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Sempre! | Ivan H. Schuster

Houve um tempo em que sofríamos muito. A cada apresentação era um novo sofrimento. Independente de adversário, ficávamos satisfeitos com o fato de não termos sido derrotados. Orávamos para não perder. Tempos difíceis. Não havia sol, habitávamos as trevas, e nossa alma ardia em desespero. Trágico, triste, dolorido, humilhante, traumatizante, desesperador. Habitávamos o sub do sub-mundo do futebol. Um local tão degradado que os deuses do futebol nem sabem que existe. Terra de ninguém. É cada um por si e ninguém por alguém. Ouvi falar que, ainda hoje, seres mesquinhos e horripilantes continuam por lá. Pobres almas. Ou não. Que chafurdem.

Quem começou a acompanhar o GEB há uma década, não tem idéia do que se passou em um passado não muito distante. Anos 70, década de 90, início dos anos 2000. Se a dor ensina a gemer, soubemos gemer como poucos. Nossa luta era injusta. Lutávamos sem armas, de peito aberto, frente a exércitos muito bem aparelhados. Se bem que, a bem da verdade, por vezes, para a incredulidade de alguns, até vencemos algumas batalhas. Nestes escassos momentos, até as cornetas, por breve instante, silenciavam.

Mas lutar não é para fracos. Não falo em fraqueza de força física ou financeira, mas fraqueza de espírito. Tínhamos a alma sofrida, mas nunca deixamos de tê-la. Parece até que quanto maior a dor, maior a alma ficava. Mais crescia e se fortalecia. Talvez, uma forma de abrandar tanto sofrimento. E assim fomos ficando cada vez mais resilientes a dor, as desilusões e a um aparente interminável sofrimento. Quanto mais sofríamos, quanto mais apanhávamos, mais duros e resistentes nos tornávamos. E lá íamos nós, transformar um estádio simples e velho, em um caldeirão de paixão e emoção. Puro sentimento. Apesar de todas as adversidades, ao longo dos anos fomos transformando tijolo e cimento no “mais humano” dos estádios. Nunca, em momento algum, deixamos de ser “A Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do Estado”, a Torcida que tem um time.

Pausa.

Neste ponto do texto os mimimi chegam a soluçar de tanto chorarem. A inveja é uma merda.

Fim da pausa.

E agora cá estamos nós, posicionados entre os três melhores times do estado e entre os quarenta melhores do país. Calendário cheio para o ano todo e transmissão ao vivo de todas as apresentações. Não é pouca coisa. É nóis no PPV. É para fazer os mimimi se roerem de inveja, chorarem muito, estejam eles onde estiverem. E nem quero saber onde estão. Que fiquem por lá, chorando.

O ano de 2016 promete muito. Teremos grandes desafios. Conseguiremos suplantá-los? Quem pode garantir? Não há como afirmar. Só o que podemos dizer é que viemos de longe e soubemos o difícil caminho percorrido. Se por ventura, um dia, cairmos na estrada e tivermos que voltar para trás, não desistiremos. Levantaremos, respiraremos fundo, tiraremos o pó das calças e retomaremos nosso caminho para frente, pois nunca abriremos mão de tentar avançar. Resistiremos, como sempre. E caminharemos sempre de cabeça erguida, sem invejas, sem rancores e sem devaneios. Somos o que somos e sabemos bem o nosso valor. Temos luz própria. Não precisamos viver à sombra de outros. Cultivamos nossas tradições. Temos orgulho da nossa história. Não temos medo da derrota. O que nos envergonha é não tentar. Nada nos tirará a alegria de cantar, pular, festejar, torcer e lutar ao lados dos nossos guerreiros, pois Xavantes é o que somos.

Rubro-negro vem aí!

Abs.