Arquivo mensais:março 2014

Amor, não sexo

As frias que me desculpem, mas paixão é fundamental.

Sobre a apresentação do GEB, ontem à noite em Porto Alegre, não há muito o que falar. Ou há. Jogar bola em carpete é de doer as amígdalas. Não conheço um único estádio de futebol na Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha, França e outros países com tradição no futebol, com carpete no lugar da grama. Nestes países, não sei de nenhum clube com time na primeira divisão, seja em clima quente ou frio, cujo piso do campo de jogo do estádio não seja de grama natural. Por isto é chamado de (atenção!) gramado. Só ouvi falar que este tipo de piso faz muito sucesso na Arábia Saudita e alguns países cujo esporte bretão acontece por acidente ou deleite de sultões e marajás sob um sol de 45°C.

Não sei de quem foi a genial ideia de colocar o carpete no Zequinha, mas o certo é que de futebol entende nada. Nunca deve ter, sequer, dado um mísero chute em um campinho. Não sabe o que é dar um carrinho em um gramado encharcado, com lama entrando por todas as cavidades. O máximo de experiência como jogador de futebol que deve ter vivido, foi um gol a gol com bola de plástico no corredor acarpetado do apartamento. E jogando com o chihuahua de estimação.

O futebol jogado neste piso artificial fica feio. A bola quica em excesso, o domínio fica comprometido e a marcação mais ríspida. Há um contato maior entre os jogadores. Como se isto tudo não bastasse, o campo aparenta ser pequeno. Conclusão, parece mais um futebol de 7 “indoor” com 11 em campo do que futebol de campo profissional. Nota zero para o Zequinha. Felizmente não saímos com ninguém machucado.

Como sempre, quem fez bonito foi a Torcida Xavante. Já antes das 18h30min o pessoal da Onda Xavante – Porto Alegre/RS, promoveu um sambão em frente ao bar Zequinha Beer. O bar fica localizado embaixo das arquibancadas do Passo D’areia e possui um atendimento muito diferenciado, além de um sortimento variado de cervejas bem geladas e pastel ( o “merchandise” é gratuito e sincero ). Com a surra e o rebaixamento do co-irmão sendo exibida ao vivo e em HD em um televisor especialmente disponibilizado, a festa correu solta até a hora do início da apresentação do GEB. E tem gente que acha que o samba morreu no futebol. Fazer o que?

Já no estádio, a comprovação. A Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do Estado do RS é também a terceira maior torcida de Porto Alegre. Não sei quantos éramos. Talvez 500, 800 ou 1.000, sei lá. Mas éramos muitos. Muito mais do que a torcida do time local. A precisão não é importante. A quantidade não é tão relevante frente a qualidade. Torcida tem que ter alma, sentimento, paixão.

Torcida não é meia dúzia de gato pingado, que se dispõe a fazer barulho e cantar sempre a mesma coisa por 90 minutos sem parar, sem acompanhar o andamento da partida, sem sentir o momento, fazendo sempre um cântico de uma só nota, enjoado. Pode cantar em espanhol e até usar sombrinhas e purpurinas, não interessa. É chato, frio e sem graça. Torcida mesmo, sofre junto. Sente o gol que seu time leva assim como um lutador sente um soco nos rins. Sabe quando reclamar. Entende o momento de levantar e colocar lenha na fogueira, empurrar o time para frente. Torcer não é pular com ritmo. Torcer é vibrar, é desespero, é ansiedade, é êxtase.

Torcida mesmo, como a Torcida Xavante, faz amor com o seu time. O resto é só sexo.


Ivan Schuster
Onda Xavante

SCRUM Futebol Clube

 Durante muito tempo os projetos de desenvolvimento de sistemas eram elaborados seguindo as metodologias e práticas da engenharia. Até mesmo os profissionais eram chamados, e ainda o são em muitos lugares, de engenheiros de sistemas.

Levava-se meses, por vezes mais de ano, especificando e desenhando o projeto de um sistema. As equipes eram enormes. Cada detalhe era escrito, cada fórmula era calculada, as relações entre os dados eram minuciosamente definidas. Eram realizadas dezenas de apresentações para validação dos desenhos das telas, das regras de integridade e dos relatórios necessários. Não preciso dizer que as salas destas reuniões eram um campo de guerra e era criado um volume enorme de papel com definições e desenhos de difícil entendimento até mesmo por quem os havia concebido. Caos é a definição que mais se aproxima.

Ainda lembro-me da minha primeira aula de Análise de Sistemas quando o professor sentenciou que a análise de um sistema deve ser dividida em duas partes: Análise Lógica e Análise Física. Em um projeto de porte médio só a Análise Lógica tinha duração de um a três meses. E esta era a parte mais fácil e rápida do projeto. Somente após todas estas análises e especificações é que começava o período de codificação. E aí, o que antes era certeza e verdade já não era bem assim. Senta e chora.

Obviamente durante todo o período de projeto o mundo não parava. Como ainda hoje não para. A empresa crescia, o mercado se modificava, as crises ocorriam, os funcionários eram substituídos, as áreas e departamentos eram fundidos e a vida seguia seu curso. Na hora de programar, os requisitos antes definidos já não faziam mais sentido. O que era prioridade, já deixara de ser; os processos já eram outros; as informações necessárias eram novas. Resumo da obra: o projeto ia pro buraco. Pode continuar chorando.

Não era surpresa, embora alguns fizessem cara de paisagem, que menos de 20% dos projetos de sistemas de informação eram concluídos dentro do prazo e custos estimados. E a grande maioria dos projetos que conseguiam ficar dentro do prazo e custo propostos, tinham o seu escopo reduzido. O normal era estourar todos os limites e ainda por cima entregar menos do que o solicitado. Vida dura.

