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A incrível história de Mogli – Ivan H. Schuster

Primeiramente, fora Temer!

O que passo a relatar a seguir, aconteceu em um futuro muito distante, mais precisamente no dia 7 de setembro de 3011.

O mundo já não é mais o mesmo como outrora fora. As guerras, sempre patrocinadas pelo capital, mas disfarçadas de motivos religiosos, diferenças etimológicas ou outra razão qualquer, haviam dizimado com muitos territórios e, até mesmo, nações inteiras. O que sobrou, foi devastado pela poluição e pelas mudanças climáticas significativas, decorrentes da ganância e do descaso. Muita gente morrera. O preço foi alto, mas hoje não há mais guerras. Os poucos sobreviventes entenderam que o planeta é um único para todos. Não existe o meu planeta ou o teu planeta, mas o nosso planeta. Pena que pouco restou a ser cuidado.

Decorrente de todo o maltrato imposto pela estupidez e ambição do homem, a natureza buscara seu ajuste. O clima havia sofrido mudanças bruscas, indo de um período secular de calor intenso a uma nova era glacial. Quase tudo é gelo, inclusive grande parte dos oceanos estão congelados. As cidades são envoltas por uma espécie de bolha térmica, que ao mesmo tempo que mantém uma temperatura amena constante, protege as pessoas da radiação solar e atômica, dos vírus, das pestes, do ar poluído e todo o ambiente hostil à vida humana que restou.

Vivemos tempos de alta tecnologia. A civilização – aqueles que possuíam condições financeiras – foi encontrando seus meios de sobrevivência e evolução. O trabalho braçal é praticamente inexistente. Há pouco trabalho a fazer. Máquinas computadorizadas tomam conta de quase tudo. As pessoas gastam seu tempo com atividades culturais e esportivas, entre elas o futebol.

A cidade onde ocorreram os fatos que vos narro, é um local pacato. Assim como em muitas outras localidades, o que restou do passado foram os times de futebol, hoje clubes milenares. Mesmo nos tempos mais difíceis, o velho esporte bretão havia resistido. Já em tempos remotos, as guerras haviam sido substituídas pelos campeonatos de futebol. Como a Rede Globo havia quebrado muito antes das guerras começarem, o futebol havia evoluído, tornando-se, de fato, um esporte popular e atrativo a todos. Os clubes também haviam crescido e se tornado parte integrante das comunidades as quais pertenciam. Enfim, ser Xavante, ainda é muito bom.

Agora senta que lá vem a história.

Pois, nesta cidade de nome Pelotas, a população estava em polvorosa. Corria a notícia que o corpo de um menino havia sido encontrado nas proximidades da cidade. Um grupo expedicionário havia encontrado o garoto, congelado, em uma espécie de cabana feita dentro de um morro, deitado em uma cama, como se estivesse dormindo.

Alertados pelos expedidores, cientistas forenses dirigiram-se ao local para analisar a situação. Após exames sofisticados e complexos, e muita pesquisa nos registros históricos, concluíram tratar-se de Mogli, um jovem rapaz desaparecido há quase 1.000 anos. O mais incrível, estava vivo. Estudos revelaram que o jovem havia sofrido uma forte depressão e teria entrado em coma profundo. Posteriormente, teria alterado este coma para um estado de hibernação. E, assim, encontrava-se há quase 1.000 anos.

Entretanto, concluíram os cientistas, amparados pelas leis atuais, que primam pelos direitos individuais, nada poderia ser feito. Analisando melhor o local, haviam encontrado um bilhete, escrito pelo próprio Mogli, onde lia-se “Acordarei quando o Lobão voltar para a primeira divisão.”

A vida é dura, companheiro.

Abs.

Seguraram o pum | Ivan H. Schuster

Seguraram o pum

Já dizia o Barão de Itararé(vai no Google e procura quem foi), “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”. A negativa do clube da avenida em nos alugar o salão de festas para as competições deste ano, confesso, deixou-me abismado, boquiaberto, surpreso, horrorizado. Já vi muita coisa nesta vida. Vi gente discursando contra as drogas, enquanto saboreava um bom uísque; Vi político ser eleito devido a sua biografia e pelas posições assumidas ao longo de sua carreira e, depois de eleito, pedir para esquecerem tudo o que havia dito; Já vi presidente dos EUA ganhar o Nobel da Paz; Já vi banqueiro reclamando da crise econômica; Já vi até gente matando gente, cada um em nome de seu deus, o qual diziam ser bom e cheio de amor. Vi tudo isso e muito mais. Até hoje só não havia visto duas coisas: alguém comer merda e nem rasgar dinheiro, porque nem louco é burro. Agora só falta a primeira ou a segunda ou nenhuma, sei lá. Acho que nada mais me surpreende.

