Arquivo do Autor: Daniel Brahm

Brasil encardido

Por Pedro Henrique Costa Krüger

Publicado em TodaCancha.com

Se há um elogio cujo me enche de orgulho é o que rotula o Grêmio Esportivo Brasil como um “time encardido”. Na noite de sábado, após a derrota para o Vasco da Gama no velho São Januário, os comentaristas da ESPN Brasil fizeram uso dessa expressão após exibirem os melhores momentos da partida.

E o time dos Negrinhos da Estação foi mesmo encardido. Apesar dos dois gols sofridos, um em cada tempo, tivemos diversas chances (algumas inacreditáveis) de vazar a defesa cruzmaltina. O toque de bola foi muito bem, obrigado, especialmente no segundo tempo, e fizemos uma partida digna de um clube que ocupa uma 7ª posição de Campeonato Brasileiro Série B.

É preciso, ainda, destacar a partida espetacular do capitão Leandro Leite, que mais uma vez chamou para si a responsabilidade de liderar os jogadores dentro de campo, sem esquecer, é claro, de jogar futebol. Sem dúvida foi a melhor atuação do capitão Xavante no ano.

Apesar do revés, o mais previsível desde o começo da B, chegamos à inevitável e feliz conclusão de que temos time para permanecer na atual divisão nacional – e com um pouquinho mais de força lá na frente é possível surpreender um bocado mais.

Quanto ao Vasco, Nenê é o diferencial. Poucos times no país têm hoje um jogador como ele. Luan, na zaga, que inclusive vai estar nos jogos olímpicos no Rio de Janeiro, é outro grande destaque. Coincidência ou não, ambos foram os marcadores da noite. Porém, há de ter volta e ela vai ser em uma Baixada abarrotada de gente sedenta por vitória, como historicamente é.

Nossa atenção se volta ao Vila Nova-GO, neste sábado. Precisamos de mais uma vitória em casa para seguirmos representando a cidade de Pelotas e o interior gaúcho país afora, encardido como nenhum outro.

Nota de agradecimento ao Grêmio Esportivo Brasil

IMG_8281

Na última sexta-feira tive o privilégio de ser um dos sorteados para viajar no ônibus Xavante com destino a Caxias do Sul.

Desde a comunicação da premiação até o nosso retorno a cidade só tenho a ressaltar a organização do Clube e de todos os envolvidos por esta brilhante ação de marketing. Depois de tantos anos acompanhando o Xavante fora de Pelotas seria impensável para eu, um dia, viajar no ônibus oficial com grandes pessoas que trabalham e constroem o dia a dia do nosso G.E.Brasil.

Meus agradecimentos à assessoria de imprensa na pessoa do Carlos Insaurriaga, do Administrativo André Boanova, dos motoristas  Marcio  Borges e Elton Borges, do nosso mordomo Oscar Lopes e demais responsáveis por esta brilhante  ação junto aos sócios e, fundamentalmente, do presidente Ricardo Fonseca que faz uma administração no mínimo épica frente ao nosso clube.

Além desses, conheci e pude conversar com grandes xavantes como Gilson Brasil Maio, Volmer Peres, Roberson Fickel e o Dadá da Todex – pessoas que ficam longe dos holofotes, mas que dão um duro danado pelo nosso clube. Peço perdão se esqueci de alguém, mas viajar com todas essas regalias e ainda trazer os 3 pontos num clássico local podem/devem ter afetado a minha memória!

Para finalizar tenho que dizer que tão bom quanto torcer para o Xavante é confraternizar com esses grandes amigos que fizemos e continuamos fazendo na Onda Xavante, XaSerra e demais torcedores que mesmo sem vínculo com os núcleos são apaixonados e dividem o mesmo sentimento por esse clube.

Que mais promoções venham e que mais sócios desfrutem desse momento!

