Arquivo mensais:abril 2014

Ser ou não ser

Tenho acompanhado com alguma atenção a discussão a respeito do público(a falta de) nos estádios brasileiros. Mais precisamente a opinião dos comentaristas esportivos do canal ESPN. O fato concreto e irrefutável é que o público nos estádios brasileiros é pífio, ridículo e vergonhoso, seja em que campeonato for. A quarta divisão do campeonato inglês possui uma média de público muito maior do que a primeira divisão do campeonato brasileiro. A exceção, que confirma a regra, fica por conta dos campeonatos no Nordeste, onde frequentemente os estádios apresentam um público um pouco melhor.

Exemplos não faltam. No RJ, no Campeonato Carioca deste ano, o Flamengo jogou para um público pouco superior a 300 pagantes. E estamos falando do Flamengo, clube de maior torcida no Brasil. Trezentos pagantes é público de pelada da firma. Aqui no RS não foram poucas as partidas com públicos que não cobriram nem as despesas de abrirem os portões. O nosso Xavante mesmo, campeão de público do interior, dono da Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do RS, o Trem Pagador, não teve em suas apresentações em casa o público esperado.

O que acontece? Alguns destes comentaristas esportivos apontam duas causas como sendo as principais: custo dos ingressos e falta de promoção dos eventos.

A falta de promoção é evidente. Os campeonatos são mal organizados e geridos, as fórmulas não são atrativas e em muitos casos de difícil compreensão, os regulamentos são mal redigidos e não há um mínimo de estratégia de marketing. Há mais divulgação sobre os jogos que passarão na TV do que os que acontecerão nos estádios. Ouço muito falarem sobre um tal “marketing esportivo”, principalmente quando querem falar bonito para ganhar algum, mas o que o futebol brasileiro menos tem é marketing. Já vi promoção, propaganda e patrocínio, casos isolados e casuais, mas marketing mesmo, nada. Talvez menos que isto. Mas em relação ao futebol brasileiro não dá para dizer-se surpreso. Com a qualidade dos dirigentes da CBF e Federações, não dá para querer mais e melhor. A qualidade dos eventos não é preocupação que lhes aflija, muito menos o futuro do nosso futebol. Como alguém já disse, no longo prazo estaremos todos mortos.

Por muito tempo foi defendido que o problema restringia-se aos estádios, que eram ruins e, portanto, não atrativos. Estão aí as chamadas “arenas”. Vazias. Salvo raras e honrosas exceções. O Flamengo, no novo Maracanã, jogou a semi-final do Campeonato Carioca 2014 para menos de 4.000 pagantes. Na semi-final do Campeonato Gaúcho 2014, o chamado “charmoso Gauchão”, Grêmio x Brasil, na Arena Portoalegrense da OAS, um estádio com capacidade para mais de 50.000 espectadores, teve um público de pouco mais de 20.000 almas. Mesmo o primeiro gre-nal da final não encheu a Arena Portoalegrense da OAS. Aliás, a Arena Portoalegrense da OAS ainda não encheu. Agora precisam achar outra desculpa causa.

Por sua vez, o preço dos ingressos está completamente fora da realidade. É praticamente inviável uma família ir assistir a um jogo de futebol. Existem inúmeras outras opções de lazer, tão atrativas quanto, ou mais, a um custo muito mais baixo. Talvez metade. É só somarem os valores do ingresso, transporte(se for de carro, não esquece o estacionamento), cerveja, lanche, etc., e fatalmente para um casal e dois filhos chegaremos a algo possivelmente superior a R$ 400,00, talvez mais de R$ 500,00, se for em algum setor mais central em alguma destas novas arenas. É mecha. Some ao resultado desta soma o risco de confusão, ao trânsito ruim, a opção de jogo internacional de boa qualidade na TV e tudo mais que possa gerar justificativa, e ficará fácil de entender. Estamos no Brasil, com os salários daqui, e não na Alemanha.

No caso do GEB, o ingresso para uma única apresentação no Caldeirão chegou a custar R$ 40,00. É muito. Muitos dirão que sendo sócio o preço sairia baratinho, pouco mais, ou menos, de R$ 10,00 por apresentação. O que é verdade. Verdadeiro mas, a meu ver, equivocado. Não a conta, mas a estratégia.
Entendo que a campanha de captação de associados deve se dar em cima da emoção, do sentimento e da paixão. Não em cima da razão. Menos ainda se a razão for financeira. A estratégia de ingresso caro para forçar o Torcedor a se associar, funciona no curto prazo e quando o time está em ascensão. No médio e longo prazos, inibe a popularização. Afasta o Torcedor comum e aquele que está se iniciando como Torcedor. A situação piora se o time entrar em um período de maus resultados. O povo tem que voltar a ter o costume de ir ao estádio ver seu time. Esta é a base de tudo.

