Seguraram o pum | Ivan H. Schuster

Seguraram o pum

Já dizia o Barão de Itararé(vai no Google e procura quem foi), “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”. A negativa do clube da avenida em nos alugar o salão de festas para as competições deste ano, confesso, deixou-me abismado, boquiaberto, surpreso, horrorizado. Já vi muita coisa nesta vida. Vi gente discursando contra as drogas, enquanto saboreava um bom uísque; Vi político ser eleito devido a sua biografia e pelas posições assumidas ao longo de sua carreira e, depois de eleito, pedir para esquecerem tudo o que havia dito; Já vi presidente dos EUA ganhar o Nobel da Paz; Já vi banqueiro reclamando da crise econômica; Já vi até gente matando gente, cada um em nome de seu deus, o qual diziam ser bom e cheio de amor. Vi tudo isso e muito mais. Até hoje só não havia visto duas coisas: alguém comer merda e nem rasgar dinheiro, porque nem louco é burro. Agora só falta a primeira ou a segunda ou nenhuma, sei lá. Acho que nada mais me surpreende.

A questão não é o alugar ou não alugar. Cada um sabe o que é melhor para si. Fez-se uma oferta e não aceitaram, ponto. Normal. Negócio é negócio. O que me impressiona são os motivos alegados, ao menos as razões divulgadas e comentadas. Por exemplo, um membro da diretoria do GEB fez piada quando da outra vez que nos alugaram; por sermos adversários; por lotarmos o estádio unicamente com nossa Torcida, o que nunca conseguiram e nem irão conseguir tão cedo; porque iríamos urinar no banheiro deles; porque somos feios, sujos e bobalhões; enfim, razões tão importantes e cruciais quanto ter vergonha de soltar um peido, quando é sabido que se está cagado. Argumentos fúteis, pífios, infantis. Não vou brincar de carrinho contigo, porque o teu carrinho é mais bonito que o meu(fazendo beicinho). Credo!

E falam em profissionalismo. Profissionalismo não é terceirizar a gestão do clube, mas tomar atitudes, agir, de forma profissional, racional e não passional. É pensar com serenidade antes de agir e não agir por impulso, cheio de bravatas. Se os valores que foram divulgados – R$ 600 mil, mais R$ 6,00 por torcedor que exceder 100.000 presentes na temporada – forem verdadeiros, digo-lhes, vai fazer falta. E muita. Seiscentos mil no ano, é uma receita difícil de conseguir até para clube de primeira divisão estadual e participante da Série B do Campeonato Nacional. Nós sabemos disto. Estamos lá. Para um clube de segunda divisão do Gaúcho, sem torcida e sem expressão sequer na própria cidade, podem anotar, é impossível conseguir. Nem o Diabo pagará isto por suas almas. Ficarão atolados eternamente no próprio excremento. Terão que comer o que vomitaram.

O GEB será prejudicado, enfrentaremos ainda mais dificuldades, piorará a nossa já atribulada vida? Certo que sim, não resta a menor dúvida. O caso é que para eles também não está nada fácil, nem um pouquinho. E esta oportunidade era uma porta de saída. Se não uma certeza, pelo menos uma boa chance de vida. É sabido que estão quebrados – até conta de luz em nome de jogadores fazem – e a competição que têm pela frente é dificílima. Só um sobe e a concorrência é forte. Ano passado estavam melhores e deu no que deu. Daqui para frente, só piorará. Pelas notícias, os concorrentes estão se preparando fortemente. Caxias, São Luiz, Esportivo, Riograndense/SM, Avenida, Santa Cruz, Brasil-Fa e outros tantos não estão de brincadeira. Já pelos lados da avenida, o que mais li foi de jogador saindo, desistindo, reclamando pagamentos devidos, etc. Seiscentos mil no ano, trazido para o período da competição, daria uma mensalidade de mais de cem mil ao mês. Não é pouca coisa. Daria para custear um belo plantel e financiar um estrutura que poderia ser decisiva. E será decisiva, só que agora no sentido inverso. Foi-se a carreta com os bois.

Sugiro que os verdadeiros torcedores áureo-cerúleos, aqueles que realmente desejam ver o seu clube voltar à vida e que preocupam-se com o seu bem estar ao invés de ficar invejando os demais, escrevam os nomes daqueles que não aceitaram a proposta feita pelo GEB e deixem a lista afixada em local bem visível, um local de acessos a todos. O futuro os julgará. Acredito que seja útil, ainda este ano, quando tiverem que explicar para os jogadores e comissão técnica o por quê de não terem dinheiro para pagar os salários devidos. Pelo menos saberão na porta de quem devem bater.

Enfim, vamos em frente. Não será a primeira vez que enfrentaremos desafios terríveis. Esta é a nossa história, este é o nosso carma, lutar para sobreviver. Confio na nossa diretoria e na força de nossa Torcida, A Maior e Mais Fiel do Interior do Estado do RS. Olhemos para o amanhã, pois o dia de ontem é passado.

Avante, Xavantes!