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Sem jeito – Ivan H. Schuster

Perdemos. Não foi uma derrota arrasadora, um fiasco total, mas foi uma derrota. Não há como negar. Pegou mal porque foi para o último colocado na tabela. O primeiro perdeu para o último. Não era o esperado. Mas é do futebol. Pelo que ouvi no rádio, não fizemos uma apresentação de toda ruim. O time do Guaratinguetá chutou uma bola e marcou. Bateu em sei lá quem e desviou do Martini. Vi pela internet o gol de empate feito pelo Diogo Oliveira. Um gol bonito. Chute de fora da área, colocado no cantinho. Merecido, tem atuado muito bem. O segundo gol do Guará foi semelhante ao primeiro. Um chute com bola desviada do nosso goleiro. Tem dia que parece noite. É duro, mas é da vida. Foi-se a virgindade.

O problema em si não foi a derrota. Perder faz parte. Quem fica na sombra pode se molhar, ou algo assim. Só na nossa chave, tem outros nove times que gostariam de ter perdido para o Guaratinguetá, mas estarem na posição em que nos encontramos. Fora aqueles outros, que não posso dizer o nome porque dá azar danado, que não estão nem perto de estarem disputando uma competição nacional. Ficam por aí, vagando entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Mais pelo mundo dos mortos, na verdade. Salvem as baleias, porque os lobos não há mais como.

O problema, mesmo, é que estou perdido. Assim, meio sem jeito. Não sei como me portar. Ando de um lado para o outro, sem saber bem certo o que fazer, o que sentir, o que pensar. Faz tanto tempo que perdemos, que me esqueci de como agir. Tentei ficar revoltado, xingar o treinador ou algum jogador, colocar a culpa no preparador físico ou, até mesmo, chamar o diretor de futebol de burro e o presidente de ladrão. Não deu. A consciência pesou. Senti-me mal. Tive, então, a idéia de me deprimir, chorar, sofrer, ficar angustiado, mostrar ao mundo todo o tamanho da minha desgraça. Mas olhei a nossa posição na tabela e a posição que os Polenta ficaram – com a nossa colaboração – e não consegui ficar, sequer, sentido. Confesso-lhes que até sorri. Na verdade, gargalhei. Ah, maravilha. Chorem!

Domingo que vem, às 19h, teremos mais uma apresentação Xavante na Baixada. Uma apresentação esperada, frente aos Polenta e a torcida da turma da Xuxa. Aqueles que fazem coreografia batendo palminha e dando pulinhos. Umas gracinhas. Devem lotar um Fusca, se a diretoria contribuir. Para completar a noite, com a esperada a liberação das arquibancadas provisórias, deveremos ter lotação máxima, com um público certo de mais de 8.000 almas agraciadas por terem nascidas Xavantes. Vai ser um espetáculo e tanto, podem apostar. Quem viver, verá.

Pronto, já estou bem melhor. Já estou animado. É bom ser Xavante!

Abs.