Arquivo da tag: Gauchão 2016

Tiveram que engolir sem cuspir – Ivan H. Schuster

Ufa! A minha sensação é a mesma de ter atravessado um oceano e conseguido chegar na praia, em terra firme e seca. Exausto, mas aliviado e orgulhoso. E vivo! O plano original era ter feito um cruzeiro, mas o navio naufragou já nos primeiros dias. Felizmente, tínhamos botes salva-vidas, o que nos permitiu prosseguir a viagem. Aí vieram as tempestades, mar revolto e o bote também se foi ao fundo. Tivemos que completar o percurso, primeiramente com bóia e depois a nado. Sofrimento. Bebemos muita água. Mas chegamos ao continente.

O difícil não foi o esforço. Nunca nos faltou determinação, dedicação e comprometimento. Como a travessia estava sendo televisionada – sim meus caros, na TV aberta e fechada ao vivo e a cores para o Brasil e o mundo – havia muita gente acompanhando, Xavantes e não Xavantes de todas as querências. Doeu ver gente nossa, amigos do peito, pessoas que nos acompanham desde sempre, tipo família, desacreditada no nosso sucesso.

Com os secadores estamos acostumados. Chafurdam no lodo fecal desde sempre. Matam moscas e se tem por heróis. Bordam múltiplas estrelas, com se o céu lhes pertencesse. Mas ao fim e ao cabo, sabem que tão cedo não desatolarão e que, ao invés do céu, o ambiente que lhes acolhe é o pântano lamacento nas trevas subterrâneas. Sempre nos invejaram e nos invejarão eternamente. Sonham em ter Torcida, em ser notícia nacional e, até mesmo, andar de avião. Nem que seja para comer o amendoinzinho vagabundo que servem. Se um dia alcançarem tal graça(esperem sentados), provavelmente guardarão o cartão de embarque e mandarão emoldurar para pendurar na parede, para mostrar aos amigos e parentes. Viram? Já andei de avião, dirão. Sorry, periferia. Chora.

Como eu dizia, o que machuca não são os secadores, mas os corneteiros. Sim, os de alma pequena, os de pouca fé. Aqueles que, mesmo depois de todas as conquistas, a qualquer sinal de dificuldade se desesperam, começam a gritar e a ter faniquitos. Chiliquentos. Gente que diz que acredita, quando deviam mesmo é confiar. Narrador, narra. Torcedor, torce. Simples assim.

Ouço que não temos time desde sempre. A cada nova competição o discurso é o mesmo. Falta um 10 habilidoso, o time é velho, só jogamos no chutão(certamente o gol frente ao Passo Fundo ou ao Inter foi de chutão), falta ligação entre o meio campo e o ataque, o RZ está superado(bom deve ser o PP), O Martini é mão de alface (lembram das vaias?), o Cirilo é tosco, e por aí vai … O discurso é o mesmo há mais de 100 anos. Provavelmente, um dia acertarão e irão dizer com o peito estufado “Eu não disse?”. Que rufem os tambores!

O problema, para os secadores e corneteiros, é que chegamos na praia. Cansados, esfarrapados, mas chegamos. Foram três anos seguidos com classificação. É pouco, eu sei. Comemorar isto chega a ser deprimente. Só que na nossa história recente, isto não acontecia. Aliás, não acontecia com nenhum time em toda a região sul do Estado. E estou falando apenas do Costelão. Nem vou mencionar a Séria B do Nacional para não machucar as prendas.

Que venha o Portoalegrense. Estamos preparados, como sempre. Vai rolar a festa. O favoritismo é deles, obviamente. Ainda mais com a definição do Vuaden para juiz. Sim, aquele mesmo que acha que é válido cortar a bola com a mão dentro da área, desde que seja contra o GEB. Mas não estou nem aí. Estou só pela cerveja e alegria. Vou para me divertir. Cantar “rubro-negro vem aí”, “avante com todo o esquadrão” e todas as demais canções deste espetáculo que é uma apresentação Xavante. O Xavante não joga, apresenta-se. Estou de sangue doce.

