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Falando em arroz | Ivan H. Schuster

Nesta terça-feira estive em Pelotas para prestigiar a palestra do meu sócio na abertura da Expoarroz, evento que acontece no Centro de Eventos da Fenadoce. Por sinal, com excelente organização. Pois para minha alegria, tive o prazer de encontrar e conversar com um ex-professor meu, lá dos memoráveis tempos do Colégio Municipal Pelotense, o prof. Moacir Cardoso Elias.

Tenho o maior carinho e respeito pelo prof. Moacir. Isento-o publicamente de qualquer culpa das notas que eu tirava. Para que uma comunicação ocorra de forma efetiva – e a comunicação é o principal veículo do ensino – é fundamental que o transmissor e o receptor estejam em sintonia e atuando de forma colaborativa. Não era o meu caso. Levei um ano a mais para aprender que se eu prestasse atenção às aulas, necessitaria de menos esforço em casa e também obteria melhores resultados. Mas aí, o prof. Moacir já não era mais meu professor. Perdi a oportunidade. A vida é dura, companheiro.

Sabedor que o prof. Moacir é o presidente do conselho do co-irmão, falei com ele sobre a recusa de nos alugarem o estádio dos 36 degraus. Não vou entrar em detalhes sobre a nossa conversa, porque foi uma conversa informal e entre amigos que não se viam há uns 40 anos, mas a impressão que fiquei é que há uma grande briga de egos, fortemente alicerçada em intolerância e birra, de ambas as partes. Ao invés de deixarem o embate restrito ao campo esportivo, ficam fazendo beicinho e virando o rosto um para o outro.

Os clubes do interior gaúcho, sem excessão, estão numa merda monstruosa. Não há um clube sequer que não tenha colocado até a própria mãe de seu presidente em garantia no banco. Só o presidente da FGF, sr. Francisco Novelletto, consegue ver evolução e sucesso no Campeonato Gaúcho. Eu vejo clubes com situação financeira a beira da falência, muitos fechando, e públicos ridículos nos estádios. Fala-se no aumento da verba da televisão destinada aos clubes – uma espécie de esmola usada como fator de coerção e achacamento – como se isto fosse o mais importante, ou mesmo que fosse resolver alguma coisa. O resultado é fácil de ser visto. Temos uma federação com prédio suntuoso e os clubes gaúchos definhando. É certo que no longo prazo estaremos todos mortos, mas do jeito que a coisa vai, possivelmente não haverá longo prazo.

Pois numa situação destas, Brasil e Pelotas, ao invés de procurarem união em busca de soluções para crescerem e se fortificarem, ficam de tititi e nhém-nhém-nhém que os levará a lugar algum, que não ao vale do caos e do desespero. Os argumentos expostos para uma não união são infantis, sem objetividade e sem praticidade. Não conseguem enxergar um ganha-ganha. A preocupação não é em ganhar, mas em fazer o outro perder, mesmo que isto acarrete em uma derrota dupla. É alucinante, para não dizer estúpido.

Eu continuo achando que se deveria trabalhar pela construção de um estádio municipal único, com participação do governo municipal e empresários, que possibilitasse os clubes venderem seus estádios que hoje possuem, investindo fortemente na construção de centros de treinamento, estrutura social e categorias de base. Sei que é um projeto longe de ser realizado, mas o que me deixa indignado não são as dificuldades operacionais, de recursos, legislação e tal, mas as razões expostas para sequer iniciarem uma conversa sobre este tema.

E é isto. Vou chorar. Acho que estou meio deprimido. Talvez esteja sofrendo de abstinência de ver o meu Xavante em campo. Logo começará o Campeonato Nacional 2015 – Série C e tudo voltará ao seu lugar, ou não.

Abs.


Ivan H. Schuster

Onda Xavante – Porto Alegre/RS

 

Coração e alma | Ivan H. Schuster

Com mais de meio século nas costas, aprendi que nada acontece por acaso. Não há conquista que não tenha sido fruto de muito trabalho. Até para ganhar na Megasena tem que tirar a bunda da cadeira e ir fazer a aposta. Gosto muito da frase que diz que “a sorte é a esquina da oportunidade com a competência”. Da mesma forma foi muito boa a resposta do golfista norte americano Tiger Woods, quando questionado sobre a sorte de ter feito um “hole in one” – quando o golfista acerta o buraco em um única tacada –, “sim, quanto mais treino mais sorte tenho”.