Abs,

Daniel Brahm / Blog Xavante

 

 

Fim da ressaca | Ivan Schuster

Esta última semana foi de ressaca. Aquela sensação de “Que noite!”. Corpo dolorido, cabeça pesada, mas alma leve. Foi bom. Foi muito bom. As memórias dos bons momentos são inúmeras. A lembrança das sensações serão eternas. Não tem como esquecer o que vivemos e sentimos. Os nossos últimos dois anos foram de muita intensidade, apreensão e alegria. Depois de um período duro, cheio de tristeza e decepções, renascemos. Tamo grandão. É nóis!

Vi e ouvi muitas entrevistas dos nossos guerreiros, diretores e equipe técnica. A clareza e a coerência de raciocínio do Rogério Zimmermann explicam, em muito, o nosso sucesso obtido. As entrevistas com ele só não são melhores e mais proveitosas porque os entrevistadores insistem em não sair do trivial. São sempre as mesmas perguntas, aquele eterno blá-blá-blá do 4-3-3, 4-4-2, …, que leva a lugar algum. Criatividade zero, com profundidade de um pingo d’água. Não discute-se problemas e soluções, mas procura-se intrigas e manchetes. Só “arrodeiam”. Já é hora de repensarem e modernizarem a imprensa esportiva pelotense. Falam da falta de profissionalismo nos nossos clubes, mas a qualidade dos programas esportivos é de doer. Modernizar é preciso.

Em quase todas as entrevistas que concedeu, o Rogério deixou claro que muito foi feito e muito foi alcançado. Tudo fruto de muito trabalho, planejamento e apoio imprescindível da diretoria, principalmente do presidente Ricardo Fonseca.

Saímos do lodo fecal, onde chafurdávamos agonizantemente, e conseguimos o nosso lugar ao sol, em ambiente limpo, seco e arejado. Entretanto, os nossos problemas não terminaram, apenas mudaram de intensidade e dimensão. Para continuarmos o nosso caminho de crescimento, precisamos fazer muito mais. E este fazer significa capacidade de investimento. Muito investimento. Principalmente investimento em estrutura. Fazer futebol não é apenas contratar bons jogadores. Precisamos urgentemente quitar os nossos compromissos financeiros, concluir o CT e o campo suplementar, reforçar/refazer a iluminação e construir uma nova arquibancada na lateral do campo. Não é pouca coisa, apesar de ser apenas o emergencial. E nem falei do time para 2015.

Eu imagino a angústia sofrida em toda a temporada pela diretoria e comissão técnica. A vontade e necessidade de fazer, mas não ter condições. O time correndo em campo e o caixa vazio. Se não bastasse isto tudo, ainda tem a corneta comendo solta. Acreditem, mesmo com a nossa campanha vitoriosa, teve corneta sim. E muita. Um clube é um ambiente político e, como tal, a oposição, seja qual for, sempre fala em um tom de sabedoria professoral. É mais fácil ser crítico do que executor.

Mesmo entendendo estas questões, achei inadequada e inoportuna as declarações do nosso presidente Ricardo Fonseca após o término da final em Muriaé. Foram palavras muito fortes, com muita amplitude e sem nenhuma consequência benéfica para ele, Ricardo Fonseca, e muito menos para o clube. O momento deveria ser de sinalizar a necessidade de união e não de revanchismo e auto-consagração.

Não sei como faremos para superar os nossos desafios e adversidades. O que sei é que precisaremos de união, muita união. O apoio da Torcida Xavante este ano foi imenso. Nunca tivemos tantos sócios. Mesmo assim não foi possível cumprir com os nossos compromissos. Chegamos ao final da temporada ainda devendo salários. Como continuaremos a crescer, sendo que a partir de agora as necessidades serão maiores?

Disse o Mauro Cézar Pereira(ESPN) que o GEB é uma resistência ao futebol moderno, em referência a ainda não termos nos entregue aos especuladores, aproveitadores e sangue-sugas, que se apresentam com empresários e investidores. Ainda somos um clube feito por e para os torcedores. Inclusive, salientou que a nossa derrota na final foi uma derrota do futebol para o capital. Faço minhas as palavras dele e torço desesperadamente para que consigamos nos manter assim, independentes e apaixonante.