A questão não é o alugar ou não alugar. Cada um sabe o que é melhor para si. Fez-se uma oferta e não aceitaram, ponto. Normal. Negócio é negócio. O que me impressiona são os motivos alegados, ao menos as razões divulgadas e comentadas. Por exemplo, um membro da diretoria do GEB fez piada quando da outra vez que nos alugaram; por sermos adversários; por lotarmos o estádio unicamente com nossa Torcida, o que nunca conseguiram e nem irão conseguir tão cedo; porque iríamos urinar no banheiro deles; porque somos feios, sujos e bobalhões; enfim, razões tão importantes e cruciais quanto ter vergonha de soltar um peido, quando é sabido que se está cagado. Argumentos fúteis, pífios, infantis. Não vou brincar de carrinho contigo, porque o teu carrinho é mais bonito que o meu(fazendo beicinho). Credo!

E falam em profissionalismo. Profissionalismo não é terceirizar a gestão do clube, mas tomar atitudes, agir, de forma profissional, racional e não passional. É pensar com serenidade antes de agir e não agir por impulso, cheio de bravatas. Se os valores que foram divulgados – R$ 600 mil, mais R$ 6,00 por torcedor que exceder 100.000 presentes na temporada – forem verdadeiros, digo-lhes, vai fazer falta. E muita. Seiscentos mil no ano, é uma receita difícil de conseguir até para clube de primeira divisão estadual e participante da Série B do Campeonato Nacional. Nós sabemos disto. Estamos lá. Para um clube de segunda divisão do Gaúcho, sem torcida e sem expressão sequer na própria cidade, podem anotar, é impossível conseguir. Nem o Diabo pagará isto por suas almas. Ficarão atolados eternamente no próprio excremento. Terão que comer o que vomitaram.

O GEB será prejudicado, enfrentaremos ainda mais dificuldades, piorará a nossa já atribulada vida? Certo que sim, não resta a menor dúvida. O caso é que para eles também não está nada fácil, nem um pouquinho. E esta oportunidade era uma porta de saída. Se não uma certeza, pelo menos uma boa chance de vida. É sabido que estão quebrados – até conta de luz em nome de jogadores fazem – e a competição que têm pela frente é dificílima. Só um sobe e a concorrência é forte. Ano passado estavam melhores e deu no que deu. Daqui para frente, só piorará. Pelas notícias, os concorrentes estão se preparando fortemente. Caxias, São Luiz, Esportivo, Riograndense/SM, Avenida, Santa Cruz, Brasil-Fa e outros tantos não estão de brincadeira. Já pelos lados da avenida, o que mais li foi de jogador saindo, desistindo, reclamando pagamentos devidos, etc. Seiscentos mil no ano, trazido para o período da competição, daria uma mensalidade de mais de cem mil ao mês. Não é pouca coisa. Daria para custear um belo plantel e financiar um estrutura que poderia ser decisiva. E será decisiva, só que agora no sentido inverso. Foi-se a carreta com os bois.

Sugiro que os verdadeiros torcedores áureo-cerúleos, aqueles que realmente desejam ver o seu clube voltar à vida e que preocupam-se com o seu bem estar ao invés de ficar invejando os demais, escrevam os nomes daqueles que não aceitaram a proposta feita pelo GEB e deixem a lista afixada em local bem visível, um local de acessos a todos. O futuro os julgará. Acredito que seja útil, ainda este ano, quando tiverem que explicar para os jogadores e comissão técnica o por quê de não terem dinheiro para pagar os salários devidos. Pelo menos saberão na porta de quem devem bater.

Enfim, vamos em frente. Não será a primeira vez que enfrentaremos desafios terríveis. Esta é a nossa história, este é o nosso carma, lutar para sobreviver. Confio na nossa diretoria e na força de nossa Torcida, A Maior e Mais Fiel do Interior do Estado do RS. Olhemos para o amanhã, pois o dia de ontem é passado.

Avante, Xavantes!