Mas se facilitarem …

Abs.

#Crise!

Antes de mais nada é preciso registrar que a imensa maioria da Torcida Xavante, apesar de angustiada, apreensiva e aflita, confia no trabalho que vem sendo feito pela comissão técnica e atletas Xavantes. É só conversar com os Torcedores para verificar isto. Claro que ninguém está satisfeito com a atual situação. Ficamos mal acostumados nos últimos anos. Entretanto, não significa que queiramos a substituição da comissão técnica e todas aquelas ações desesperadas e intempestivas que a mídia adora, pois gera venda, mas de pouco benefício para o clube.

Dito isto, concentro-me naqueles poucos, mas estridentes, que não conseguem conviver com situações adversas sem entrar em desespero. Fracos. Homens de pouca fé. Almas pequenas. Na verdade, minha preocupação não é exatamente com estes, mas a quem servem como massa de manobra. É sabido que o futebol acontece em um ambiente político, onde existem grupos com interesses e desejos diversos, muitas vezes conflitantes. Presenciamos isto diariamente. Pensando nisto, sempre me vem a questão: a quem interessa estabelecer uma situação de crise no GEB? Quem se beneficiaria com a desmantelamento de um projeto que vem dando certo? Bueno, não o clube e nem a enorme maioria da Torcida Xavante. Então, amigos e companheiros da geral do Bento Freitas(ah!, que saudade), muita calma nesta hora. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Já há algum tempo eu havia profetizado que bastariam alguns empates ou derrotas e os corneteiros voltariam com tudo. Corneteiro é corneteiro sempre. Nasce e morre corneteiro. Por vezes, forçadamente, hiberna. Contra a sua vontade, cala-se a espera do momento oportuno para soltar o verbo, criticando ferozmente e apontando soluções “óbvias” que só os “burros” da diretoria e da comissão técnica não enxergam. São incapazes de um elogio, por mais singelo que seja. Acredito até que vão ao estádio, não para torcer, mas para criticar. Passam todos os 90min procurando falhas, defeitos e problemas para apontar, para vaiar, para exigir enfaticamente soluções, que normalmente consistem em trocar tudo. Já vi corneteiro pedindo substituição de jogador antes mesmo da partida começar. Todos presenciamos o RZ já ser classificado de retranqueiro, mesmo com o time tendo o melhor ataque do campeonato. Coitados, devem sofrer. Pobres almas aflitas.

Não me entendam mal. Não estou dizendo que estes corneteiros sejam menos Xavantes, ou mais, que qualquer outro. Acredito, inclusive, que os corneteiros sofram muito mais com as derrotas. Tenho pena. A questão não é ser ou não Xavante, mas “como” se é Xavante, qual o entendimento do nosso papel como Torcedor Xavante, sócio e participante ativo na construção deste clube que todos amamos e queremos o melhor. Torcedor, torce. Corneteiro, sofre. Secador, chora.

Eu, por exemplo, entendo que não existe nenhuma outra comissão técnica mais competente e mais adequada ao GEB do que a atual. Dependesse de mim, assinaria um contrato por 10 anos com todos, chovesse ou fizesse sol. Certamente, durante este período haveriam momentos difíceis, de derrotas e frustrações, mas acredito que no médio e longo prazos teríamos mais a comemorar do que a lamentar. Perguntinha básica que não quer calar: não sendo o RZ, quem seria o técnico ideal para o GEB? Beto Almeida, PP, Suca, Lisca, Tite, Mourinho, Guardiola, …? Com qual destes, daria para afirmar com convicção e certeza, que teríamos melhores resultados dentro das condições financeiras e estruturais que dispomos? Sim, porque ficar experimentando, trocando tudo a cada temporada, já vimos que não funciona. Resultado, mesmo, preto no branco, obtivemos quando se definiu e implementou um modelo de trabalho de continuidade, com pessoas competentes e comprometidas com o clube. Simples assim. E os secadores, choram. Muito.

