Brasil sanguíneo! | Pedro H. Krüger

A primeira vitória veio, finalmente, e da forma como gostaríamos que fosse. Como bem destacou o próprio BlogXavante.com, foi uma “vitória com a cara do Brasil”.

Não é de hoje. Apenas o anunciar de que centenas (e muitas vezes milhares) de camisas vermelhas vão atravessar a ponte já é suficiente para causar, digamos, calafrios! O histórico comprova. Em informação dada ao Esportchê, Rubens Silva apontou que o clássico de ontem à noite seria o de número 260. Já contando a nossa vitória por 2 a 1, o Brasil saltou para 118 triunfos. O São Paulo (com 67 vitórias) perde até para o empate (76).

Dentro do gramado, o Brasil mostrou-se superior do início ao fim. Eu esperava que o time da casa fosse para cima, aproveitando o fator local e a torcida rubro-verde que lotou o Aldo Dapuzzo. Não houve pressão nem agressão à nossa defesa. Pelo contrário, o nosso time controlava a posse e as ações do jogo. Nena, por exemplo, perdeu grande chance dentro d’área, fora a bola que o zagueiro tirou em cima da linha. O empate no intervalo já não fazia justiça. No segundo tempo, voltamos com a mesma pegada e o gol saiu após muita luta.

Luta, Xavantada, que nunca deixamos de presenciar neste grupo. Podemos questionar, como já disse em textos anteriores, a qualidade técnica de um ou outro jogador, ou ainda as escolhas feitas pelo treinador Rogério Zimmermann e sua comissão, mas jamais podemos afirmar que os jogadores não jogam com brio. É, além de canalhice, uma mentira!

Ontem, o time precisou cabecear uma vez e chutar outras três para a pelota finalmente ultrapassar a linha do gol. Felipe Garcia finalizou forte, rasteiro, sem chances para o bom arqueiro adversário. Todos nós chutamos aquela bola envenenada. Na comemoração, meio time do Brasil foi à torcida e vibrou como de praxe: sanguíneo!

O gol abalou os locais. A partida em si já demonstrava que o Brasil merecia estar na frente há mais tempo. Nada parecia mudar esse panorama. “Xi, este mar não tá para peixe hoje”, algum anônimo dizia por aí. Não muito tempo depois, Nena entrou livre, leve e solto na área e optou em chutar ao invés de passar a Ramon, que invadia pelo lado esquerdo. Seria o segundo gol.

Rogério Zimmermann promoveu as entradas do Brock e do Gustavo Papa no lugar do Xaro e do Nena, respectivamente. Não demorou muito para a bênção do gol da vitória sair. Ramonstro invadiu a área e driblou o defensor deixando-o sem pai nem mãe. Cruzou forte e rasteiro para Papa que, sem nenhuma misericórdia, terminasse com os nossos dias sem vitória.

O São Paulo, já nos minutos finais, conseguiu descontar. A partir daí a partida ficou marcada por confusões dentro e fora de campo. A rivalidade manifestou-se como de costume. Infelizmente, Gustavo Papa e Marcos Paraná, que recém havia entrado, foram expulsos – Paraná, aliás, apenas reagiu ao ataque sorrateiro que sofreu, mas vamos acreditar que o juiz não viu.

Após o fim do jogo, mais confusão. Também ouvi muito chororô. Meus caros, a rivalidade entre Brasil e São Paulo apenas reflete a rivalidade histórica entre as cidades. Já houve até confusão em campeonatos estudantis que contaram com a presença de escolas pelotenses e rio-grandinas. “Se sair jogo entre madres de Pelotas e de Rio Grande dá confusão também”, disse meu pai enquanto acompanhava as “cenas lamentáveis”.

Foi a primeira vitória no estadual. O campeonato começou. Como disseram muitos torcedores bem-humorados, “estamos há seis jogos sem perder”. Para Rogério Zimmermann, nas últimas 17 partidas perdemos apenas para o Grêmio.

Aos meus amigos rubro-verdes, deixo os meus parabéns pela campanha até aqui, mas com o Brasil a coisa é diferente. Afinal, quem nasceu para ser caça nunca será caçador!