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Eu tenho um sonho | Ivan H. Schuster

Há mais de 50 anos, mais precisamente em 28 de agosto de 1963, Martin Luther King discursou em Washington D.C. sobre a liberdade, os direitos civis e, principalmente, a necessidade de haver igualdade entre brancos e negros. Este discurso público é considerado como sendo o melhor discurso do século XX feito nos EUA e ficou popularmente conhecido como “Eu tenho um sonho”(do inglês: “I have a dream”).

Longe de qualquer comparação com Martin Luther King, eu também tenho um sonho. Sonho este que tenho sonhado durante décadas. Para dizer bem a verdade, tenho sonhado durante toda a minha existência e um pouco mais. Embora muito menos ambicioso e, certamente, de menor relevância e significado para a humanidade, este meu sonho é, ao meu ver, bem mais factível.

Meu sonho é ver o GEB estabilizado econômica e financeiramente como clube e estar entre os 30 maiores clubes do Brasil. Isto mesmo. Não sonho em participar da Libertadores, ser campeão da Copa do Brasil e nem mesmo ser um dos grandes da Série A, embora uma eventual participação nesta competição possa acontecer algumas vezes. Meu sonho, simplesmente é ver o GEB na Série B do Campeonato Brasileiro, disputando uma posição entre os 10 primeiros colocados. Simples assim.

Já estivemos algumas vezes por subir para a Série B e batemos na trave. Ainda tenho entalado na garganta a derrota para o Rio Branco no Acre. Talvez esta tenha sido a minha maior frustração como Torcedor Xavante. Agora estamos nos aproximando novamente de uma nova chance, clara e real, de atingir este objetivo. Não tenho como não voltar a sonhar. Mais do que sonhar, não tenho como não acreditar neste meu sonho, e que acredito seja o sonho de muitos de nós.

Fico aqui pensando como será que os nossos atletas sentem-se neste momento. O que pensam? É certo que não possuem as nossas aflições e angústias. São profissionais. Estão ali para realizar as tarefas para as quais se capacitaram e recebem sua justa remuneração, tal qual qualquer um de nós em nossos trabalhos.

A diferença entre os atletas e nós, torcedores comuns, está na arquibancada. Não temos arquibancadas em nosso local de trabalho ou estudo, cheia de gente angustiada, nervosa, esperançosa, vibrante e torcendo pelo nosso sucesso. Pessoas que choram, sofrem e, até mesmo, desesperam-se quando não vamos bem, mas que se enchem de luz e felicidade quando atingimos nossas metas. Gente que muitas vezes vai além de suas condições, só para assistir ao nosso desempenho profissional.

Nós, Torcedores Xavantes, poderíamos ter escolhido qualquer clube para torcer. Qualquer um mesmo. Por exemplo, Bayern de Munique ou Barcelona. Ou, então, um Santos, Flamengo ou Corinthians. Seria muito mais fácil. Teríamos certeza que de tempos em tempos seríamos campeões de alguma coisa. Ostentaríamos nossos títulos, nos orgulharíamos de nossos estádios magníficos e dos jogadores de seleção do nosso plantel. Mas nada disto nos atraiu. Escolhemos, ou fomos escolhidos, sermos torcedores do Grêmio Esportivo Brasil. Escolhemos ser Torcedores Xavantes. Um clube pequeno, com todos os problemas decorrente desta situação, mas que tem em cada um de seus Torcedores uma pessoa feliz e orgulhosa de pertencer a esta tribo, a Tribo Xavante.

Não sei o quanto desta nossa história secular por um lugar ao sol os nossos Guerreiros Xavantes conseguem entender; quanto da emoção que sentimos ao vê-los entrar em campo conseguem sentir; enfim, quanto do nosso sonho conseguem sonhar. Mas o certo é que sábado, estando presentes ao Bento Freitas ou não, estaremos todos torcendo e incentivando para que atinjam o seu nível máximo de eficiência, que lutem a boa luta, pois disto dependerá a realização deste sonho tão sonhado.

Rubro-negro vem aí!

Abs.