Entendo que a campanha de captação de associados deve se dar em cima da emoção, do sentimento e da paixão. Não em cima da razão. Menos ainda se a razão for financeira.

Estratégia como esta entre valor do ingresso x mensalidade de sócio é de difícil reversão. Deve-se separar o que é venda de pacote de ingresso do que é ser sócio. Como fazer campanha de sócio durante estes 4 meses sem futebol? Certamente não traçando um comparativo entre o valor do ingresso e a mensalidade de associado.

O sonho de todo profissional de marketing é fazer o seu público-alvo apaixonar-se pela marca, porque é sabido que uma compra acontece muito mais em decorrência da emoção do que da razão. O desafio chama-se fidelização. Não é por outra razão que as empresas investem tanto em campanhas de fixação e promoção da marca. Muito mais do que em informativos sobre as qualidades dos seus produtos ou de quão baratos são.

Clubes de futebol, e o GEB em especial, já tem isto pronto. Um torcedor não vira a casaca porque o clube foi mal no campeonato. Quem é Xavante, é Xavante sempre. Nasce-se Xavante. Não se é Xavante pelo clube possuir um plantel caríssimo, por participar de campeonatos de ponta, por poder assistir a grandes espetáculos ou por conquistar um título atrás de outro. Somos Xavantes por paixão, porque é bom, porque nos torna diferentes, porque somos admirados e respeitados, e porque não precisa explicar, basta sentir. Ser Xavante não é para qualquer um!

Esta paixão tem que ser usada a nosso favor para trazer mais público para as apresentações, fazer do “Sou Xavante” uma questão de bem-estar, de elevação da autoestima, de status e de prazer. Ser Xavante é bom! E Xavante é sócio e vai ao Bento Freitas em dia de apresentação.

O aumento do quadro social de forma estável e duradoura se dará pela conscientização de que o crescimento do clube se dará como consequência da união e participação de todos, e que isto é e será bom para nós mesmos, como indivíduos e como comunidade. Afinal de contas, o Xavante somos nós.


Ivan Schuster
Onda Xavante

 

 

 

Seja Xavante, participe!

Eu não chego a ser um perfeccionista. Na verdade, nem passo perto de sê-lo. Mas alguns detalhes me chamam a atenção e, se não estão como eu gostaria, me incomodam. Acho que está mais para mania do que para perfeccionismo. Coisa de velho? Pode ser.

A comunicação está entre estas coisas as quais presto atenção. Tanto como transmissor, quanto como receptor. Quanto mais simples, clara e direta uma comunicação for feita, melhor. Não há contraindicação. Em qualquer atividade, poupam-se muitos recursos (tempo, gente, dinheiro, …) se a comunicação for feita de forma correta.

Nos projetos que participo, invisto bom tempo explicando para o grupo tudo que evolve o projeto. Desde os motivos que levaram a sua realização, até os detalhes do escopo, seus objetivos, metas, atividades, riscos, impactos, etc. Acho importante que cada integrante da equipe tenha uma visão do todo, de forma bem detalhada, e não apenas da parte da qual participa diretamente.

Considero isto importante porque em um projeto qualquer todos os envolvidos são participantes. Não existe espectador. Acho fundamental que cada um entenda bem o seu papel e importância para o atingimento dos objetivos e metas definidos.

Isto posto, vou dizer o que tem me incomodado. Muitas vezes escuto Torcedores (está com letra maiúscula porque tratam-se de Xavantes) dizendo que são sócios, vão a jogos, compram rifas, adquirem convites para jantares e tudo mais para “ajudar” o GEB. Até em alguns comunicados oficiais é colocado desta forma, “ajuda”. Errado! Muito errado. Ajudar é socorrer, auxiliar, prestar algum auxílio a quem está precisando.

Partindo do princípio que um clube é composto por seus associados, que livremente uniram-se em decorrência de algo em comum(ideias, propostas, opiniões, etc.), não vejo como estes integrantes podem ajudar o clube, visto que este é, em última análise, eles mesmos. Isto é, o clube é a materialização da união daqueles que o compõe, os sócios. Como não ajuda-se a si mesmo, mas a um outro, não tem como ajudar o clube. Assim, a meu ver, o verbo correto a ser empregado seria “participar”.

Nós, Torcedores Xavantes, não ajudamos o GEB, mas participamos da sua construção, da sua evolução e engrandecimento. Cada um de nós, de alguma forma, é parte integrante e, portanto, responsável, pelo que o GEB é hoje e o que poderá vir a ser no futuro. Não somos espectadores, somos atores, integrantes, agentes de mudança. O GEB é, e será, do tamanho que quisermos que ele seja. O GEB é reflexo do que nós, Torcedores Xavantes, somos e seremos como grupo.

