. Colocam em sua galeria de feitos, terem ganho de nosso time reserva. Cada um valoriza o que pode.

Na verdade, acho que eu não aguentaria ter sido campeão. Como alguém já disse, ser Xavante já é uma dádiva, ser Xavante e campeão é pedir demais. Ninguém merece tanta felicidade.

Como é bom ser Xavante!

Para concluir, fica a minha dica para a renovação de contrato com o Rogério Zimmermann. Entreguem as folhas em branco, já assinadas e deixem que ele preencha com as condições e valores. Nosso trabalho será o de dar-lhe as condições necessárias para um trabalho ainda melhor em 2015. Exagero? O Rogério conhece o GEB como poucos, sabe bem das nossas condições e possibilidades. Para os que acham que ele poderá pedir muito para ficar, fica uma pergunta para reflexão: Quanto nos custará não tê-lo? Na minha modestíssima opinião, caro é o que não funciona.

Abs.

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