Hoje sim, hoje não – Ivan H. Schuster

Ao término da apresentação Xavante de ontem, lembrei-me de uma corrida de F1 em que o narrador, emocionado com a eminente vitória de Rubens Barrichello, dizia euforicamente: “Hoje sim, hoje sim, …”. Neste momento, a poucos metros do final, já na reta de chegada, o piloto brasileiro tira o pé do acelerador para dar passagem para o outro piloto da equipe, Michael Schumacher, vencer a prova. Frente a uma mudança trágica da realidade, o narrador, completamente decepcionado e frustrado, fala em um tom ameno: “Hoje não, hoje não, …”.

Não consegui ir a esta apresentação de ontem frente ao Aimoré. Alguém tem que manter este país funcionando. A bem da verdade, fiquei até aliviado por não ter ido. A volta a Porto Alegre teria sido massacrante. Já vivi situações semelhantes no passado. É duro. Pelo que ouvi no rádio, fizemos uma boa apresentação para quem atuou 2/3 do tempo com um atleta a menos. Desculpa? Não, fato. Vou mais longe. Surpreendemos. Fazer dois golos com um atleta a menos, não é tarefa fácil. Eu sei, já fizemos isto com 2(DOIS) atletas a menos, mas, neste momento, isto não vem ao caso. Pena que ontem, ao final, bem no finalzinho, entregamos a rapadura. Frustrante.

Os corneteiros estão eufóricos. Querem trocar tudo e todos. Provavelmente, os mesmos que davam a batalha por perdida após a derrota para o Guarani/SP na Série C. Também naquele momento, já queriam trocar tudo. Como também queriam mandar todos para o Embaixador após a perda do título da primeira fase da Segundona 2013 para o São Paulo/RG. É, foram apenas estas as duas chances que tiveram em 4 anos. De resto, ficaram apenas polindo a corneta. Não deu para tocar.

Achei interessante as críticas à substituição do Diogo Oliveira. Até vaia houve. Depois, na entrevista ao final da apresentação, ficamos sabendo que foi uma medida preventiva. O Diogo havia sentido uma fisgada na apresentação frente ao Lajeadense e o RZ achou que mantê-lo em campo com atividade sobrecarregada, devido a expulsão do W8, seria temerário. Optou pelo Galiardo para segurar o placar e poder arrumar a casa no intervalo. Não deu tempo, o Aimoré empatou logo em seguida, ainda no primeiro tempo. Burro? Obviamente que não.

O que achei interessante, foi a clara demonstração da falta de confiança no RZ por parte de alguns Torcedores. Por parte da mídia, já estou acostumado. Deu chance, eles irão cutucar. Mas por parte dos Torcedores? Achei exagerado. A explicação que tenho, é que existe um grupo que nunca gostou do RZ – não me pergunte por que – e estão há 4 anos aguardando a chance de cornetar. Qual outro motivo para ficar chamando ele de burro? Burro, um cara que reacendeu o futebol Xavante – que melhorou, inclusive, o debate na imprensa esportiva pelotense – e que vem há 4 anos conquistando todas as metas? Até dois meses atrás, era crucial a renovação do contrato do RZ e da base do elenco, feito conseguido com muito esforço, agora o RZ é burro e os atletas são pernas de pau? Se não conhecem futebol, ao menos respeitem quem conhece e já provou isto inúmeras vezes. Respeitem aqueles que em 4 anos fizeram o que outros não conseguiram em décadas.

Interessante, também, é a posição assumida por parte destes corneteiros, que não aceitam serem chamados de corneteiros. Em sua defesa dizem que são “realistas”, que “enxergam o óbvio”, como se todos aqueles que não vaiam, que não vão para a internet(fácil) xingar a todos e exigir mudança e que não querem uma política de terra arrasada, são parvos, bois mansos e estão absolutamente satisfeitos com os resultados. Alôôô! Acham-se realistas, luminares da causa Xavante, mas, na verdade, são xiliquentos, homens de pouca fé, de alma pequena, enfim, corneteiros.

A questão não é estar satisfeito, mas como proceder para reverter a situação. Definitivamente, na minha humildíssima opinião, não resolveremos nada pregando algum atleta na cruz, muito menos colocando um chapéu de burro na cabeça do RZ e dizendo para ele ficar sentado virado para a parede. As palavras são confiança e trabalho. O grupo já provou ser vencedor e possui plenas condições de retomar um caminho de vitórias. Além do mais, trocar por quem? Partir para experiências, iniciar um novo ciclo de contratações a rodo, endividando o clube? Não, obrigado. Quando prega-se convicção e dá-se apoio só quando o momento é bom, a palavra é oportunismo. Quando abre-se mão de certas convicções e preceitos por medo, a palavra é covardia. Quando entendemos que cada um é parte de um todo e que, juntos, com trabalho e dedicação, podemos realizar tudo o que sonharmos, a palavra é união.

Abs.