Nós, Torcedores Xavantes, não ajudamos o GEB, mas participamos da sua construção, da sua evolução e engrandecimento.

Há alguns dias foi noticiado que o Conselho de Administração, a Diretoria e alguns grupos organizados de Torcedores como a Associação Cresce, Xavante! e a União Xavante, apresentaram alguns projetos para significativa, importante e desejada melhoria na estrutura física do clube. É de conhecimento até dos batráquios que habitam o Canal do Pepino, que se desejarmos ter um time a altura dos nossos sonhos, temos que crescer como clube, temos que crescer como grupo, temos que crescer como indivíduos. O GEB é consequência do que somos e seremos. Ação e reação.

Vamos crescer? Queremos ser mais e melhor? Então, a data é hoje e a hora é esta. Estamos em um momento de decisão sobre o que queremos para nós mesmos, como Torcedores Xavantes. Se a resposta for positiva, “Sim, queremos crescer!”, então a nossa participação, e não ajuda, faz-se necessária.

Seja Xavante, participe!

Abs.


Ivan Schuster
Onda Xavante

Vou aonde você for…

Quando a torcida Xavante canta nas arquibancadas “Vou aonde você for, só pra ver você jogar…” não é à toa. No Gauchão 2014 a torcida do Brasil se fez presente nos nove jogos fora de casa. Nesses nove jogos, o Brasil perdeu apenas dois. A união entre o time e a torcida foi um dos principais motivos da ótima campanha. Teve jogo fora de casa que nos permitiram apenas 350 ingressos no estádio padrão Fifa. Tivemos o presidente do coirmão querendo limitar ingressos. Tivemos apenas 1.500 ingressos na semifinal na Arena da OAS e eles tiveram que ser arredados. Por isso que sempre fomos conhecidos como o “Trem pagador”. O Brasil nunca joga sozinho. Pode ser no interior do Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Tocantins, não importa, sempre teremos a torcida do Brasil ao lado do clube.

Nós não ficamos de blá blá blá e falsas lendas. Nós viajamos e comprovamos, como abaixo. Aí estão os nove jogos fora do G.E.Brasil nesse Gauchão 2014. É ou não é a maior e mais fiel do interior?

Caxias do Sul – 25/01 – SER Caxias 0 x 1 Brasil

Caxias x GEB

Novo Hamburgo – 06/02 – Novo Hamburgo 0 x 1 Brasil

Novo Hamuburgo x GEB

Pelotas – 09/02 – Pelotas 1 x 1 Brasil

Pelotas x GEB

Rio Grande – 12/02 – São Paulo/RG 0 x 0 Brasil

São Paulo-RG x GEB

São Leopoldo – 23/02 – Aimoré 1 x 1 Brasil

Aimore x GEB

Porto Alegre – 26/02 – Internacional 1 x 0 Brasil

Inter x GEB

Lajeado – 09/03 – Lajeadense 0 x 1 Brasil

Lajeadense x GEB

Porto Alegre – 12/03 – São José 1 x 1 Brasil

São José x GEB

Porto Alegre – 26/03 – Grêmio 2 x 1 Brasil

Gremio x GEB 2
Fotos: Carlos Insaurriaga – AI G.E.Brasil.

Premiação do Gauchão 2014

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Jogadores, comissão técnica e diretoria levantam a taça de campeão. Foto: Carlos Insaurriaga

Na noite da última segunda-feira aconteceu em Porto Alegre a premiação aos destaques do Campeonato Gaúcho de 2014. O Xavante concorria com sete indicações à seleção do campeonato. Luiz Muller como melhor goleiro, Fernando Cardoso e Evaldo como melhores zagueiros, Leandro Leite como melhor volante, Alex Amado como melhor atacante, Rogério Zimmermann como melhor treinador e Fabrício Marin como melhor dirigente. A seleção escolhida pelos jornalistas que cobriram o Gauchão premiou Luiz Muller como melhor goleiro e Fernando Cardoso como um dos melhores zagueiros. Muito merecido. Afinal, foi a melhor defesa do campeonato.

Além da seleção do campeonato, os campeões foram premiados. O G.E.Brasil recebeu o troféu de campeão do interior. Título conquistado após a vitória contra o Veranópolis na Baixada na última rodada da primeira fase do campeonato.

Acompanhe abaixo como foi a participação Xavante na premiação do Gauchão 2014.

Não sejamos imbecis

Leio que o atacante Fred, do Fluminense e da Seleção Brasileira, manifestou-se através de uma rede social a respeito da “pressão” que teria levado de componentes de uma torcida organizada do Fluminense em razão da desclassificação do clube no Campeonato Carioca e de um mau resultado na Copa do Brasil. Parabéns ao atacante pelo corajoso, necessário e urgente posicionamento. Torço para que outros tantos atletas e dirigentes se manifestem no mesmo sentido e com a mesma veemência.

