Quando a resposta para todas as perguntas é “rubro-negrooô!”

Eu e mais 1.999 torcedores rubro-negros estivemos em uma arena no último domingo. Não era uma arena de verdade, como o Coliseu ou qualquer outro palco mortal, mas um grandioso estádio com dois telões e músicas de elevador.

Fizemos o máximo de barulho possível com os nossos tambores. Colocamos em palavras o nosso orgulho, principalmente com o belíssimo hino. Também aplaudimos o esforço de nossos jogadores e gritamos o nome de Pitol após a sua falha – uma exceção para o melhor jogador da competição.

Cantamos para espantar o nervosismo, para tentar acelerar o tempo e, também, porque temos sangue tão vermelho quanto à nossa camisa. Entoamos “eu grito Brasil eu te amo, tu moras no meu coração”, mas também “vergonha, vergonha!”.

Um dos momentos mais emocionantes, que arrancou lágrimas de torcedores com 40 anos de cancha, foi a chegada dos mais de 25 ônibus (mais micro-ônibus e vans), no estacionamento do estádio rival. Na rua aplaudimos e cantamos aos Xavantes que chegaram com as excursões. Os iguais, apesar de diferentes, se reconhecem.

Enquanto isso dezenas de tricolores olhavam para nós. Acompanhavam, alguns pela primeira vez, uma torcida do interior que demonstrava, de forma espontânea, orgulho de suas origens e suas cores. O futebol interiorano, aliás, reage. Algo semelhante a espasmos, uma última reação antes da morte iminente.

Todavia a teimosia Xavante identificada ao longo do século é uma doença incurável; enfermidade que, apesar de combatida, contamina canchas de todo o Rio Grande; que, apesar de ampla dominação midiática, despedaça sem piedade perguntas clichês.

– Azul ou vermelho?

– Rubro-negrooô!

– Ah, mas quem preferes?

– Rubro-negrooô!

Quando o placar já apontava quatro gols a zero, milhares de gremistas levantaram-se de suas cadeiras confortáveis e auto reclináveis para olhar para nós. Com gestos indicavam que a final estava resolvida. Grêmio campeão. Não contavam, porém, que os nossos gritos fossem ressurgir mesmo assim. Novamente entoamos “eu grito Brasil eu te amo, tu moras no meu coração”. Gritamos “rubro-negrooô!”.

É sempre assim. Sempre foi assim. Desde 7 de setembro de 1911 o futebol gaúcho conheceu novas cores e o primeiro campeão. Foi quando surgiu, também, a resposta para todas as perguntas, sejam elas quais forem.

– Rubro-negrooô!

Estava sempre na boca de Marcola.

– Rubro-negrooô!

Domingo que vem, na segunda partida da final, novamente contra o placar, o tempo e todos:

– Rubro-negrooô!

Para todos os momentos de nossa vida, nos bons e ruins, sempre gritaremos:

– Rubro-negrooô, rubro-negrooô, rubro-negrooô!

Deixe um comentário