Embora concebido há vários anos, somente há bem pouco tempo se começou a utilizar de forma mais abrangente uma nova abordagem para o desenvolvimento de sistemas, chamada SCRUM. O processo é simples de explicar. Constitui-se equipes pequenas e multidisciplinares, e o desenvolvimento e entrega é feito de forma cíclica e incremental. Em português: não se define tudo para depois codificar. Vai se codificando a medida que as definições vão sendo feitas, devagar e sempre. Os objetivos traçados são menores. Em vez de um grande projeto com início, meio e fim previamente estipulados, que só por acaso chegava ao fim, tem-se vários pequenos projetos, um após o outro, aperfeiçoando e incrementando o produto já entregue e em andamento. Desta forma, os problemas decorridos de alterações do escopo e tudo mais que pudesse impactar o projeto, têm sua solução na hora. O resultado é um sistema atual e focado no que é essencial para o momento.

Fiz toda esta explanação – prometo que tentei simplificar – para traçar um comparativo com o atual momento do GEB. Em anos anteriores, e ainda é o que ocorre na maioria dos clubes, montava-se projetos com o objetivo de sermos campeões. Olhava-se lá para a frente. Toda a proposta de trabalho era visando o título. Desde as contratações, até o discurso para a Torcida. A medida que o campeonato ia transcorrendo, e a verdade dos fatos prevalecendo, começava a etapa das desculpas, dos gastos não previstos e das tentativas de mudança de curso. Em outras palavras: a qualidade ia para as cucuias, o custo aumentava e o escopo ficava o que fosse possível salvar. Só não se mexia no tempo, porque em um campeonato esse é imutável. Frustração.

Desde a chegada do Rogério Zimmermann a proposta de trabalho mudou. Montou-se um grupo coeso, com características técnicas e pessoais definidas. Um grupo homogêneo para trabalhar no longo prazo, mas com objetivos de curto prazo. Em vez de traçar um único e grande objetivo lá na frente, foram definidos objetivos de curto prazo, sendo que um novo objetivo é definido a partir do momento que o anterior for conquistado. Isto possibilita a obtenção de várias e frequentes conquistas, o que mantém o ego em alta. Se por acaso houver uma frustração em decorrência do objetivo não conquistado, há outro na sequência para ser perseguido, mantendo o ânimo. Os ajustes necessários também são mais simples de serem feitos, pois refletem o momento e não um futuro incerto e até improvável.

Vamos ser campeões Gaúchos? Não sei. Isto ainda nem foi pensado e nem é prioritário neste momento. O objetivo agora é ganhar do Zequinha na próxima quarta-feira e com isto conquistar a vaga na Série D do Campeonato Nacional. O depois é depois. Agora é pensar, planejar e preparar a equipe para a próxima apresentação. Um passo de cada vez, ou como diria a minha avó “É de grão em grão que a galinha enche o papo”.


Ivan Schuster

Honrando a cidade

Xavante vence em Lajeado e garante classificação para a próxima fase do Gauchão 2014

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Ricardo Schneider corre para os braços da Torcida Xavante. Foto: Carlos Insaurriaga

Segundo objetivo alcançado, estamos classificados para a próxima fase do Gauchão 2014. Objetivo cumprido depois de uma grande vitória contra o Lajeadense, em Lajeado, na tarde desse domingo por 1 a 0. O gol da vitória Xavante veio aos 43 minutos da segunda etapa marcado por Ricardo Schneider de cabeça, após cruzamento perfeito de Rafael Forster. Schneider que havia entrado no lugar do zagueiro Evaldo que saiu contundido, assim como Fernando Cardozo que deu lugar a Ricardo Bierhals.

Mas é impressionante essa campanha do Brasil. Passou mais um jogo sem levar gols e venceu a sua terceira partida fora de casa. Fora de casa, aliás, só perdeu para o Inter naquele jogo injusto no Beira-Rio. Foi-se o tempo em que todo torcedor Xavante se borrava quando ia jogar fora de casa, contra o Juventude em casa, contra o Caxias no Centenário. A confiança é gigantesca nesse time. Agora vem o terceiro objetivo, a vaga da Série D. E para isso precisamos de apenas mais um ponto nas próximas duas partidas. Jogamos contra o São José em Porto Alegre e contra o Veranópolis na Baixada. Além disso, ainda podemos terminar a primeira fase com a segunda melhor campanha do campeonato, atrás apenas do Inter. Aí sim, o que vier depois disso é lucro e festa.

Antes de irmos ao material multimídia, que dia é amanhã mesmo?

CLASSIFICAÇÃO
Imagens do Site Esportche.

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FICHA TÉCNICA

Lajeadense: Eduardo Martini, Léo Paulista, Everton, Márcio Goiano (Igor) e Marabá, Japa (Lima), Renan Oliveira, Mateus, Gustavo, Cleberson e Éber (Gustavo). Técnico: Fabiano Daitx.
G.E.Brasil: Luiz Muller, Wender, Evaldo (Ricardo Schneider), Fernando Cardozo (Ricardo Bierhals) e Rafael Forster; Leandro Leite, Washington, Cleiton e Túlio Souza; Alex Aamdo e Léo Dias (Dinei). Técnico: Rogério Zimmermann.
Arbitragem: Fabrício Neves Correa, auxiliado por Maurício Coelho Penna e Julio Espinoza de Freitas.
Gol: Ricardo Schneider aos 43′ do 2º tempo.

FOTOS


VÍDEO

O gol – TV Xavante


ÁUDIOS

*capturados da Rádio Pelotense AM

Pedimos desculpas pela má qualidade de alguns áudios, mas a transmissão da rádio estava um pouco ruim hoje.