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Alô Série C, chegamos!

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Torcida do Brasil comemora o acesso à Série C no Serejão. Foto: Blog Xavante

por Marcelo Barboza

Fiquei horas pensando no que escrever aqui e nada veio à cabeça. Ainda estou meio abalado com tudo que aconteceu nesse final de semana. Vira e mexe me encontro com os olhos marejados relembrando de alguns momentos vividos em Brasília. Seja dirigindo na rua, em minha mesa no trabalho ou em casa. A lágrima vem e a emoção toma conta. O que aconteceu em Brasília jamais sairá de minha memória e contarei à meus netos e bisnetos.

Não foi apenas um jogo de futebol onde o G.E.Brasil conquistou a vaga para a Série C do Campeonato Brasileiro. Toma emoção e raiva acumulada nos últimos anos foram extravasadas no Serejão, estádio do Brasiliense. Ano passado deixamos o inferno da segundona e esse ano jogamos um Gauchão quase perfeito. Mesmo assim faltava algo. Algo que nos foi tirado na mutreta do STJD, CBF e FPF em 2011. Lembrei do nosso Castelhano, que dizia que o Brasil tem obrigação de jogar competições nacionais pelo tamanho da torcida que possui. Lembrei de Belo Horizonte em 2009, do Acre em 2008 e dos anos que jogamos Gauchões para não cair. Lembrando de tudo isso, embarquei para Brasília no sábado a tarde com meu bruxo Thiago Nunes, com o qual dividi arquibancada em Itu e Palhoça e somamos seis pontos. Nos hospedamos no mesmo hotel que grande parte dos nossos amigos também estavam. Só deu tempo de chegar no quarto e descer para encontra-los. Compramos algumas cervejas para animar a conversa e começamos o pagode ali mesmo no hotel. O gerente do hotel, que filmava nossa bagunça, disse que enquanto ninguém reclamasse da nossa cantoria, poderíamos ficar ali. Pita arrebentando as cordas do banjo e Sid abraçado em sua cubana davam o tom. Lá pelas 23h o gerente apareceu, meio que contrariado, mas pediu para encerrarmos a bagunça. Carregamos as caixas de cervejas e nos abrigamos em uma pracinha perto do hotel. Lá o banjo e a cubana seguiram o baile. Com direito a volta olímpica e tudo. Nos imponentes prédios que rodeavam a praça, moradores abriam as janelas para olhar o nosso show. Tipo camarote. A polícia passou, sorriu e foi embora. Ali ficamos até às 3 horas da manhã.

Eis que o domingo chegou. O dia da decisão. A estação Concessionárias, em Águas Claras, foi tomada pela Xavantada. Uma coisa sem noção. Os seguranças do metrô filmavam e tiravam fotos daquilo que para eles era estranho e para nós tão comum de fazer, seja em Bagé ou Brasília. Invadimos. Três vagões foram lotados pela Xavantada com viagem direto no Serejão. É muita exclusividade. Nos arredores do estádio encontramos o pessoal que foi de busão, de Pelotas. Esses merecem todo o nosso respeito. Lá encontrei o Cristiano, vulgo Xirequi, um grande bruxo. Além da cara de cansado, dava pra ver o nervosismo dele. Ali encontrei outros vários amigos. E entre eles o Daniel Brahm, o homem do “toma seus merdas”, o meu ex-colega de ETFPel e parceiro de Blog Xavante. Enfim nos encontramos em um jogo do Brasil. Ali ficamos tomando uma gelada e curtindo os trinta e poucos graus e a baixa umidade de Taguatinga.

Entramos no estádio e recebemos a notícia que tínhamos cerveja à nossa disposição na Copa. Daquelas, com álcool, tá ligado? Ali eu vi que o domingo seria nosso. O jogo começou e o Brasiliense começava melhor. E rapidamente eles abriram um a zero com o Luiz Carlos. Achei cedo demais para levar um gol. Mas tudo bem, ainda estava no início. Mas ai o Luiz Carlos fez mais um e veio na nossa cara bater no peito e falar que ele quem mandava ali. Vontade de matar aquele gordo maldito. Quadrado que nem o Bob Esponja. Enquanto eu bufava de raiva, Alex Amado deixou o Nena pifado e ele guardou. Fui da raiva ao delírio em segundos. Isso é louco demais. Confesso que me faltou ar no intervalo, minutos depois do gol do Nena. A euforia foi ao extremo e não tenho mais idade para isso.

Na segunda etapa fiquei em pé atrás das arquibancadas, espiando o jogo e rezando para não irmos para os pênaltis. Nunca havia visto o Brasil ganhar uma disputa de pênaltis. A Copinha de 2007 e o Olímpico de 1996 vinham em minha cabeça. Quando o Martini defendeu aquela cabeçada do Luiz Carlos aos 43 do segundo tempo eu tive duas certeza, que aquele dia seria nosso e que quase me caguei. Já tinha aceitado os pênaltis. Xirequi, Vanessa, Bruna, Fura e Léo B preferiram não assistir aos penais. Ficaram de longe olhando pra mim e eu, no auge do meu apavoramento, ia informando a eles o que acontecera. Comecei com a má notícia do pênalti perdido pelo Nena. Depois quase me mataram quando o Martini defendeu um pênalti mas a bola entrou. Sai vibrando achando que ele tinha defendido. Mas tive que dar a má notícia novamente. Quando ficamos pela cobrança do Forster, quatro deles já estavam jogados no chão e apenas o Xirequi aguentava ficar em pé. Forster ajeitou a bola e eu me abracei em um senhor que estava sereno como um áureo-cerúleo de férias. Ele disse pra eu ficar calmo que o “Alemão” não ia errar. Forster partiu, para mim em câmera lenta, e guardou. Virei para trás e os cinco me olhavam. Depois disso lhes confesso que pouco lembro do que aconteceu. Lembro apenas de sair correndo, abraçar o Xirequi e quando me dei conta já havia descido toda arquibancada e estava aos prantos na tela. Ali eu vi que não era apenas eu que estava aos prantos, a comoção era geral.

O sentimento de felicidade, misturado com alívio, tomava conta de todos. Aproveitamos para comemorar e agradecer aos nossos guerreiros.

Ali, uma fase negra, que já havia se afastado, foi para longe para nunca mais voltar. O trauma dos pênaltis foi para as cucuias. Podemos extravasar todos os anos de angústia que essa torcida tinha vivido. Após toda a comemoração no estádio, voltamos à estação de trem e retornamos ao hotel. De lá saímos para jantar, bem mais leves do que quando chegamos à Brasília. A felicidade e tranquilidade eram visíveis no rosto de cada um de nós. Enfim, podíamos voltar para casa felizes, mais leves e na Série C.

Abaixo um pouco do que foi o jogo em Brasília. Amanhã postaremos o material sobre a festa na recepção da delegação e tudo mais que envolveu esse final de semana inesquecível.

Aproveitem e se emocionem novamente.

Um abraço, Marcelo Barboza.

VÍDEOS

Compacto Blog Xavante

Melhores momentos TV Brasiliense

Reação da torcida aos pênaltis

ÁUDIOS

* cedidos pela Rádio Pelotense AM

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