Desculpem-me os que acham que rezando para algum santo ou alguma santa, ou mesmo diretamente a Deus, irá fazer alguma diferença na hora da cobrança do pênalti ou mesmo no resultado de uma partida. Não consigo ser convencido da efetividade disto. Primeiro, porque Deus, ou qualquer outra entidade divina, e sem entrar no mérito existencial, certamente possui muito mais o que fazer do que ficar se preocupando com uma partida de futebol. Segundo, porque do outro lado certamente há aqueles que rezam para que ocorra o inverso. A quem atender, ao cobrador ou ao goleiro? O que me leva a ficar imaginando quais seriam os fatores de julgamento e decisão para uma intervenção divina. Complicado.

Assim, dentro da minha limitação intelectual e espiritual, só vejo uma forma de seguirmos em frente, avançando nas conquistas de forma segura e crescente: trabalho, muito trabalho. Nada acontecerá se não houver a participação e engajamento de forma maciça e intensa da Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do Estado do RS. Se hoje somos a torcida que tem um time, teremos que ser também a torcida que construiu um estádio.

O Campeonato Brasileiro 2015 – Série C começará em poucos dias e não temos ainda um local para mandar nossas apresentações. Talvez tenhamos que ir longe de casa. Isto significa mais desgaste físico, custo adicional e restrição de receita. Como superar estas adversidades? Com a participação e sustentação daqueles que são a razão do clube existir, os sócios. Não adianta ficar noites sem dormir, rezar, fazer promessa, proclamar-se o mais Xavante de todos. Tem que ser sócio e pagar a mensalidade em dia. Nada é mais importante e mais efetivo do que termos um quadro social forte e participativo. Mas …, dirão alguns. Não tem mas, respondo. É isto ou voltaremos a chafurdar na lama, junto àqueles que não ouso declinar os nomes.

Há quem imagine estar tendo prejuízo por pagar a mensalidade e não ter apresentação para assistir. Pois eu acho o contrário. Na verdade, vejo-nos como privilegiados. Privilegiados por estarmos vivendo este momento que deverá ser um marco histórico. O tempo em que uma torcida fez a diferença sem ir ao estádio apoiar o seu time. No futuro, contarão que em 2015 a Torcida Xavante se mobilizou e não apenas garantiu recursos financeiros para manter um grupo competitivo de atletas, como ainda construiu um estádio. A hora de cada um de nós, Xavantes, colocar o nome nesta história é agora.

A empreitada não é fácil. Acredito que teremos que ser muito criativos e tentar ações amplas e arrojadas. Sair fora da casinha, expandir os horizontes, olhar para além da Ponte do Retiro. Torcedores Xavantes, somos alguns milhares; pelotenses, algumas centenas de milhares; brasileiros, somos duas centenas de milhões; e, em todo o planeta, somos vários bilhões de habitantes. O que isto significa? Que quanto mais amplo olharmos, maior será a base e menos de cada um necessitaremos. Nada demonstrou isto melhor do que a internet. O caminho é por aí.

Eu acredito muito no potencial da marca Torcedor Xavante. Aposto que se for feita uma pesquisa entre os Gaúchos para dizerem os dois clubes que mais simpatizam, seremos o mais votado. Ganharemos com grande margem. E a razão é simples, a esmagadora maioria dos torcedores da dupla gre-nal tem no GEB o seu clube do interior preferido. Não é achismo, é fato. Quem mora em Porto Alegre sabe. Vivenciamos isto no dia-a-dia. Como também é fato, termos tido recentemente, quando das apresentações frente ao Flamengo pela Copa do Brasil 2015, uma divulgação enorme sobre a nossa história e luta. Fomos caracterizados com um dos últimos clubes de futebol do Brasil que ainda cultiva o tradicional modo de fazer futebol e torcer. A torcida que tem um time. Temos que tirar proveito disto. Criar algo novo, ambicioso e amplo é preciso.

Encerro com uma frase que me passaram esta semana: “Nós, Torcedores Xavantes, não torcemos com o coração, porque este um dia parará. Nós torcemos com a alma, pois esta é eterna”.

Abs.


