Axé, Baêa – Ivan H. Schuster

Hoje eu desejaria escrever um texto épico, tão épico quanto foi nossa vitória na noite de ontem. Infelizmente, não tenho talento e nem capacitação para tanto. Que apresentação! Um primeiro tempo em que o adversário, precisando, e muito, de uma vitória para amainar sua crise, partiu para cima e não nos deixava respirar. Foi quase todo o tempo um ataque contra a defesa. Eles atacando, nós defendendo. Bateram, bateram e bateram. Sem sucesso. Nossa defesa estava muito bem postada. Martini, intransponível. Jogávamos pela iminência de um contra ataque, que não veio.

No intervalo veio a angústia ao imaginar o quão difícil seria suportarmos mais 45 minutos com aquela situação. Uma hora destas a porrada iria furar o nosso bloqueio e, fatalmente, iríamos à lona. Eis que a luz surgiu. Clébson no lugar de Diogo Oliveira. Aproveitando-se do desgaste natural do time adversário, decorrente da correria feita no primeiro tempo, o Clébson empreendeu mais velocidade e agilidade ao nosso meio de campo e os adversários não conseguiam acompanhá-lo. Resultado, um segundo tempo melhor para o nosso lado. Muito melhor. Fomos para cima e as oportunidades começaram a aparecer e o time adversário já não conseguia nos assustar. O resto foi consequência.

Achei a nossa melhor apresentação até aqui. Fomos eficientes na defesa, quando necessário, e competentes no ataque. Também achei a estratégia de atuar um tempo com o Diogo Oliveira e outro com o Clébson sensacional. Se temos dois atletas com qualidades similares para uma mesma posição, por que não utilizar ambos, um em cada tempo? O adversário que corra atrás. É certo que não haverá condições de fazer isto em todas as ocasiões, mas a idéia não é nada ruim. Muito boa, por sinal. Mantém o ritmo do time e não força fisicamente os atletas, o que, em uma competição longa e desgastante como esta, é preciso ter atenção.

Necessário destacar que o nosso adversário não era um qualquer, mas o Esporte Clube Bahia, que dispensa apresentações. Clube grande nacionalmente, torcida numerosa, inúmeras vezes participante da primeira divisão, inclusive detentor de títulos nacionais, e que possui um folha de pagamento mais de cinco vezes a nossa. Se pegarmos o salário de apenas 5 atletas como Thiago Ribeiro, Marcelo Lomba, Moisés, Hernane Brocador e Renato Cajá, já paga toda a nossa folha de pagamentos e ainda sobra troco para finalizarmos a obra do Novo Bento Freitas – que, por sinal, está ficando maravilhoso. Este é o tamanho da diferença entre os clubes. Fosse futebol apenas dinheiro, teriam obrigação de nos ganhar, mesmo nos enfrentando com apenas cinco jogadores.

Mas futebol é um esporte maravilhoso, que, não raramente, permite que Davi vença Golias. O Bahia veio com a missão e desejo de voltar para casa com uma vitória. Infelizmente, para eles, encontraram pela frente um time organizado e determinado. Um elenco de atletas que, mais uma vez, provou que um trabalho de longo prazo, realizado de forma profissional, com o grupo unido, sem estrelismos, produz bons resultados, mesmo – ou ainda mais – em condições adversas.

E aí, cada vez mais, fico impressionado quando ouço a corneta soar para os lados da comissão técnica, direção e atletas. É muita falta de conhecimento, noção e sensibilidade. Em bom português, burrice. Nosso time, assim como o clube como um todo, está vivendo um de seus melhores momentos de toda a história. Só que estamos no nosso limite, embora, incrivelmente, de uma hora para outra, surpreendemos e mostramos mais, avançamos. Desculpem-me, mas criticar este grupo, por qualquer razão que seja, é gostar muito de cornetar. Quem não está feliz, vibrante, empolgado com este momento é porque gosta mesmo é de sofrer. Não se permite ser feliz. Não dá para aceitar outra manifestação por parte da Torcida que não seja de apoio e reconhecimento ao trabalho feito.

É bom ser Xavante.

Abs.

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