Arquivo da tag: Burro

O burro rugiu – Ivan H. Schuster

Vamos por partes, diria Jack, O Estripador. Primeiro, o que deve vir em primeiro.

Corneteiros, redimi-vos, pois ainda é tempo. A humildade é uma característica que somente os grandes de alma possuem. Provem sua grandeza espiritual. Desapeguem-se da luxúria. Ajoelhem-se, ergam as mãos aos céus e clamem por perdão aos deuses do futebol. Vocês estão vivendo em pecado. Foram injustos, cruéis, amargos. Arrependei-vos, enquanto suas almas ainda podem ser salvas. Sim, isto mesmo, vocês entendem é nada de futebol. São fracos, homens de pouca fé, corneteiros!

Ouvi muita coisa esta semana, li outras tantas. A maioria, teses imensas sobre as causas, consequências e as propostas de soluções fantásticas sobre os por quês de o GEB não vencer no Campeonato Gaúcho de 2016. Entretanto, a principal causa, a mais simples e óbvia de todas, poucas vezes foi falada. É campeonato de primeira divisão, companheiro. Não é copinha, não é segundona. É competição com o que tem de melhor no futebol do nosso estado. Tem que ralar, a vida é dura. Não tem galinha morta e já depenada para fazer canja. Tem que correr atrás e fugir do galo.

Das inúmeras bobagens que ouvi, três me chamaram mais a atenção e merecem destaque neste momento de euforia. Não dá para deixar passar sem comentar ou correremos o risco de, amanhã ou depois, frente a uma nova apresentação sem o sucesso desejado, voltarmos a ouvir toda a ladainha novamente. A estupidez, se não combatida, eterniza-se. Até porque, meu ouvido não é penico para ficarem enchendo com tanta porcaria.

A primeira delas é que o time está velho, arrasta-se em campo. Precisamos urgentemente de atletas novos, para termos mais fôlego. Preconceito puro. Atraso total. Foi-se o tempo que um jogador de futebol parava de competir em alto nível aos 32 anos. Não são raros os exemplos de atletas que vão bem mais adiante. Isto em times que participam de competições internacionais. O time Xavante atuou quarta-feira última, com um a menos, por quase dois terços do tempo e frente a uma equipe jovem, muito jovem. Nossos guerreiros correram muito durante todos os noventa e tantos minutos. Hoje, fechando três dias, fomos para um clássico e, novamente, correram os mais de cem minutos de duração do espetáculo, sendo que alguns destes minutos com um – e depois dois – a menos em campo. Cansados, abatidos, velhos? Velhos são os conceitos que estes corneteiros do apocalipse tem sobre futebol. João Beschorner é o nome do cara responsável pela saúde dos nossos guerreiros. Parabéns a ele pelo trabalho executado na preparação física. Não é todo clube que pode contar com um profissional com esta qualidade.

Em segundo lugar, a avaliação supérflua, rasa, mesquinha e sem conhecimento que fizeram sobre atletas a quem deveriam estar incentivando e apoiando. Como exemplo, citarei apenas dois: Galiardo e Xaro. Jogaram muito. Galiardo, então, foi perfeito. Aos que condenaram a sua escalação para hoje, digo-lhes: quebraram a cara. Iria sugerir que se redimissem, reconhecendo que foram injustos e cruéis, quem sabe até que pedissem desculpas. Mas aí seria querer demais. Corneteiro que se preza jamais reconhece o erro. Ficam quietos, recolhem-se, disfarçam, mas jamais reconhecem ou, sequer, comentam suas cornetadas frustradas. O outro malhado incessantemente foi o Xaro. Coitado. Foi escolhido como responsável até pela alta do dólar e queda do preço do petróleo. Mais um pouco, iriam solicitar ao juiz Sérgio Moro detê-lo para investigações da Lava Jato e, com isto, evitar de ser escalado. Atuou muito bem. Apoiou com frequência, como sempre, e marcou com força e repidez, recompondo a marcação até quando, em alguns lances, ficou sozinho com dois atacantes adversários. Sim, corneteiros, Galiardo e Xaro são muito melhores do que seus rasos conhecimentos permitem entender. Aceitem que dói menos, vocês não entendem de futebol, são apenas corneteiros.

Por fim, o RZ. Cheguei a ouvir que deveria sair do GEB, que seu tempo já passou, que renovar é preciso, que havia perdido o controle do vestiário e blá-blá-blá e mais um pouco de blá-blá. Até intervenção no departamento de futebol chegaram a cogitar. Meldeuz! Não irei nem comentar. A falta de noção, de lógica, de bom senso e de inteligência é tanta, que não vale a pena cansar os meus magros dedos teclando respostas. Só irei deixar registrado, que hoje, no Rio Grande, um burro rugiu, um leão calou-se e fez-se silêncio, pois as cornetas silenciaram.

Abs.