Cadê o meu estádio, presidente?

por Marcelo Barboza

Grêmio Esportivo Brasil, clube da cidade de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, com 104 anos de muitas batalhas e consquistas. Conhecido como o clube do povo, dos negrinhos da estação, nunca teve regalias para se manter vivo. Nesses 104 anos muitas intempéries ocorreram, dentro e fora do campo. Mas a torcida do Brasil sempre manteve o clube vivo.

As últimas décadas foram de muito sofrimento, perdemos jogos imperdíveis, perdemos nossa honra e o pior, perdemos nossos ídolos. Mesmo assim o time da negrada se reergueu. Em 2012 chegou no clube um comandante que elevou o Brasil à patamares jamais imaginados em tão pouco tempo. Junto com um grupo de jogadores comprometidos com a raça que o torcedor do Brasil sempre pediu. A direção do clube teve seus acertos, correndo para fora do clube pessoas que só queriam aparecer e largando o futebol na mão de quem realmente entende de futebol, o treinador Rogério Zimmermann.

O Brasil foi bi campeão do interior no Gauchão e de time “sem Série” no Campeonato Brasileiro, conseguiu ser vice-campeão da Série D, terceiro colocado na Série C e chegou à Série B. Como time, o Brasil evoluiu muito além do imaginável. Mas como clube, ainda estamos atrasados em relação a nós mesmos.

Um novo estádio está sendo construído, com recursos da venda de um terreno que vários torcedores compraram no passado e cederam ao Brasil. Ou seja, um novo Bento Freitas está sendo erguido sem dinheiro algum sair dos cofres do clube. Chegamos à Série B, teremos um novo estádio e o time vai muito bem dentro do campo. Tudo certo? Não.

No início das obras da nova arquibancada do placar, já se sabia que a mesma ficaria pronta somente por meados de julho, sendo liberada para os jogos lá por agosto. Então a direção do Brasil conseguiu liberação junto à CBF para jogar os quatro primeiros jogos em casa com o estádio com capacidade reduzida para 7 mil pessoas. Essa liberação ocorreu no mês de Abril, ou seja, há mais de dois meses. Desde lá, a direção executiva do clube sabia que após o quarto jogo em casa, contra o Luverdense dia 03/06, o Brasil precisaria ter o estádio liberado para 10 mil pessoas, conforme regulamento da competição. O que a direção do Brasil fez nesse período? NADA. Ficaram esperando que a CBF prorrogasse o prazo de quatro jogos, o que até aconteceu. O jogo com o Tupi ainda foi realizado no Bento Freitas. E esperar algo de bom logo da CBF, entidade que nunca cooperou com o Brasil. Ou esperavam um milagre para que a obra ficasse pronta para o sexto jogo em casa, com o Náutico, em 21/06?

Por que não demoliram as arquibancadas da Neto e começaram lá em abril a montagem de novas arquibancadas móveis como estão fazendo hoje? Por que minha gente? POR QUÊ? É inexplicável.

A torcida do Brasil, que sempre carregou esse clube, que sempre sonhou com essa Série B, agora precisa viajar até Caxias do Sul para ver os jogos que seriam em casa. É inaceitável jogarmos contra Bahia e Náutico, por exemplo, dois grandes clubes, com 200 torcedores em Caxias do Sul, em um dia de semana. Era jogo para Baixada lotada. E a imprensa de Pelotas não questiona o motivo das arquibancadas móveis não estarem prontas e liberadas desde abril. Aceitam argumentos do presidente do clube como “mau tempo”, “chuvas”, como culpados pelo estádio não estar liberado. Conivência um tanto quanto estranha. Tenha paciência.

Agora o Brasil gasta o seu pouco dinheiro alugando o Estádio Centenário, hotel, deslocamento e alimentação. Depois dos jogos vão para as rádios choramingar que o clube passa dificuldades, que não tem dinheiro e aquele mimimi todo.

A incompetência para se administrar um clube de futebol na Série B do Campeonato Brasileiro é até compreensível, visto o histórico de erros. Mas burrice como essa, não tem como aceitar.

Portanto senhores Ricardo Fonseca e Armando Desessards, dia 16 de julho de 2016 queremos o estádio Bento Freitas liberado para a partida contra o Vila Nova-GO. É obrigação. Saibam que em um dos maiores momentos da história do clube, vocês cagaram com tudo.

A torcida do Brasil irá cobrar essa data. Portanto façam o que não fizeram até agora. Trabalhem.
Foto do post: Felipe Garcia Freitas

Um comentário em “Cadê o meu estádio, presidente?

  1. Roxo

    Barboza resumiu com perfeição e justeza o que acontece em relação a inépcia da direção do Clube e que deveria ser cobrado pelo Conselho Deliberativo. Parabéns. O problema é que os mensuradores de alma acham que esse tipo de crítica significa ingratidão ou falta de reconhecimento pelo que está sendo feito. Talvez a inspiração venha dos anacrônicos Comitês de Defesa da Revolução cubanos onde quem não está a favor de “la redentora”, está contra.

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