Ter convicção nas vitórias é fácil. Futebol é esporte coletivo e neste coletivo deve estar uma participação ativa da torcida, fazendo o papel que lhe cabe, torcer. E isto poucos sabem fazer melhor que a Torcida Xavante. Agora é hora de lotar o caldeirão e empurrar o time para frente.

Em tempo: pela primeira vez na vida assinei o PFC. Agora tenho motivo. Estou grandão.

Abs.

Migué | Ivan H. Schuster

Agora falta pouco. Menos de uma semana. Sim, estamos ansiosos para ver o esquadrão Xavante em campo. Este ano tivemos até um torneio de pré-temporada, mas não é a mesma coisa. Bom mesmo, é apresentação valendo. Ontem tive uma boa demonstração da falta que fazem as apresentações Xavantes em nossas vidas. Em um grupo de uma mídia social – uma destas coisas que não sabíamos serem indispensáveis, até serem inventadas – um dos membros começou a publicar imagens de recibos de entradas de apresentações Xavante do século passado. Pura síndrome de abstinência. Domingo de tarde, sol de rachar a telha, nada para fazer, … O negócio é ir revirar as gavetas em busca dos momentos felizes de nossa existência. E aí, é certo que tem Xavante no meio do caminho. Tem gente, coitados, que não tem história para contar. Se bem que alguns, não tendo história para contar, inventam.

Por falar em história, que tal esta da conta de luz do co-irmão? Que horror! Momento vergonha alheia. Fico pensando se tudo isto não passa de uma estratégia de marketing para divulgação da imagem do clube em nível nacional, já que no campo esportivo está difícil. Sei lá, nada mais me surpreende. Os caras já participaram de uma competição estadual sem vencer uma única partida; inventaram títulos; fizeram cai-cai, em pleno Minerão, na única vez que participaram de uma competição com clubes grandes do cenário nacional de fora do estado; divulgaram excursões pela Europa e nem sequer atravessaram o Mampituba; e, vivem falando em projeto, organização, patrimônio, diretoria executiva, etc. Vai ver, tudo é de caso pensado.

A cidade de Pelotas tem dois clubes de futebol conhecidos nacionalmente. Um, por sua história no futebol, pelas competições de que participa, pelos seus feitos registrados e inquestionáveis, completado por sua Torcida apaixonada, admirada por todos, invejada por alguns, mas igualada por ninguém. O outro clube, ficou nacionalmente conhecido pelos migués. Deve estar sendo muito difícil não ser Xavante em Pelotas. Antes era só infelicidade, agora acrescentaram a vergonha. Infeliz e com vergonha. Haja antidepressivo.

Gostei da pré-temporada Xavante. Não dos resultados, que são importantes, mas nem tanto, neste momento, mas das variações feitas em termos de escalação e tática. Não vi nenhuma das apresentações – O Xavante não joga, apresenta-se – mas pelo noticiado, os testes foram muitos. E se tem momento para fazer teste, este momento é agora, quando ainda é possível ensaiar e corrigir possíveis distorções. Depois será só estrada, hotel e apresentações. Vida difícil e corrida que só clubes que participam de competições importantes têm. E pensar que em 2017 ou 2018 poderemos estar na Libertadores. Está bem, forcei.

Entendo muito pouco, ou nada, sobre táticas e estratégias de um time de futebol. Acredito que meu papel é torcer. Se eu for considerado um bom torcedor, estou satisfeito. E, como todo bom torcedor, sou palpiteiro. Neste contexto, gostaria de ver o time Xavante atuando com: Martini, Wander, Teco, Camilo e Brock; Washington, Leandro Leite, Marcos Paraná e Diogo Oliveira; Ramon e Nena. Como opções de variação: Moisés, Galiardo, Felipe Garcia e Cléverson. Por exemplo, entrando o Moisés e saindo o Nena, passando de um 4-4-2 para um 4-3-3, extremamente rápido e sem centro-avante fixo.

Enfim, não aguento mais. Que chegue o domingo.

Abs.