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Classificado – Ivan H. Schuster

No dia 19 de maio de 2013, há pouco mais de 3 anos, o GEB perdeu a decisão do primeiro turno da segunda divisão do Campeonato Gaúcho para o São Paulo/RG. Tínhamos a vantagem por termos vencido a primeira partida em casa, mas perdemos a segunda no Aldo Dapuzzo, voltando a perder na decisão por pênaltis.

Havíamos feito uma excelente primeira fase. O time apresentava-se bem, com superioridade evidente na maioria das vezes. A derrota trouxe tristeza e frustração geral e revolta de alguns. Não eram poucos os que queriam a troca da comissão técnica, comandada pelo Rogério Zimmermann. A necessidade de contratar vários atletas “diferenciados”, se quiséssemos subir, era o consenso entre muitos Torcedores.

Foi aí, neste momento, que a diretoria do GEB deu a primeira demonstração de ter um projeto, de que acompanhava o trabalho em execução, e não apenas ficava olhando o resultado. A definição de continuidade da equipe e de todo o trabalho planejado, no meu entender, foi determinante não apenas para a conquista do título de campeão da segunda divisão naquele ano, mas também por estarmos hoje já com a vaga garantida em 2017 para a Série B do Campeonato Brasileiro. E ainda sonhando com uma Série A.

Tivessem nossos diretores embarcados na onda dos corneteiros de sempre, dos mais aflitos, daqueles que tem alma pequena, e trocado tudo, sabe-se lá onde estaríamos hoje. O certo é que melhor não estaríamos. No máximo, igual. Pois, desde então, não deixamos mais de conquistar acessos. Sim, amigos corneteiros e demais aflitos, vocês erraram. E feio.

Ontem, o time do Sampaio Corrêa, com méritos, impediu a nossa vitória e com isto nos distanciamos um pouco dos postulantes as vagas do G4. Não estamos fora da disputa, mas agora teremos que fazer mais do que foi feito até aqui. Impossível não é, embora difícil. Gosto muito de um pensamento que diz: “Ninguém disse que era impossível e ele foi lá e fez”.

Achei que ao final da apresentação Xavante de ontem – O GEB não joga, apresenta-se – a Torcida Xavante iria aplaudir o time e fazer a festa. Afinal, estamos definitivamente classificados para a Série B do Campeonato Brasileiro de 2017. Não só o reconhecimento não aconteceu, como até vaias foram ouvidas. Provavelmente, os mesmos de sempre. É triste. O que será que pensam? Será que pensam? Pobres almas. Dá pena tanto sofrimento.

Se antes de iniciar este campeonato, houvesse uma proposta para abdicarmos da disputa pelo acesso a Série A em troca da garantia de permanência na Série B, não haveria um único Torcedor que dissesse não. Aliás, a aposta de muitos era de que cairíamos. Treinador burro e teimoso, elenco velho e desqualificado, diretoria incompetente, e tudo mais que é sempre dito. Se deu mal, bacalhau.

Se o “vamos cair” não aconteceu, o foco agora é no “não vamos subir”. E tudo tem uma explicação. A frase do momento é “falta de ambição”. Falta de ambição para um grupo que foi além do imaginado, que enfrentou de igual para igual equipes de clubes muito maiores, com mais estrutura e com mais tradição neste tipo de competição? Depois digo que são corneteiros e ficam indignados comigo. Mas não são? O cara não come faz 5 dias, está morrendo de inanição, colocam um prato de feijão, arroz, ovo, bife e salada na frente dele e o vivente reclama que a salada está sem azeite de oliva. A vida é dura, companheiro.

De minha parte, e sei que falo por muitos Xavantes, gostaria de parabenizar, mais uma vez, ou melhor, gostaria de agradecer, a toda diretoria, comissão técnica, atletas e todos os demais que participaram, de uma forma ou de outra, desta importante conquista e dizer-lhes que estou muito orgulhoso e satisfeito. As conquistas obtidas até aqui não possuem precedente. A marca deste grupo já está definitivamente registrada na história do clube. É bom ser Xavante.

