Arquivo mensais:setembro 2011

G.E.Brasil 1×1 Santo André

Marcos Denner marcou o gol Xavante de penalti. Foto: Carlos Insaurriaga

No campo, não caímos. Empatamos hoje a tarde com o Santo André na Baixada em 1 a 1 e sem a punição do STJD nos manteríamos na Série C. Vou falar pouco sobre o jogo e deixar a entrevista do presidente André Araújo que fala sobre o futuro do clube e o que a direção está fazendo para tentar reaver os 6 pontos tirados pelo STJD. Na verdade a CBF não homologou nada ainda, portanto ainda não fomos rebaixados.

Amanhã falaremos um pouco mais do G.E.Brasil nessa Série C.

A entrevista abaixo é bem esclarecedora quanto a administração do clube e o que vem por ai. Para aqueles que só sabem reclamar, ouçam com atenção.

Haja coração!

Vida de Xavante é um teste para cardiaco. Não é fácil. Domingo passado levamos uma sovada do Joinville fora de casa e perdemos todas as chances de classificarmos para próxima fase da Série C. Se não bastasse, fomos julgados pelo STJD na última quinta-feira pelo “caso Claudio” e perdemos seis pontos, o que nos rebaixou para a Série D. O chão caiu. Eu não sabia o que pensar e o que fazer. Fiquei atônito. Subir na Série D é mais difícil que ganhar uma Libertadores. A não ser pro time aquele, do tapetão.

Sei que eu buscava soluções e respostas para o nosso rebaixamento. Tentava assimilar aquilo. Quando surge um comentário perdido por ai que podiamos ter esperança de mudar o resultado do julgamento. Pronto, os mais eufóricos já se empolgaram. Eu fiquei mais apavorado ainda. Sem entender nada. Quando eu tava em acostumando com a ideia, me surge essa? Assim não da. Haja coração!

Só sei de uma coisa, precisamos vencer o Santo André domingo a qualquer custo. Enfiar uma goleada neles. Provar que dentro do campo não fomos rebaixados. Ai é entregar tudo nas mãos dos advogados e seja o que papai do céu quiser.

Tentar explicar todo o caso aqui é complicado, é muita coisa pra minha cabeça. Deixo abaixo então o áudio do Thiago Perceu, presidente da Associação Cresce, Xavante!, onde ele explica um pouco no que o Brasil está se embasando para tentar reverter o rebaixamento. A entrevista foi cedida à Rádio Pelotense AM.

Se tu está como eu, apavorado, com o coração na mão, nem ouve.

Joinville E.C. 5×2 G.E.Brasil

Já recuperado da paulada, vamos falar um pouco do fiasco Xavante frente ao Joinville no último domingo.

Eu, Marcelo Barboza, moro em Joinville e aguardei esse jogo durante anos. Ter o Xavante aqui no meu quintal seria demais. Estive no hotel um dia antes da partida, conversei com alguns jogadores e o ambiente estava ótimo para um grande jogo. O churrasco com a Xavantada que viria de Floripa e Curitiba estava agendado. Carne e cerveja compradas. O dia amanheceu  limpo, um baita sol. Dia perfeito para uma vitória épica. Juntamos 60 Xavantes no churrasco e lá a confiança foi aumentando.

Mas a parte boa do dia durou até às 16h. O Joinville começou o jogo em cima do Brasil e já no início da partida marcou com o lateral-esquerdo Gilton, depois de Ricardinho deixar o Asprilla deitado no chão no meio do campo. Em seguida o Brasil empatou com gol de cabeça de Athos para alegria dos mais de 100 torcedores Xavantes presentes à Arena Joinville. Pouco tempo depois o Joinville marcava o segundo com o atacante Bruno Rangel, que girou em cima do Asprilla, é, ele de novo. E o jogo foi pro beleléu aos 16 minutos quando o Athos foi expulso. O gandula foi dar uma de lerdo pra matar tempo e o Athos deu um tapa na bola. Ali ele tomou cartão amarelo. Em seguida seguiu reclamando e disse o seguinte para o árbitro: “Você é um panaca, pra que isso? Seu babaca”. O juiz imediatamente puxou o vermelho e expulsou o nosso melhor jogador. Depois disso o time se fechou e o resto já sabemos, levamos cinco na cola.

O que me deixou mais de cara foi novamente ver o treinador começar o jogo errado. Assim como Paulo Porto em 2009 em Minas contra o América-MG. Juba na lateral? Quem disse pro Ramirez que o Juba é coringa, que joga em qualquer posição? Mal sabe jogar como atacante, quanto mais de lateral. O que ele tomou de bola nas costas foi piada. Ai para piorar a situação, o Ramirez tirou o único atacante que eu confiava, o Marcos Denner e colocou o Anderson Bill, zagueiro. O pobre do Juninho ficou perdido lá na frente contra três ou quatro adversários. Lastimável a tarde do treinador Sérgio Ramirez.

