Diarreia – Ivan H. Schuster

É, meus amigos, não é fácil. Estamos vivendo um tempo de mudanças. Mudanças comportamentais. Estamos mudando a forma como expomos nossas idéias, nossos valores, a forma como interagimos com outras pessoas, como trocamos visões, opiniões e conhecimento.

Certamente a internet tem atuado como o grande veículo desta mudança. Não que tenha atuado na mudança de pensamento das pessoas, mas viabilizou que pensamentos, antes reclusos, fossem liberados para o mundo. Por exemplo, racistas, fascistas e homofóbicos sempre existiram. E em boa quantidade. Tenho certeza que todos conhecemos uma ou várias pessoas que se enquadram nestas definições. Até pouco tempo atrás, era difícil vermos pessoas defendendo essas ideias, pois teriam que fazê-lo em público, o que certamente geraria discussões e conflitos. Hoje essas ideias são expostas na internet, com a proteção e o conforto do computador. As vezes do anonimato. Posta-se qualquer coisa, desliga-se a máquina e pronto. Se alguém retrucar, é só excluir, bloquear ou mesmo nem dar atenção. Há uma falsa sensação de segurança e impunidade muito grande. E quando refiro-me a segurança e impunidade, não refiro-me a legal, mas a moral. Em como a sociedade enxerga você, através do que pensas.

O resultado desta “facilidade” na exposição de um pensamento e, costumeiramente, da crítica é que muitas pessoas perderam a autocrítica, a sensatez e a noção do ridículo. Expõem-se de maneira obtusa, grosseira, sem uma auto-censura e sem uma análise prévia um pouco mais profunda. Escrevem sem pensar. Agridem de forma gratuita. Expõem-se ao ridículo de forma desnecessária. Tenho certeza que 80% das opiniões e críticas que são postadas nas redes sociais não seriam ditas pessoalmente.

Meu conselho, se me permitem, pensem antes de escrever. O que irás postar é realmente necessário, vai acrescentar algo de valor à discussão, possui lógica, faz sentido, é realmente este o teu pensamento? Enfim, é desta forma que queres que as pessoas(o mundo) te vejam?

Não sou contra críticas, muito ao contrário, adoro uma discussão. Entendo que discutindo, expondo e defendendo visões diferentes, é que se descobre outras formas de enxergar uma mesma imagem. Há aprendizado e evolução. Mas uma coisa é discutir, defender pontos de vista. Outra, é a agressão gratuita, o ódio. Defender ideia é saudável, criticar e ofender pessoas é ruim. Se achas que a forma de alguém pensar não está certa, defenda o teu ponto de vista, mostra o que entendes por certo, mas não mate a pessoa. Um dia será a tua vez de ser questionado. A vitória sobre o corpo, obtida na força, pode ser rápida, mas é fugaz e passageira. A vitória sobre o pensamento, obtida com o diálogo, pode ser mais demorada, mas cativa a alma e é eterna.

Falo isso tudo, porque fiquei impressionado com o que li sobre o GEB nestas últimas semanas. Foi de arrepiar os cabelinhos da zona do agrião. Na verdade, entendo que há um grupo que nunca gostou do RZ e do Ricardinho, seja lá por quais motivos. Talvez por entender que não sejam competentes, por interesses próprios, por achar que criticar o fará parecer mais esperto ou, então, apenas por não gostar deles. O fato é que com quatro anos de crescimento contínuo fica complicado fazer oposição. Não se iludam, até os abutres pousam quando há falta de animal frágil no rebanho. Sempre atentos aos movimentos e a situação, alçam vôo e atacam na primeira oportunidade. Foi o que vimos neste início de temporada. Bastou um começo irregular e veio a pancadaria.

Alguns agressores são facilmente identificados como oportunistas. Pessoas que, por não possuírem luz própria, tentam sair das sombras roubando a luz de outro. Almas pequenas. Outros já conhecemos de longa data. São corneteiros tradicionais. O GEB estará disputando uma final de Libertadores frente ao Boca Juniors e estarão reclamando do passe longo, que faltam um 10 de ofício e um atacante matador. Almas aflitas, amargos. E, finalmente, um grupo maior composto pelos que vão na onda. Os comentaristas de resultado. Entendem nada, vão para onde o vento parece ir. Seguidamente, o vento vira e quebram a cara. São os que a cada início de ano dizem que iremos cair se não houver mudanças. Fracos, dignos de pena.

Entendo que o time é bom. Parece-me que o elenco é melhor, com mais qualidade técnica, que o do ano passado. O trabalho precisa ter continuidade, para as correções serem feitas e haver mais entrosamento. Não se monta um time em 60 dias. Até o Guardiola, considerado o melhor treinador da atualidade, com um time recheado de craques, tem passado por dificuldades. É preciso conter a angústia e apoiar.

Deixem o homem trabalhar. Torcedor, torce.

Abs.

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