Preocupante, muito preocupante

Por Antônio Roxo

Utilizo as palavras do técnico RZ, recentemente re-conduzido ao cargo, para falar de uma outra situação para mim – e para alguns poucos torcedores – tão ou mais angustiante do que a que ele se refere.

Não há dúvida que, à medida que enxergamos a possibilidade do rebaixamento experimentemos a sensação do apenado no corredor da morte. Diferentemente deste, julgado culpado pela lei e por isso, talvez, resignado, não conseguimos enxergar onde está nossa culpa nessa história. Ainda que seja atribuída à torcida uma espécie de responsabilidade atávica – tanto para o bem quanto para o mal – fico pensando em qual ingerência essa massa disforme e desorganizada tem nas decisões dentro do Clube. Que papel outro a metafísica torcida teria de ter senão … torcer?! Associar-se, pagar a mensalidade? Sim é verdade, porém há quanto tempo não há outro discurso no Bento Freitas senão o da falta de recursos. Que credibilidade pode-se dar as frequentes declarações de falta de recurso para tudo?
Esclarecedora e ao mesmo tempo estarrecedora a entrevista do vice de patrimônio Eduardo Fagundes (publicada pelo repórter Eduardo Torres) a qual transcrevo os tópicos:

“A parceria com a Porto 5 é a seguinte: eles nos dão a parte de concreto e os guarda corpos. Ao Brasil cabe o PPCI e a parte inferior(estrutural).

“A Porto 5 é uma grande parceira. Se alguém tem culpa na demora não é ela, e sim o Grêmio Esportivo Brasil.”

“Acredito que daqui 15 dias a Porto 5 nos entrega a parte dela. Aí é com o Brasil. Acredito que o mínimo para liberação gire em torno de 80 mil reais.”

“O CLUBE NÃO LIBERA UM REAL PARA O PATRIMÔNIO, pois a prioridade é a série B. E nós vamos tentando arrecadar com pessoas próximas e conselheiros, mas não está fácil.”

“Existe uma idéia, nada confirmado, de não utilizar a JK no Gauchão para celeridade da obra. Se for necessário usar, talvez se use a metade, para seguir tocando a obra. Seria o mais viável.”

“NÃO ENTRA NENHUM REAL DE COTA DA CBF, NEM DOS SÓCIOS PARA O PATRIMÔNIO. Antes de ser vice, ainda no conselho, eu já havia sugerido que uma porcentagem da receita fosse destinado ao patrimônio, pelo menos para a manutenção do próprio.”

“A minha relação com a atual diretoria não é tão boa, pois em algumas situações eu penso um pouco diferente deles, mas respeito totalmente.”

“O Brasil tem que ser mais democrático. No regime presidencialista, totalmente presidencialista, se o Ricardo não quer, não acontece.”

“Eu e o Nilton Pinheiro fizemos quase uma diretoria paralela. Para não atrapalhar o presidente e para tocarmos área importantes no clube. O Ricardinho nos deixou trabalhar, e o Selmar(Pintado) foi outro que nos ajudou bastante.”

“Um clube pequeno como o nosso, não pode abrir mão de perder pessoas. Nesses últimos anos perdemos pessoas importantíssimas como Homero Klauck, Ballverdu e o Cláudio Montanelli.”

“A informação que tenho do presidente é de que após a renegociação, o valor do aluguel da arquibancada da JK ficou em cerca de 20 mil/jogo.”

Ouve-se amiúde que o acesso à divisões maiores do futebol é, tanto mais que o objetivo precípuo de toda agremiação, também o acesso a cotas de dinheiro progressivamente maiores e fundamentais para o crescimento desta agremiação. Obtivemos os tão sonhados acessos. E onde estão os aportes financeiros que não repercutem em planejamento, contratações compatíveis com a complexidade dos certames e da manutenção das despesas fixas do Clube?
Um amontoado de informações obtusas que, ao final, revelam o quanto o Clube é tratado com desrespeito pela própria torcida que compra, aceita, avaliza e se lambuza com a forma com que ocorre a administração. Tenho que concordar que o tamanho que teremos é aquele que quisermos mesmo! O que tem imperado é a festa, a idolatria cega, a falta de planejamento, o messianismo.
Lamentável ver o que vivemos neste momento. Infelizmente a mentalidade não acompanhou e insiste em não acompanhar. Está aí a ausência de qualquer alternativa a administração anterior (que teve seu mérito e seu tempo) e que agora claramente se atrapalhou.
Parece mesmo que o Grêmio Esportivo Brasil, a exemplo de tantas coisas nesse orgulhoso fim de mundo, viverá sempre de glórias conseguidas quase ao acaso e sempre no passado.
É uma pena constatar – depois de 107 anos de existência – que uma possível mudança de pensamento é uma quase perda de identidade. E isso pelo próprio torcedor.! Triste que um Clube de Fubebol, um Patrimônio da Alma dos Negrinhos da Estação, ainda ter em suas arquibancadas (e cadeiras cativas) pessoas que estufam o peito para dizer na Baixada as coisas sempre funcionaram e continuarão a funcionar desse jeito.
Levantei a bola para a cortada; “está reclamando, então pega!”. Resposta pronta de sempre! Como torcedores, independentemente de associados ou não, temos sim o direito de explicações mais claras pois é exatamente essa desorganização que faz com que exista um número tão pequeno de pessoas que preferem vendar seus olhos, reclamar nas conversas informais e todo mês pagar sua mensalidade.
Não preciso ser sócio da CBVB para questionar sua administração e fazer críticas ao desempenho da seleção brasileira de voley.

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