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Continuidade – Ivan H. Schuster

Que momento! Barcelona e Manchester United perderam em casa. O time catalão ainda teve o agravante de perder para um time formado as pressas por jogadores emprestados de outros clubes. Uma espécie de Sindicato dos Atletas com grife. O Leicester, a grande sensação do ano passado, tomou 4 do Liverpool. Borussia Dortmund, eterno favorito a vice nacional, perdeu fora de casa também. O Chelsea, a duras penas, conseguiu um empatezinho fora de casa, frente ao modesto Swansea, depois de estar perdendo por 2×1. Olhando os resultados paralelos, até que o nosso empate frente ao Paysandu, não foi ruim.

Muito ouvi que os demais resultados nos favoreceram. Acho que não. Acho que o nosso resultado favoreceu aos demais. Tivéssemos ganho, teríamos dado uma desapegada da zona de baixo. Zona de baixo?, perguntarão os menos iniciados. Sim, a zona de baixo do G4. Que delícia. Chorem secadores, redimam-se corneteiros. O esquadrão Xavante está no G4.

Há uma discussão em pauta sobre o que é melhor, ficarmos na Série B ou subirmos para a Série A. No meu entendimento, ter um melhor padrão de vida sempre é melhor, mesmo que temporariamente. Prefiro ser um rico com saúde do que ser pobre e doente. Se subirmos para a Série A – mesmo que aconteça um desastre que só acontece com os piores times do mundo, que seria ficar um campeonato inteiro sem vencer uma única partida -, o pior que aconteceria, seria voltarmos ao ponto onde estamos hoje. Ou seja, teríamos garantido mais um ano longe da Série C e ainda embolsaríamos uma quantia inimaginável até há poucos meses. Só por aí já dá para perceber o valor de subirmos mais um degrau.

Uma Série A em 2017 nos daria condições de preparar uma equipe forte de longo prazo. Com o dinheiro da TV, terminaríamos o Bento Freitas e teríamos condições de iniciar um novo projeto de montagem de uma base com atletas jovens para o futuro. Teríamos um ano inteiro, e dinheiro, para estruturar o clube e preparar um time para os próximos cinco ou dez anos. A Série A 2017, em si, pouco nos interessaria. Não almejaríamos nada a não ser a verba da TV, renda e patrocínios. Voltaríamos tranquilamente para a Série B em 2018, só que com um clube e um time melhor estruturados. Cresceríamos de forma sustentada, planejada. Claro, sempre correremos o risco do time seguir vencendo e continuarmos a subir. Libertadores 2018, atuar na Bombonera, enfrentar problemas com a altitude de Quito? Os secadores têm arrepios só de imaginar. Que sofram.

Sonhar é bom e o momento nos permite certos devaneios. Mas temos que manter os dois pés no chão. Não ajuda em nada nos acharmos a última bolachinha do pacote e começarmos a sonhar com excursões pela Europa, com torcida que mais cresce, maior estrutura do estado e tudo mais. Sabemos onde isto vai parar. Chegamos até aqui com humildade, com muito trabalho e dedicação, e assim devemos continuar.

Todo o nosso mérito está baseado em trabalho. O GEB, como instituição, como clube, como tamanho de torcida, está anos luz atrás dos nossos competidores atuais. Clubes como Ceará, Goiás, Paysandu, CRB, Náutico, Tupi, Vila Nova, etc., são muito maiores e com mais recursos do que nós. E nem citei o Bahia e o Vasco da Gama. Isto é o que tem que ser entendido. O que tem dado certo no GEB é a execução de um trabalho sério e continuado. Historicamente não somos Série B, estamos Série B. Para permanecermos neste grupo, só com muito trabalho, sem arrogância.

Alguém acredita, de verdade, que se tivéssemos trocado de treinador e dispensado mais da metade do time depois do fraco Gauchão, como a turma da corneta clamava, estaríamos na situação em que nos encontramos hoje? Falam muito que futebol é resultado. Falácia, papo de comentarista de resultado e de corneteiro. Para mim, nada mais falso. Futebol, no meu modesto entendimento, é planejamento, trabalho e continuidade. Exemplos não faltam, a começar pela atual seleção campeã mundial.

Abs.

