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Cadê o bom senso?

Por Marcelo Barboza

Podia estar aqui falando do bom início do Brasil no Gauchão 2018, do bom centroavante que parece que encontramos, da sensacional fase do Marcelo Pitol, mas não. Lá no fundo algo tem me incomodado muito, as tais arquibancadas móveis.

Quando parecia que a novela tinha se encerrado, tivemos um novo e indigesto capítulo no último dia 17 de janeiro, estreia no Gauchão contra o Juventude no Bento Freitas. Com a torcida na rua, tomando uma gelada e na expectativa pro jogo, começou um burburinho que os bombeiros não haviam liberado as arquibancadas móveis pro jogo. Poucos minutos depois se confirmou que a lotação máxima da Baixada seria de 5.200 pessoas. Soava como inacreditável entre nós torcedores.

Bom, vamos lá. Partimos do princípio que o Brasil possui sua parte de culpa em toda essa novela das arquibancadas móveis, desde o primeiro parafuso que começaram a montar, isso não resta dúvida. E é certo que eu vou falar de coisas aqui que desconheço à fundo, mas azar. Beleza. Vamos analisar a outra parte da novela, o corpo de bombeiros.

Sabemos de tudo que já aconteceu para o Brasil poder jogar no Bento Freitas nos últimos anos. Nós torcedores temos calafrios ao ouvir as palavras “PPCI” e “vistoria”. O Brasil penou até chegar à essa estrutura que está instalada na arquibancada pelo lado da Juscelino e parte da João Pessoa, à direita das cabines de rádio. Foram quinhentas vistorias, tivemos que arredar tábuas um milimetro pro lado, pintar o corrimão de verde fosco cintilante das cores do oceano de Fernando de Noronha, pintar os acessos em amarelo caganeira, inúmeros testes de cargas e enfim termos as arquibancadas móveis liberadas pelo corpo de bombeiros. Vibramos a cada liberação como se fosse um gol. A que ponto chegamos.

Jogamos não sei quantos jogos com essa atual estrutura, com tudo bonito, alvarás em dia, sem mais vistorias, um luxo. Aí agora parece que trocou o comando do corpo de bombeiros em Pelotas, ou na zona sul, sei lá, algo assim. Aí simplesmente essas novas pessoas dizem não conhecer a famosa arquibancada móvel do Grêmio Esportivo Brasil e então não liberaram ela pro jogo com o Juventude. Dizem que existe uma nova legislação para arquibancadas desse tipo, que não conseguem definir se a arquibancada do Brasil é provisória ou permanente, que precisam analisar a documentação. Poxa vida, se a antiga corporação dos bombeiros havia analisado toda a documentação trocentas vezes e tinha liberado as benditas para os jogos, o que mudou de lá para cá? O QUE MUDOU??????????

Não tivemos nenhuma ocorrência com as arquibancadas nos últimos anos, NENHUMA. Ninguém caiu, ninguém se machucou, nada desmoronou. Será que a antiga corporação não tinha competência para libera-las e o novo comando está duvidando disso? Qual o motivo para não deixar as arquibancadas liberadas enquanto analisam a nova legislação, enquanto meditam pensando se a arquibancada é provisória ou permanente? Duvido ter alguma arquibancada, ou algo do gênero, que tenha sido mais vistoriada e cheio de fru-fru do que a do Brasil. Mas aposto quanto quiserem. Vale pro país inteiro.

Eu, leigo, e louco pra ver a Baixada lotada, vejo um excesso de zelo no tratamento do assunto. Só se ouve “estamos analisando a documentação”. Meu povo, essa documentação já foi analisado oitocentas mil vezes. Se a corporação mudou, a culpa não é do Brasil. É muito papo, entrevista e pouco bom senso. Quem vai pagar o prejuízo do Brasil por não ter a casa cheia? Quem vai explicar pro torcedor que não conseguiu ingresso que ele não vai poder ver o jogo?

A torcida do Brasil, o Brasil, o Bento Freitas, são patrimônios históricos da cidade de Pelotas. Hoje foram vendidos todos ingressos e novamente teremos torcedores do Brasil do lado de fora do estádio no jogo dessa quarta contra o Veranópolis. Me parece que NINGUÉM dá bola pra isso, nem mesmo o clube. A hora do clube de se impor nesse assunto já passou faz muito tempo. Na verdade não aconteceu por aquele sentimento de culpa que o clube sabe que tem.

Sei que não era hora de estar falando nisso, que esse assunto é um saco, mas eu to puteado demais com tudo isso.