Arquivo diários:27/02/2015

O Maraca é nosso! | Ivan Schuster

Quem ganhou e quem perdeu? Eu posso falar por mim. Ganhei! E de goleada. Que apresentação!

Não consegui dar a atenção desejada e merecida ao acompanhamento da repercussão da apresentação Xavante – o GEB não joga, apresenta-se – durante o dia de hoje nas principais mídias do país. Talvez consiga somente no final de semana. É a vida. Mas do pouco que vi até agora, o que mais me chamou a atenção é o encantamento de todos com “Os Xavantes”. Clube, Time e Torcida. Assim mesmo, todos com letra maiúscula. Com orgulho.

E este encantamento não é por termos fama de violentos ou baderneiros, nem por confusão nas redondezas do estádio e muito menos com a riqueza do clube oriunda de “empresários”. Não, nada disso. O encantamento está por terem identificado em nós o futebol de verdade, aquele futebol de boa lembrança. A paixão, o sonho, a devoção, a esperança e a alegria em sermos Torcedores Xavantes. Não são palavras minhas, e sim uma compilação do que li a respeito, embora sejam exatamente estes os fatores que me levem viajar mais de 500Km, chegar em casa as 5h da manhã, mesmo tendo que levantar as 6h15min devido a compromissos profissionais, apenas e tão somente para desfrutar de uma apresentação Xavante. Exagero meu, loucura, insanidade? Não. Apenas a apreciação da vida. O prazer colorido em vermelho e preto.

Na verdade, sinto um pouco de pena daqueles que ainda não tiveram a oportunidade de participar da Muvuca da Pré-apresentação na Princesa Isabel. Indescritível! Por ali passam todos os Xavantes. É um festival de abraços, sorrisos, lembranças e muita alegria. Ali, encontra-se quem não se via há anos, décadas. Ali, está a essência em ser Xavante. Ricos, pobres, negros, brancos, índios, asiáticos, altos, baixos, magros, gordos, princesas e ogros, todos iguais, todos um só, todos Xavantes. É nóis! A birra, o churrasquinho, a chegada da Garra Xavante e a atração principal, a chegada da delegação ao estádio. É bom ser Xavante!

Definitivamente, ser Xavante não é para qualquer um. Felizmente eu sou. Que chore quem não é. Só não esqueçam de continuar aplaudindo. Obrigado!

A nossa apresentação foi fantástica. Nas arquibancadas, um show de imagem e som. Que outra torcida canta, vibra e pula de forma unânime e sincronizada, sem coordenação, sem organização prévia, movendo-se apenas pelo sentimento de união e apoio? Tem que olhar, para aprender. Enquanto não consegue aprender, vai chorando. A tua inveja é que faz a nossa fama.

Dentro de campo, gostei do que vi. O nosso time foi guerreiro e valente. Apresentaram-se com muita qualidade tática, empreendendo uma marcação forte, sem violência e tocando bem a bola, com o reconhecimento do Luxa, que de bobo não tem nada. Ambos gols sofridos foram de falhas que normalmente não acontecem. Erramos e pagamos o preço. Nossos opositores não eram o São Gabriel ou a seleção da Linha Café, mas o Clube de Regatas do Flamengo. E aí, meu amigo, não tem erro sem punição. Jacaré cochila, vira bolsa de madame.

Mesmo atrás no placar, eletrônico, salienta-se, o time não se abateu e nem se desesperou, mostrando equilíbrio e convicção na proposta planejada e empregada. Disciplina, muita disciplina. E o resultado veio. Não o resultado sonhado, mas o possível. Nena, cruel e definitivo, testou para o fundo do gol, na conclusão do cruzamento perfeito do Forster, para o desespero do Luxemburgo, que via o seu “pojeto” ir para o beleléu, e agonia dos secadores de plantão, que eram muitos. Uma rápida pausa no choro para hidratação. Pronto, podem seguir chorando.

Iremos ao Maracanã, sim. Provavelmente em um número maior do que eles estiveram no Bento Freitas e gritaremos “Uh! O Maraca é nosso”. Estamos felizes e eufóricos. Mas o motivo da euforia não é por estarmos indo ao Maracanã. Já fizemos isto. Nossa alegria e satisfação extrapola o resultado, qualquer resultado. Estamos e somos assim, devido ao enorme orgulho que temos. Um orgulho para poucos. Um orgulho admirado por muitos, invejado por alguns, mas imitado por ninguém, o orgulho em ser Xavante. Agora doeu, vai chorar dias. Que vida!

Abs.


Ivan Schuster
Onda Xavante