Quando o laço aperta – Ivan H. Schuster

Que situação! Domingo passado, certamente, assisti a pior apresentação Xavante nestes muitos anos com o RZ comandando a equipe. Tomamos o que antigamente era chamado de “um totó de bola”. Os polenta comandaram o espetáculo. Para completar a tragédia, juiz não pode marcar pênalti de mão na bola, a nosso favor, em apresentação Xavante frente ao Juventude no Bento Freitas. Definitivamente, é proibido. E não se fala mais nisto.

Não vou entrar na discussão sobre o Xaro ou qualquer outro atleta. Por mais que se possa apontar falha do Xaro no gol, outros tantos falharam após a falha dele. Bem como, todo o time ficou abaixo da crítica. A verdade é que nossa apresentação foi pífia, com raros momentos de lucidez em lances individuais de um ou outro atleta.

Mais do que preocupado com as atuações do time em campo, estou realmente preocupado e angustiado com a forma com que esta fase ruim – sim, é fase, irá passar – está sendo explorada e entendida pela Torcida Xavante. Não consigo identificar – por questão de distância – o percentual de Torcedores Xavantes que defende que tudo deve ser mudado, que nada mais presta, que estão com certeza que, não havendo mudança radical, sucumbiremos. Homens de pouca fé.

Sabemos que tem uma turma que sempre entra em pânico e faz muito barulho e que, normalmente, são insuflados por uma mídia tendenciosa, rancorosa e vingativa. Não, não é paranóia. É fato. Sabemos bem a forma como um notícia negativa a respeito do GEB é repercutida e como são repercutidas as nossas conquistas. Ainda mais se compararmos com o andar de baixo da cadeia esportiva da cidade. Fazem a idolatria do fracasso, o ufanismo da mediocridade e possuem um incontido desejo pela depressão. Acabarão em suicídio.

O que acho estranho, é que um trabalho tido como exemplar, muito em decorrência das convicções existentes e da sua continuidade, seja desacreditado, de uma hora para outra, pelas mesmas razões. As pessoas que, até ontem, eram apontadas como sendo profissionais de sucesso e modelos a serem seguidos, passam a ser ultrapassados e sem condições de dar sequência ao trabalho. É a manchete fácil, acompanhada da análise rasa com as mesmas e velhas frases de impacto. É difícil aceitar que dá para apagar o fogo jogando gasolina sobre as chamas. Mas é o que querem vender como solução.

Muita calma nesta hora. Não sei a quanto tempo você que me lê acompanha o GEB. Como diria o Governador Brizola, eu venho de longe. Tenho seguramente mais de 4 décadas de bunda na laje da arquibancada, com chuva e sol, e acompanhando a equipe em muitas cidades pelo interior. Digo-lhes com absoluta certeza que este é dos melhores períodos que já vivi. Talvez equiparado somente aos anos de 84/85, com a ressalva que naquela época era muito mais fácil e barato fazer futebol.

Sim, estou muito seguro que a solução não está em chutar o pau da barraca. Nem ao menos vaiar o time. O que precisamos é tranquilidade e humildade. Aceitarmos que vivemos um período raro em nossa história e agora precisamos de um tempo para nos acomodar a esta nova situação. É sabido que nunca foi fácil para nós. Tudo o que conquistamos foi com muita luta, trabalho e sofrimento. A soberba nunca foi uma característica nossa.

Como bem disse o RZ em uma entrevista – e acho que ele deveria ser escutado mais e com mais atenção – nós não somos, ainda, Série B. Nós estamos Série B. Precisaremos de muito trabalho para conseguirmos nos afirmar nesta nova categoria. Passaremos por muitos momentos de altos e baixos. É assim que funciona. Não nos iludamos. Suportar a dor é preciso.

Então, o que entendo, é que, mais do que nunca, a diretoria, comissão técnica e time precisam do nosso apoio. Ser Maior e Mais Fiel nas conquistas é barbada. Sei até de uma torcida que se achava a que mais crescia em um raro momento de felicidade. O que separa os homens com brio dos covardes é a forma como se comportam quando o laço aperta no pescoço.

Domingo que vem o bicho vai pegar. Se tu não te garante como Torcedor para apoiar o time até o último segundo, que fique em casa. Certamente não fará falta.

Abs.