Série A, sua linda, não te bobeia que te pegamos.

Abs.

Tiveram que engolir sem cuspir – Ivan H. Schuster

Ufa! A minha sensação é a mesma de ter atravessado um oceano e conseguido chegar na praia, em terra firme e seca. Exausto, mas aliviado e orgulhoso. E vivo! O plano original era ter feito um cruzeiro, mas o navio naufragou já nos primeiros dias. Felizmente, tínhamos botes salva-vidas, o que nos permitiu prosseguir a viagem. Aí vieram as tempestades, mar revolto e o bote também se foi ao fundo. Tivemos que completar o percurso, primeiramente com bóia e depois a nado. Sofrimento. Bebemos muita água. Mas chegamos ao continente.

O difícil não foi o esforço. Nunca nos faltou determinação, dedicação e comprometimento. Como a travessia estava sendo televisionada – sim meus caros, na TV aberta e fechada ao vivo e a cores para o Brasil e o mundo – havia muita gente acompanhando, Xavantes e não Xavantes de todas as querências. Doeu ver gente nossa, amigos do peito, pessoas que nos acompanham desde sempre, tipo família, desacreditada no nosso sucesso.

Com os secadores estamos acostumados. Chafurdam no lodo fecal desde sempre. Matam moscas e se tem por heróis. Bordam múltiplas estrelas, com se o céu lhes pertencesse. Mas ao fim e ao cabo, sabem que tão cedo não desatolarão e que, ao invés do céu, o ambiente que lhes acolhe é o pântano lamacento nas trevas subterrâneas. Sempre nos invejaram e nos invejarão eternamente. Sonham em ter Torcida, em ser notícia nacional e, até mesmo, andar de avião. Nem que seja para comer o amendoinzinho vagabundo que servem. Se um dia alcançarem tal graça(esperem sentados), provavelmente guardarão o cartão de embarque e mandarão emoldurar para pendurar na parede, para mostrar aos amigos e parentes. Viram? Já andei de avião, dirão. Sorry, periferia. Chora.

Como eu dizia, o que machuca não são os secadores, mas os corneteiros. Sim, os de alma pequena, os de pouca fé. Aqueles que, mesmo depois de todas as conquistas, a qualquer sinal de dificuldade se desesperam, começam a gritar e a ter faniquitos. Chiliquentos. Gente que diz que acredita, quando deviam mesmo é confiar. Narrador, narra. Torcedor, torce. Simples assim.

Ouço que não temos time desde sempre. A cada nova competição o discurso é o mesmo. Falta um 10 habilidoso, o time é velho, só jogamos no chutão(certamente o gol frente ao Passo Fundo ou ao Inter foi de chutão), falta ligação entre o meio campo e o ataque, o RZ está superado(bom deve ser o PP), O Martini é mão de alface (lembram das vaias?), o Cirilo é tosco, e por aí vai … O discurso é o mesmo há mais de 100 anos. Provavelmente, um dia acertarão e irão dizer com o peito estufado “Eu não disse?”. Que rufem os tambores!

O problema, para os secadores e corneteiros, é que chegamos na praia. Cansados, esfarrapados, mas chegamos. Foram três anos seguidos com classificação. É pouco, eu sei. Comemorar isto chega a ser deprimente. Só que na nossa história recente, isto não acontecia. Aliás, não acontecia com nenhum time em toda a região sul do Estado. E estou falando apenas do Costelão. Nem vou mencionar a Séria B do Nacional para não machucar as prendas.

Que venha o Portoalegrense. Estamos preparados, como sempre. Vai rolar a festa. O favoritismo é deles, obviamente. Ainda mais com a definição do Vuaden para juiz. Sim, aquele mesmo que acha que é válido cortar a bola com a mão dentro da área, desde que seja contra o GEB. Mas não estou nem aí. Estou só pela cerveja e alegria. Vou para me divertir. Cantar “rubro-negro vem aí”, “avante com todo o esquadrão” e todas as demais canções deste espetáculo que é uma apresentação Xavante. O Xavante não joga, apresenta-se. Estou de sangue doce.

Mas se facilitarem …

Abs.