A evolução da nossa sociedade não mais comporta este tipo de atitude em relação aos jogadores de um clube. Primeiro, por descabido, incorreto, bárbaro e irracional. Segundo, por ineficiente que é. Futebol não é questão de honra e muito menos razão de vida. Futebol é esporte e como tal deve ser entendido. Em atividades esportivas, perde-se, empata-se e ganha-se. E sempre existirão muito mais perdedores do que ganhadores, óbvio. Adversários não são inimigos, são somente adversários. Quem não consegue entender isto, deve se afastar dos estádios e procurar tratamento médico adequado. Ao menos que pare de ver BBB, Pânico e acessar o Facebook e vá ler um livro decente. Educação é a base de tudo.

Já fui integrante – e até fundador – de torcida organizada. Posteriormente posicionei-me contrário a existência destas torcidas por entender que haviam perdido o sentido de ser, pois prestavam-se mais a violência e delinquência do que ao ato de torcer organizadamente. Hoje entendo que a questão não é se as torcidas devam ou não existir, acho até que devam continuar existindo, mas quem as compõem e como o clube as enxerga e se relaciona. A questão é mais relativa a educação, atuação e respaldo do que a existência propriamente dita.

Futebol não é questão de honra e muito menos razão de vida. Futebol é esporte e como tal deve ser entendido.

E, desta forma, os clubes têm muita responsabilidade. Está certo o Fred quando coloca que as diretorias dos clubes necessitam mudar a forma de relacionamento com as torcidas organizadas. Devem excluir os privilégios e impor mais rigor àqueles que ultrapassem a linha da legalidade. Nenhum clube precisa de torcedor bandido, muito menos de uma gangue travestida de grupo de torcedores. Torcida organizada, deve torcer de forma organizada, ponto. O diretor que os acolhe é tão bandido quanto, ou mais.

Torcedor torce, dirigente dirige, treinador treina e jogador joga. O jogador é contratado pelo treinador (diretor), que é contratado pelo diretor, que é eleito pelo torcedor. Se o torcedor está insatisfeito ou entende que algo está errado, deve resolver na eleição da diretoria, não invadindo o vestiário. O poder definitivo está na mão de quem elege e não do eleito.

Mas o que surpreende mesmo, é que as desculpas para estes atos giram sempre ao redor do mesmo tema, a paixão, o entusiasmo, a angústia, o desespero e todo aquele blá-blá-blá. É sabido que nada disto justifica e nem faz sentido, não sustenta 5 min de argumentação. A verdade é que se acham o máximo e são uns idiotas, imbecis por excelência. Usam a força pela incapacidade de usarem a razão. Por serem incapazes de ter um pensamento propositivo, uma ideia evolutiva, agridem. Acham-se valentes e são uns covardes, pois invariavelmente atuam em bando e em grande maioria. Imbecis, idiotas e covardes. Chamar-lhes de burros seria elogio.

Houve tempo, não muito distante, que muitos Torcedores Xavantes, independentemente de pertencerem ou não a alguma torcida organizada, glorificavam-se por terem roubado, depredado ou brigado nas excursões ou mesmo nas apresentações do GEB no Bento Freitas. Recentemente, na apresentação do GEB na Arena Portoalegrense da OAS, tivemos o triste episódio da destruição de dezenas de cadeiras trazendo grande prejuízo aos já combalidos cofres do nosso Xavante. Atos como estes agregam nada, zero mesmo, ao torcedor individual, a Torcida Xavante e muito menos ao clube, que ao fim e ao cabo foi quem pagou a conta. Depois, quando o clube não consegue contratar os atletas e demais profissionais necessários por falta de recursos, estes mesmos imbecis reclamam que o plantel é ruim.

O que estes animaizinhos de quatro patas e orelhas pontudas precisam entender é que em pouco tempo seus atos até poderão ser lembrados, mas eles, os imbecis, estarão totalmente esquecidos. A imagem boa mesmo, que impressionou, que dá vontade de ver e rever inúmeras vezes, é a da festa, da alegria e do orgulho em ser Xavante. É a imagem de 1.500 serem ouvidos em tom maior que os 20.000 contrários. É cantar o “Tem que olhar, para aprender …”. Isto, sim, teve e tem um valor enorme. O que conta é o grupo, a Torcida Xavante como um todo, forte, e não a ação individual de um ou outro imbecil.

Temos que ser a torcida mais respeitada e admirada, e não a mais temida. Afinal de contas, somos a Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do RS, sempre.

Abs.


Ivan Schuster
Onda Xavante