Abs.


Ivan Schuster
Onda Xavante

A maior de todas as taças

Pensei em contar esta história partindo do pressuposto de que coube ao Brasil de Pelotas consolidar a utopia de Juscelino. A Brasília criada pelo presidente que pensava ao longe, concebida para nos solidificar geográfica e moralmente como país, assumiu o papel centralizador de nossas safadezas. No país imaginário onde vivemos, só habita gente honrada e honesta, impedida de se tornar uma Suécia pelos inquilinos do Planalto Central.

Mesmo sem compactuar com esta visão simplista, vesti a camisa da Pênalti da temporada de 1998, a mesma envergada no jogo vencido em campo e perdido nos tribunais lá em Santo André, três espinhosos anos atrás. A opção pelo figurino da partida do rebaixamento refletia meu desejo de encerrar um ciclo sombrio e imerecido. Brasília ia enfim patrocinar a Justiça, pelo menos para um bando de brasileiros ao Sul do Sul. Bem, este era o roteiro mentalmente formulado. Mas o que houve na tarde de 19 de outubro de 2014 foi algo emocionalmente tão denso, que recorrer a um clichê seria desonesto – com Brasília e conosco.

Enquanto dedilho este texto, lá se foram 48 horas desde que, a uns 150 metros de distância, vi o Forster sacolejar a rede dos caras no pênalti derradeiro. Ali perdi os sentidos. Se meu peso não fosse medido em três dígitos, diria que levitei pelas arquibancadas. Quando recuperei a consciência, estava encostado no alambrado do Serejão, gritando frases desconexas de gratidão ao Rogério. Suponho que ele tenha entendido. E até agora estou aprisionado num pensamento incapaz de sair da órbita das emoções vividas no final de semana.

Lembro de um rapazote diante do Congresso Nacional, que, aturdido com a quantidade de gente com a camisa do Xavante, tomou coragem e me abordou.

– Tchê, sou de Pelotas, sou xavante, mas moro há muito tempo fora. Por que estão tantos de nós circulando pela Esplanda dos Ministérios?

Respondi enciclopedicamente e cassei-lhe o direito de se declarar xavante. Não existe xavante não praticante. Ou se é, ou não se é. Ponto. Cumpra-se.

Lembro do Vanderlei do Free Shop do Aeroporto de Brasília. Veio até nós, quando corríamos para não perder o voo de volta a Sampa, salivante, perguntando quanto fora o jogo. Revelou ser sócio do clube e praguejou contra o patrão, insensível a ponto de negar-lhe uma folga em dia estratégico. Mas estranhei a narrativa feita num pronunciado sotaque do Cerrado, algo entre o mineiro e o baiano.

– Sou de Brasília, mas vivi durante 16 anos em Pelotas. Voltei em abril para cuidar do meu pai, sou filho único. Quando botei os pés na Baixada, no final dos anos 90, desisti de ser flamenguista na hora.

Lembro da forma triunfal como irrompemos o Eixo Monumental na boleia da Kombi do Carlos Leite, colega com quem trabalhei no Vale dos Sinos 15 anos atrás e, a despeito deste distanciamento cronológico, ainda estava suficientemente perto para me buscar no aeroporto. No domingo, já o flagrei vestindo a camisa Wilson, temporada 2011, que lhe presenteei. Valeu, Leite!

ceudebrasilia001

Céu de Brasília no dia do acesso

Lembro do meu ceticismo religioso fraquejando, quando, ansioso, despertei junto com o sol no Distrito Federal. Da janela do hotel, divisei o horizonte tingido de vermelho e preto, como atesta a foto. Não estou daltônico, né? Por favor, atestem minha sanidade mental e ótica! Se o João de Santo Cristo de Faroeste Cabloco ficou bestificado com a cidade, a cidade ficou bestificada com o Xavante.

