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Quem pagará a conta? | Ivan H. Schuster

Assim não dá! Não existe a menor possibilidade de crescermos ou de, ao menos, sonharmos com dias melhores. Por mais que se queira, por mais que existam abnegados – sim, para ser dirigente de um clube como o GEB tem que ser, antes de mais nada, um abnegado – trabalhando pelo clube, por mais que se faça e refaça projetos, por melhor que se monte equipes, por melhor que seja o programa de sócios, enfim, por mais que se faça tudo certo em termos de administração com o clube, não há a menor hipótese de dar certo, enquanto existirem estes babacas arrumando confusão e causando perdas de mando de campo e multas.

E não me venham com a conversa mole de que somos perseguidos, que os caras do TJD são isto ou aquilo. Podem até ser. Acho até que são. Mas a verdade, nua e crua, é que as imagens são claras e comprovam tudo. É batom na cueca, não tem o que explicar. Até para fazer uma ação imbecil há de ser inteligente e não deixar prova. Se não, além de imbecil, é burro. E burros são.

Até quando isto irá acontecer? Quando estes idiotas entenderão que estas atitudes estúpidas estão prejudicando milhares, sem lhes agregar nada? É tão difícil assim de entender? Querem que desenhe?

Foi-se o tempo, felizmente, em que os jogadores adversários, na hora de cobrar escanteio, tinham que ter proteção policial ou quando era “legal” as torcidas se digladiarem com pedras e paus, dentro e fora do estádio. Futebol nos dias de hoje deve ser entendido como negócio, espetáculo, festa, lazer. Não é um embate de vida ou morte, não é questão de honra. Mesmo que fosse, o que se vê nas imagens é deplorável. Agrega valor zero. No nosso caso, valor negativo.

De minha parte estou cansado. Cansado de pagar uma conta que não é minha. Cansado de enxugar gelo. Isto eu, que pouco faço além de pagar a mensalidade em dia e contribuir com alguma coisa aqui e outra ali. Fico imaginando os diretores e outros tantos que literalmente dedicam suas vidas ao clube. Para que? Para uns imbecis destes colocarem tudo a perder? É como tentar caminhar para frente com alguém a lhe puxar para trás. Assim não há como ser feliz.

A minha opinião é simples. Mandem a conta dos prejuízos para os imbecis. Não é difícil identificá-los. Muito provavelmente são sócios e as imagens são claras e nítidas. Com um mínimo de boa vontade chega-se até eles. Pague-se um investigador, se for o caso. Mas tem que achar, expor-lhes ao público para que todos saibam os idiotas que são, retirar-lhes a condição de associados e entregar-lhes a conta. Toda a conta. As multas e os valores relativos as perdas pela interdição do estádio, dano na imagem, lucros cessantes, etc. Não possuem condições? Que vendam ao carro, a casa, que coloquem a mãe na zona. Sei lá, que se virem. Não estou nem aí. Não se achavam “os” valentões para arrumarem confusão nas arquibancadas ou ao cuspirem no jogador adversário do outro lado da cerca? Pois quero ver se são homens agora para assumirem o prejuízo. Se forem homens assumirão, mas duvido que o façam de livre e expontânea vontade, pois não creio que o sejam.

Se isto não for feito, a identificação e a cobrança, desculpem-me a franqueza, mas não dá mais para falar que o clube não tem dinheiro, que temos que contribuir e tal. Não sei nem se continuo sócio. Quero é saber quem vai pagar a conta. E que não seja eu ou algum dos outros milhares – estes sim, verdadeiros Torcedores Xavantes – que nada fizeram.

Pronto, desabafei.

Abs.

Luiza, Xavante | Ivan H. Schuster

Assisti emocionado a entrevista da Luiza, a menina que foi mostrada na TV sendo carregada para a ambulância devido a uma crise asmática provocada pelas confusões na arquibancada, durante a apresentação Xavante frente ao Internacional de Porto Alegre, no último sábado.

A alegria em seus olhos ao ver o capitão Leandro Leite é reveladora. Luiza é Xavante. Com o passar do tempo vamos perdendo esta naturalidade e espontaneidade que as crianças possuem. Vamos envelhecendo e vamos ficando duros, rabugentos, com vergonha de mostrar as nossas alegrias e tristezas, nossos amores e dessabores, com se fosse feio ou pecado. Mas as crianças, felizmente, ainda possuem este dom de poderem ser sinceras em sua emoções. E a Luiza deixou evidente a sua alegria em ser Xavante. É isto aí, Luiza, é bom ser Xavante.

Se a imagem da doce Luiza comove, saber que o momento de sofrimento por ela vivido poderia ter sido evitado, se a BM fosse melhor preparada e houvessem menos imbecis no mundo, revolta. É impressionante que um evento que deveria ser de diversão e alegria, produza pancadaria, bombas de efeito moral – a propósito, moral de quem? – e gás de pimenta, fazendo vítimas inocentes, como a Luiza e tantos outros que estavam ali somente para apoiarem o GEB. Algo está errado. Muito errado. Não é possível que centenas, milhares paguem pelos atos de meia dúzia. Isto não é justiça. Não é, sequer, policiamento, nem ostensivo e muito menos preventivo, é selvageria. Perderam o controle e a razão.

É certo que o clube será punido, pois é isto que o MP, BM e TJD sabem fazer, punir. Punem com borrachada nas costas, gás de pimenta e bombas de fumaça. Violência e mais violência de forma indiscriminada. Depois virá a punição para o clube. Deixará o que já está ruim, muito pior. Como se estes métodos, algum dia na história da humanidade, tivessem resolvido algo. Se punição e violência resolvessem algo, todos seríamos católicos, porque não podiam ter caçado e punido mais do que fizeram durante o período da Inquisição. O que não falta na história são exemplos de tentativas de coerção pela violência e punição. Sabemos bem que não é com punição e muito menos com violência que se educa. Não é opinião, é fato. Insistir é burrice.

Será que só eu acho estranho ver policiamento ostensivo, com equipamento para conflito, em uma partida de futebol? Será que tudo isto é mesmo necessário ou atende a interesses de alguns? Por exemplo, nas novas arenas, com torcidas muito mais numerosas e com históricos nada honrosos, como as do Corinthians, Flamengo e Palmeiras, não se vê mais este tipo de policiamento dentro dos estádios(arenas), mesmo não havendo mais divisórias entre a arquibancada e o gramado. Por que aqui ainda se usa este expediente?

Não sou especialista em segurança. Na verdade, entendo nada sobre esse assunto. Apenas tenho a certeza, como cidadão, de que como está, está ruim. E se está ruim, está errado. E se está errado, precisa ser corrigido. Só que isto requer trabalho, inteligência, disposição e vontade política das pessoas responsáveis. Está bem, melhor esquecer. Vai continuar na base da borracha e da punição, mesmo.

Abs.


Ivan H. Schuster

Onda Xavante – Porto Alegre/RS