Essa conta não pode ser somente da torcida

                                                                                                                                                                                                              por Marcelo Barboza

É um assunto chato e com debate sem fim, porém o que vem acontecendo com o sócio torcedor do Grêmio Esportivo Brasil não pode passar em branco. A direção do Brasil recentemente anunciou algumas mudanças nas modalidades do quadro social do clube. Algumas modalidades deixaram de existir e outras tiveram os seus valores reajustados. Sabemos que nesse “futebol moderno”, o dinheiro é quem faz a diferença, pois ficou caro demais fazer futebol nesse país, ainda mais para um clube do interior do Rio Grande do Sul. Mas durante toda a história do Grêmio Esportivo Brasil, foi a torcida Xavante que manteve o clube vivo. Passamos por momentos difíceis dentro e fora do campo, mas seguimos vivos. Hoje somos bi-campeões do interior no Gauchão, estamos na Copa do Brasil e na Série B do Campeonato Brasileiro. E repito, o clube deve isso ao torcedor rubro-negro.

Porém chega um momento em que vira rotina o torcedor sempre ter que pagar a conta. E aí é que a direção do Brasil vem pecando. Essa conta do crescimento do clube não pode ser somente nossa, dos torcedores. Nunca nos 104 anos do clube nós tivemos tanta visibilidade na mídia nacional. E o que isso trouxe de benefício em grana pro clube até agora? Quase nada. Aumentar os valores das mensalidades e cobrar check-in daqueles torcedores que carregaram esse clube durante tanto tempo é um reflexo da incompetência da direção do clube em angariar recursos. A camisa do Brasil é um outdoor ambulante. São cinco patrocínios na frente e um nas costas. Além dos calções. Será que venderam bem esses patrocínios? Parece que não, pois a choradeira por dinheiro é sempre a mesma. Se no melhor momento da história do clube nós não conseguimos um patrocinador que banque o salário dos jogadores, pelo menos, quando conseguiremos? Armando Desessards foi contratado como Gerente Executivo com a incumbência de também trazer novos recursos para o clube. E o que se viu de significativo até hoje? Falou-se em negociação com a Caixa Econômica Federal, mas o que pareceu foi um jogo de marketing pessoal de um deputado federal, o qual anunciou as negociações, tirou foto, e sumiu. E uma “negociação” para lá de mal feita. O deputado entregou um xerox impresso em preto e branco com a proposta de patrocínio, conforme foto postada por ele mesmo nas redes sociais. Mas o pior de tudo é que o Brasil, naquela época, ainda tinha contrato com o Banrisul, outro banco. Um total absurdo expor a tal “negociação”.

Nessa quarta-feira enfrentaremos o Ypiranga no Bento Freitas com pouco mais de quatro mil lugares liberados. Talvez as arquibancadas móveis também sejam liberadas, podendo aumentar para mais de sete mil lugares. Então a direção do clube resolveu cobrar R$10,00 do sócio para que seja feito o check-in para garantir acesso à Baixada. Porém a direção, no lançamento da última campanha de sócios, frisava que na modalidade “Sócio Xavante Torcedor”, por exemplo, o sócio teria “acesso livre à arquibancada em jogos com o mando de campo do GE Brasil”. Ué, livre acesso? Posso entrar sem check-in? É dar argumento para que qualquer um venha a reclamar. E se não bastasse cobrar o check-in, ainda disponibilizou apenas a central de sócios do estádio Bento Freitas como local para se fazer o check-in. Uma fila imensa se formou no baita sol que fez nessa terça-feira em Pelotas. E as lojas da Tribo? E outros locais? E colocar mais pessoas para atender o torcedor? Isso não se pensa? Azar do torcedor. Sempre.

Não sei de quem foi essa brilhante ideia de reajuste dos valores e a cobrança do check-in nessas condições. Mas estão de parabéns.

Se o estádio tem 4.000 lugares disponíveis, que coloquem 4.000 check-ins disponíveis no site do clube, para serem feitos pela internet, sem custo. Os 4.000 primeiros sócios que fizerem o check-in, assistem ao jogo. Simples. Precisamos de mais dinheiro? Que coloquem mais pessoas qualificadas para buscarem isso no mercado. Que não fiquem esperando alguém bater na porta oferecendo dinheiro. No momento econômico que vive esse país, empresário nenhum vai querer investir em um clube de futebol sem que alguém o convença. Se está ruim para quem tem dinheiro, imagina para o torcedor Xavante.

O assunto é chato e talvez nem seja o momento de se tratar disso. Mas já está demais. Não queremos barbada. Não queremos moleza. Queremos apenas que a torcida do Brasil seja tratada da forma que merece.