Lembro, sobretudo, da mais linda reação coletiva vista por mim não só naquela tarde, mas em toda a jornada da quarta divisão. E falo como testemunha privilegiada. Fiz uns cálculos que, divulgados fora de contexto, poderiam inclusive abalar a solidez do meu matrimônio. Rodei 2,2 mil quilômetros e voei 1,3 milhas aéreas atrás do meu clube. Só divulgo os números com alguma segurança porque cheguei a eles sob a companhia carinhosa e paciente da Nêga Velha e dos meninos, por mim arrastados a Itu e Cabo Frio. Estou muito longe de ser o único. Sob os desérticos 35 graus com 15% de umidade de Taguatinga, identifiquei rostos que, um mês antes, estavam sendo acariciados pela brisa do mar na Região dos Lagos. Nunca estivemos tão firmes neste propósito de não deixar o Xavante jogar sozinho.

Falava da cena bonita. Pois bem. Logo depois da vitória, estive à beira de um desmaio, mas, agarrando-me aos sentidos sobreviventes, notei muitos sacando o celular e dedilhando com ansiedade. Quando alguém atendia do outro lado, desabavam em prantos.

– Só consigo lembrar de ti!

Lembrar, lembrar e lembrar. O escritor inglês Nick Horbny diz, em “Febre de Bola”, livro onde narra suas sandices pelo Arsenal, que a obsessão pelo futebol, sobretudo quando o clube ajuda a compor nossa personalidade, é uma manifestação de carência. Porque o que o sujeito deseja, lá no íntimo, é o conforto de sentir os outros lembrando dele ao saber alguma coisa do tal time. Hornby é um sábio. Inventamos obsessões particulares em razão do outro. São os humanos quem nos fazem mais humanos. A gente viaja longe para ficar mais perto.
Acho que a coisa é mais ou menos assim: o Xavante nos ajuda a amar. Não só ele, mas os outros.
E isto, meus amigos, creiam, é a maior de todas as taças.

*

Antes de encerrar, me permitam uma metáfora particular. Comecei esta viagem às 4h da madrugada de sábado, dia 18, na estação Sumaré do metrô paulistano. Viajei sozinho num vagão cortando as entranhas de uma cidade com 11 milhões de habitantes, coisa incomum. No domingo, perto das 19h do dia 19, embarquei no metrô de Brasília numa condição completamente diferente. Desci na estação Concessionárias, em Águas Claras, mas aquele trem jamais descerá de mim.

metrovazio002
A comparação destes dois momentos talvez seja o melhor jeito de representar como o Brasil de Pelotas preenche nossas vidas.

Fotos: arquivo pessoal

Fabrício Cardoso

TIME DE OPERÁRIOS | Vinícius Sinott

Precisaremos mais do que nunca contra o Operário mostrar o espírito que nos trouxe até aqui, ou seja, espírito de operários, trabalhadores, temos este espírito durante todo o tempo de trabalho do Rogério no Brasil, é a maneira dele trabalhar, dedicado,metódico, obstinado, porém convicto o que é o mais importante, confiança e convicção no trabalho.

Dizem alguns que não ganhamos nada ainda, eu não concordo,mas, sei que se não subirmos alguns vão dizer que nada valeu. O Futebol é assim queiramos nós ou não o resultado final é soberano, entendo que crescemos muito nestes últimos anos, dentro e fora de campo, embora de vez em quando retrocedamos demais para meu gosto. Sei que o jogo será difícil, sei que tanto lá como aqui teremos dificuldades, teremos que nos superar  e muito  para chegar ao objetivo, porém para a alegria de muitos e desespero de alguns estão faltando 4 jogos para chegarmos a série C.

 

EU ACREDITO!!!!

 

Abração a todos!!
Vinícius Sinott