O que ficou de bom nesse dia 11 de Setembro de 2011 foi o encontro da torcida Xavante antes do jogo. Conseguimos um local para fazer um churrasco e lá celebramos o prazer em ser Xavante. Churrascão e cervejada. Abaixo uma pequena amostra do que foi a nossa manhã.

Agora é vida ou morte contra o Santo André na Baixada domingo que vem. O empate nos favorece mas temos que jogar para ganhar. Nos manter na Série C é o que nos resta e é muito importante. E ainda hoje teremos uma outra decisão, no julgamento do caso do lateral Claudio. Será no início da tarde e saberemos se perderemos 6 pontos ou não. O presidente André Araújo estará no Rio de Janeiro e está muito confiante na vitória.

Abaixo os “melhores” momentos da partida em Joinville. Vejam a tragédia.

VÍDEO: O Centenário do G.E.Brasil

Abaixo separamos alguns vídeos de homenagens e matérias feitas sobre o Centenário do G.E.Brasil. Mostrando mais uma vez a força da marca do G.E.Brasil.

HOMENAGEM RBS TV E COMENTÁRIO DE PAULO SANT’ANA

MATÉRIA ESPN BRASIL

HOMENAGEM REDE ESPORTIVA E TV UCPEL

HOMENAGEM TV PAMPA

HOMENAGEM DO XAVANTE MARCELO SCHLEE

XAVANTE ATÉ MORRER – PEDRO MONTEIRO

Meus parabéns aos que sentem

Deixamos abaixo um texto escrito pelo grande amigo Fabricio Cardoso, jornalista Xavante que hoje reside em São Paulo. Fica como homenagem do Blog Xavante a esse clube chamado Grêmio Esportivo Brasil pelos seus 100 anos  e que tanto nos orgulha.

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Meus parabéns aos que sentem

A data de hoje é um desvio do curso natural do mundo, que parece convergir, meio bovinamente, para sentimentos hegemônicos. Quanto mais gente gosta de uma mesma coisa, mais barato fica empacotá-la para venda. Nesta toada, nove em cada 10 brasileiros declaram-se torcedores de 12 clubes. Uns já arrastam a asa desavergonhadamente para o Barcelona e o Real Madrid. E o país do futebol tem 738 times, segundo a, toc, toc, toc, CBF.
Em condições tão hostis de concentração, este 7 de setembro de 2011 só ocorre por uma teimosia hereditária, perpetrada há cinco gerações numa cidade pobre de grana mas transbordante de lealdade.
Meu Brasil de Pelotas, um avermelhado moço que hoje completa 100 anos, prova como uma paixão artesanal tem força para sobreviver num cenário onde as pessoas buscam alívio não nas pequenas afinidades, mas na esterilidade do gosto das multidões. Apesar da necessidade dos grandes de Porto Alegre de ter público (não confundir com torcida) no interior para sustentar suas aspirações continentais, objetivo já concretizado em muito rincão por aí, cá estamos, convictos nesta utopia. O coração xavante, ingênuo, insiste em se divertir no meio enquanto os outros só enxergam sentido no fim. Se eu pudesse testemunhar o nosso segundo centenário, estaria lá tão ingênuo quanto hoje.

***
Habita minha lembrança um sábado de maio de 1998, quando o Cléber, ainda sem o Gaúcho no nome, e o Taílson fizeram o Grêmio tombar dentro do Olímpico. Enquanto o Lazaroni, o Guilherme e o Beto Cachaça eram demitidos, um exultante deslocamento humano rumava de volta a Pelotas. Era início de noite, tipo 20h. Dezenas de ônibus em comboio escoltavam a delegação rubro-negra. Ali naquele posto da Polícia Rodoviária da Vila Princesa, já havia xavantes à beira da BR-116, acenando, num prenúncio da madrugada eterna que viria pela frente.
Quando o ônibus xavante cruzava a Avenida Bento Gonçalves, ali perto do nosso salão de festas, a Boca do Lobo, um formigueiro em vermelho e preto saiu em procissão até a João Pessoa. Era lá, no nosso estádio, que estava reservada a maior surpresa da noite: uma Baixada mais cheia do que no Brapel do século, domingo passado.
Ao divisar as arquibancadas acarpetadas de gente que, a despeito da madrugada fria de outono, havia saído de casa para celebrar o triunfo na capital, nosso então diretor de futebol, Cláudio Montanelli, indagou, com os olhos úmidos:

– O que esperam de nós, estas pessoas?

Montanelli é versado como poucos nesta arte de ser xavante. Fez a pergunta por pura retórica, no auge de uma emoção profunda.
Todo rubro-negro sabe que este amor não precisa ser explicado.
Bastar ser sentido, ao longo dos séculos que virão.

Fabricio Cardoso