O Brasil está preparado para o primeiro semestre

Por Pedro Henrique Costa Krüger

O Grêmio Esportivo Brasil estreia no próximo sábado (19) contra o Caxias, no estádio Bento Freitas. Após a manutenção na segunda divisão nacional, o clube que representa a terceira força do estado precisou remontar-se. Mudou treinador, perdeu jogadores importantes, mas também obteve êxito com renovações e contratações que animaram a torcida.

 

Além do Gauchão, o Xavante tem a Copa do Brasil pela frente e a tendência, com base no que temos até o momento, é de um início forte e promissor. Abaixo, elenco alguns dos fatores que me fazem apostar nisso.

 

O grupo de jogadores

 

Após a confirmação da não permanência de Rogério Zimmermann e a contratação de Paulo Roberto Santos, ex-São Bento e Sampaio Corrêa, as primeiras informações davam conta de que o grupo Xavante teria em torno de 25 atletas, incluindo jogadores da base. No entanto, o Brasil tem atualmente 29 jogadores (contando com Pereira, lesionado).

 

O próprio novo treinador apresenta boas referências. Experiente, com 58 anos de idade, traçou no São Bento uma trajetória semelhante a de RZ no Brasil. Em 2018, quando deixou o clube de Sorocaba, Paulo Roberto era o treinador mais longevo do futebol brasileiro. Foram quase mil dias no comando do azulão, levando-o da Série A3 do Paulista até a Série B do Brasileiro. Outra característica destacada por muitos é a capacidade de montar bons elencos.

 

Pode-se dizer que o grupo – que tem médias de 1,81 m de altura e 28 anos de idade -, é uma mescla de experiência e juventude. É no setor defensivo que estão os jogadores mais rodados e, talvez, com mais entrosamento. Os zagueiros Leandro Camilo, Heverton e Nirley jogam juntos há mais tempo pelo clube; salienta-se ainda, por exemplo, que Heverton conhece de longa data os laterais Helder e Pará, desde que os três jogaram juntos no recém-rebaixado Juventude.

 

Um pouco mais à frente, outros velhos conhecidos: Leandro Leite “reencontrou” Washington, com quem fez dupla na Baixada entre 2012 e 2016. Apesar de jogar mais avançado, é possível colocar nessa conta outro velho conhecido, Diogo Oliveira. Outros recém-chegados também se conhecem, como Velicka e Boquita, ambos ex-CSA.

 

No ataque, Branquinho volta a ser companheiro de Diogo Oliveira. A juventude, enfim, aparece em nomes como Douglas Baggio (23), Wesley Santos (22) e Fernandinho (24), que jogam mais pelos lados do campo, além de Fabrício (18), promovido da base rubro-negra. Destaca-se, por fim, apesar de haver mais jogadores para o setor, o centroavante Michel, duas vezes goleador do campeonato gaúcho, que permanece no Bento Freitas.

 

Elenco de Série B. Com base na carreira da maioria dos jogadores, é um time apto para a segunda divisão nacional. Com exceção de Wesley Santos, ex-São Bernardo e ASA (com o qual disputou a Série D), todos os novos contratados disputaram pela uma vez a Série B nos últimos dois anos, ou têm trajetória nessa competição, como é o caso de Washington, que estava no Japão, e Bruno Aguiar, ex-Joinville.

 

Por tudo isso a minha expectativa e de parte da torcida é de um forte campeonato estadual; e a imprensa mantém a mesma aposta, colocando o Brasil como favorito no interior.

 

As possibilidades na Copa do Brasil

 

Longe de ser uma pedra no sapato, a Copa do Brasil é financeiramente espetacular e pode dar o fôlego que o clube precisa. Apenas por disputar a primeira fase, o Xavante embolsará R$ 525 mil. Se avançar, mais R$ 625 mil. A partir da terceira fase, cotas iguais para todos e renda apenas para o mandante. Os valores vão de R$ 1 milhão e 450 mil na terceira fase até R$ 3 milhões e 150 mil nas quartas de final.

 

De 2013 para cá será a quarta participação Xavante na competição, que enfrenta em 2019 o catarinense Tubarão, no estádio Domingos Silveira Gonzales. Pela primeira vez o time da Baixada não enfrentará um clube da primeira divisão nacional e o empate basta em solo catarinense para uma classificação à segunda fase.

 

Em tese, é o caminho mais fácil desde sempre. Na prática, o Brasil vai enfrentar um clube que está se estruturando e que acumulou nos últimos dois anos a conquista da Copa Santa Catarina, a terceira colocação no estadual e as vagas à Série D do campeonato brasileiro e à Copa do Brasil.

 

O fator torcida

 

É chover no molhado, mas a torcida do Brasil faz a diferença. Ao contrário de muitas opiniões, as quais respeito, acredito que a Maior e Mais Fiel cumpre muito bem o seu papel. O número de associados, por exemplo, apesar de cair no fim do ano, é satisfatório. Durante o decorrer das competições é normal ouvir que o clube possui mais de 4 mil associados.

 

Em defesa desse número, utilizamos o seguinte cálculo no podcast Xavacast: estima-se, a partir de uma pesquisa realizada em 2008 pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), que pelo menos 85 mil pessoas residentes em Pelotas são torcedoras do Brasil. Ou seja, com 4.500 sócios, pouco mais de 5% da torcida está associada ao clube!

 

É um número impressionante. Para efeito de comparação, o Brasil tem, proporcionalmente, mais sócios que o Internacional de Porto Alegre! O colorado tem 2% de sua torcida associada ao clube – foram calculados, em números aproximados, cerca de 110 mil sócios em um universo de 5 milhões e 600 mil adeptos espalhados pelo país.

 

É possível, no entanto, que a torcida ultrapasse a marca de 5 mil associados durante o ano. Afinal, é diferenciada o bastante para isso. Somente não concordo com a forma com que as cobranças muitas vezes são feitas aos rubro-negros. Os números estão aí para provar que a Xavantada é, e sempre foi, o principal pilar do Grêmio Esportivo Brasil.

 

2019, um ano histórico

Eu não ignoro estatísticas nem datas importantes. Em 2019 completa-se 100 anos do primeiro campeonato gaúcho da história, que foi vencido pelo Xavante com um inapelável placar de 5 a 1 contra o Grêmio em Porto Alegre.

 

Outra data importante, apesar de triste, são os dez anos do acidente. Os fracassos futebolísticos decorrentes disso foram superados dentro do estado e fora dele nos últimos anos, levando o clube dos Negrinhos da Estação a estar entre os 40 principais do país. Os ídolos foram honrados e mais um Gauchão está a caminho.

 

São marcas mais do que suficientes para motivar time e torcida, uma combinação temida há 107 anos.

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