Ivan H. Schuster

Onda Xavante – Porto Alegre/RS

Bixisse | Ivan H. Schuster

Vivemos um momento maravilhoso. Nosso clube e nosso time estão superando todas as expectativas. Não há corneteiro com fôlego para assoprar um apito sequer. Se bem que vaias foram ouvidas em nossa última apresentação na Boca do Lobo. Não entendi bem o que vaiavam. Talvez, os que vaiaram, o fizeram em decorrência de uma culpa enorme da própria condição de ser corneteiro. Uma espécie de autovaia. Como são viciados em cornetagem e sem ter o que cornetar, vaiaram a si próprios. Deve ter sido isto. A corneta da corneta. Freud deve explicar.

Se estamos bem em campo, também atravessamos um momento de muita apreensão e angústia do lado de fora. A questão da interdição do Bento Freitas é preocupante. Não apenas para o Gauchão, como também e principalmente, para o Campeonato Brasileiro 2015 – Série C. E aí, companheiro, tenho que manifestar a minha opinião, simples e sincera, em relação a negativa do ECP em nos alugar o estádio da Boca do Lobo, também conhecido como nosso salão de festas. É uma enorme bixisse.

E antes que me acusem e processem, esclareço que não há qualquer discriminação a sexualidade de quem quer que seja, aliás, o uso do termo aqui não é discriminatório em forma alguma. É apenas para identificar, classificar, uma forma de agir. Para mim, bixisse é colocar açúcar para adoçar o mate; é levar almofadinha para o estádio para sentar no fofinho; é não ir ao jogo para não perder a novela; é tomar clericot. Se bem que pedir clericot é pior do que tomar; é gritar “ui, ui, ui” quando leva um susto; é xingar o bandeirinha chamando-o de desavergonhado; ou, como no caso aqui tratado, fazer beicinho para nos alugarem o estádio porque estão sendo zombados. Que fofuxos! Só que não.

É comentado em larga escala que o clube deles atravessa uma fase muito além da ruim. Para ficar ruim, teriam que melhorar muito. É sabido que devem quatro velas para cada santo. Até o sapateiro está atrasado. Estão tendo que vender a janta para pagar o almoço ou, como diria a minha avó, estão fritando merda para comer como torresmo. Foram noticiados casos de vários jogadores que foram embora por questões salariais. E aí negam uma oportunidade de faturarem uns oitenta mil reais por mês, ou mais, porque “eles vão mexer comigo”? Isto não é só bixisse, é muita bixisse. Bixisse em larga escala. Bixisse ampla, geral e irrestrita.

Só fico imaginando a cara-de-pau do dirigente tentando explicar para os jogadores que não irão pagar os salários devidos e que vão ter que comer sopa de repolho com milho e asa de galinha, mais uma vez, porque o clube está sem recurso financeiro. É duro, hein? Será que aqueles que estão preocupados com a gozação vão colocar a mão no bolso para cobrir o que falta? Difícil, muito difícil. Bater em dirigente é fácil, quero ver é pagar a conta. Estão trocando uma receita que jamais ganharam de qualquer patrocinador, acho até que nem somando todos, para não sofrerem com gozações? Perdem a honra, mas não a pose. É companheiro, a vida é dura. Ao final da segundona saberemos a falta que estes recursos fizeram.

Mas hoje é dia de muita alegria. Pelo menos para nós, Xavantes. Terminamos a primeira fase do Gauchão/2015 com a maior pontuação entre os times, excetuando a dupla gre-nal, juntamente com o Ypiranga de Erechim. Fizemos a melhor pontuação pelo segundo ano consecutivo. Até agora, atingimos todos os nossos objetivos. Não é pouca coisa. Ao contrário, é tudibão.

Para completar este grandioso momento, como uma espécie de prêmio extra, os Polenta, comandados pelo inesquecível sr. Alex Brasil, se foram ladeira abaixo. Em 2016 chafurdarão na lama que hoje já é habitada por lobos. Que momento! Chora polenteiro! Fico só imaginando a turma da Xuxa, componentes da Solange Grená, fazendo coreografias em Sapucaia do Sul, Camaquã, Sapiranga, …Que visão maravilhosa! Uma visão do inferno, mas maravilhosa.

Obviamente o sr. Alex Brasil vai cair fora rapidinho. Pode-se até questionar o caráter dele, mas não é burro. Vai zarpar cedo. Se é que já não zarpou. E não duvidem que ainda deixe um processo de lembrança. O meu desejo é de que permanecesse por um longo tempo. Aí eu teria certeza que não voltariam tão cedo. Pois todos, clube, torcida e Alex Brasil, se merecem.

Abs.


 

Ivan H. Schuster

Onda Xavante – Porto Alegre/RS