Arquivo do Autor: Bruna Porto

DEIXA ELA TRABALHAR

 

Machismo no futebol: Até quando e por qual razão?

Quinta-feira passada (26), a jornalista da rádio gaúcha Eduarda Streb, a Duda, foi alvo de mais um comentário machista vindo de um babaca jornalista, pois ele não passa disso.

Em um debate na sala de redação, falava-se sobre a dupla Grenal. Peninha, o agressor verbal da vez, defendia o lado tricolor e a Eduarda defendia o lado colorado. O assunto era sobre as polêmicas na arbitragem no Sul e no mundo. Por diversas vezes na entrevista, esse homem questionava os outros colegas que estavam no estúdio e ignorava tudo que a Eduarda falava, mesmo sendo tudo coerente e dentro do assunto.

Até que chegou uma hora que o mesmo disse:

Quem colocou essa menina aqui? Volta para a cozinha que é lugar que tu nunca deveria ter saído“.

Na hora, muito sem graça, Eduarda driblou a falta de noção do colega, agiu como uma PROFISSIONAL e seguiu fazendo o que mandava o figurino. Mas isso não quer dizer que não tenha sido extremamente constrangedor. Uma pessoa que estudou, se esforçou e por mérito estava sentada em um local onde homens também ocupavam. Ela não caiu de paraquedas não, meu anjo.

Peninha se viu pressionado pois gerou revolta nas redes sociais e fez aquele pedido hipócrita de desculpa para limpar a imagem, normal do homem quando sabe que fez coisa errada, não é mesmo?

Ele afirmou: “Passei a manhã na cozinha fazendo um almoço para a minha colega Duda Streb. Eu estou convidando a Duda para almoçar, para me desculpar pela piada, não porque era uma piada assim tão ruim. Mas era velha, antiquada. Para mim, cozinha é um dos lugares mais sagrados da casa. Eu mesmo morei em Gramado por anos e ‘deixava minha mulher trabalhar’ e cuidava da casa. Foi uma piada, uma piada ruim, antiquada. Por mim a questão está encerrada porque é tola e bem boba. Minha obra fala por mim. Não tem nada que eu prefira mais que mulher no comando

Em primeiro lugar não foi uma piada, apenas uma simples piada, foi um PRECONCEITO. Me pergunto, tu diria isso para um homem, Peninha?

Nossa, tu deixava tua mulher trabalhar? Estou chocada com tamanha empatia pelo sexo feminino. E a questão meu caro, não está encerrada, nunca estará. Enquanto houver uma de nós vendo pessoas como tu menosprezando uma mulher, nada estará encerrado.

Eduarda foi convidada para participar desse mesmo programa no dia seguinte, onde Peninha também foi convidado e não pôde comparecer. Ela teve liberdade de falar o que sentiu naquele momento e declarou:

É difícil ser mulher. Graças a Deus essa redação está cheia de mulher. Eu realmente tinha dúvida se tinha condições de falar. Eu não sou de me vitimizar, não combina comigo. Acho mesmo que foi uma brincadeira do Peninha. Na hora nem levei a sério, mas essa brincadeira não tem nenhuma graça. Porque nós mulheres sabemos o tamanho da nossa luta, o tamanho do nosso esforço e o quanto o mundo esportivo é machista. Encaro essa brincadeira como infeliz

Duda chorou bastante ao dar essa declaração e nós entendemos perfeitamente, pois como ela disse: É DIFÍCIL SER MULHER.

E por mim está tudo certo. Que esse episódio sirva de lição para a gente, para nós todos. Esse mundo precisa de amor, mais cuidado. Estou aqui por mérito, fui convidada pela RBS, aceitei esse espaço. É uma escolha minha ficar trabalhando como repórter longe de uma cozinha. Trabalhando em Olimpíada, Copa do Mundo, Mundial de Clubes, em muitos eventos que eu cobri por mérito. Desde ontem tenho recebido muitas manifestações de carinho. Foi uma brincadeira infeliz. Não vou almoçar contigo, mas está tudo certo” E a jornalista não quis mais falar sobre o assunto.

Meu caro, tu achou mesmo que uma Jornalista digna, competente, talentosa e bastante querida pelos gaúchos, aceitaria almoçar contigo?

Eu particularmente já acho tuas piadas péssimas, sem graça, em momentos errados e com quem não deveria. Mas aí é a minha opinião, e falando de piada péssima, parabéns pela tua, nesta tu te superou.

Declarações retiradas do Esporte Uol.

Eduarda Streb é uma jornalista conceituada na região sul, começou sua carreira em 95 como como diagramadora do jornal Zero Hora também aqui do Sul. Logo em seguida fez estágio na Rede Globo no Rio de Janeiro. Ficou 10 anos a frente do bom dia rio grande cobrindo o esporte. Ganhou o Prêmio Press de 2005, na categoria Repórter de TV, e fez várias coberturas internacionais para a RBS e para o SporTV, em edições da Taça Libertadores, nas quais o Grêmio e o Internacional estavam presentes, e no Mundial Interclubes de 2006 e 2009, além das Olimpíadas de Pequim, em 2008.

Mais tarde, voltou para RBS, e apresentou até o fim de 2013 o extinto Lance Final. Em fevereiro de 2014, passou a apresentar o RBS Esporte, substituindo Thiago Mourão.

Fonte: papo da bola

Ela optou por não trabalhar na cozinha, tudo na vida é questão de escolha e tu não ser respeitada pela tua não afeta somente uma pessoa, não respeitar uma mulher não afeta somente uma. Vocês não vivem no nosso mundo, não vivem a nossa realidade. A base de tudo está no RESPEITO ao próximo, e isso vem de berço, se esse senhor ainda não aprendeu, não aprende mais.

O assunto é repetitivo, da mesma forma que o preconceito também é.

Força, Duda! Tu é ótima no que faz e não deixa ele nem ninguém pisar no teu histórico de carreira brilhante.

Peninha, tu é digno de pena.

#DEIXAELATRABALHAR

#DEIXAELATORCER

#DEIXAELAESCREVER

#DELAELAFAZEROQUEQUISER

Bruna Porto

Parabéns pelo seu dia, MULHER XAVANTE!

Parabéns, MULHERADA XAVANTE!

 

Foto: Jonathan Silva

 

Acredito que todos saibam o real motivo pelo qual se comemora o dia da mulher no dia 08/03. Mas como somos do futebol e de TUDO, hoje quero falar sobre ser TORCEDORA nesse universo machista. Não adianta bater o pé com uma mulher que sente na pele o que é pisar em um estádio de futebol, existe sim e deve acabar, mas enquanto não acabar vão ter que nos engolir. MIMIMI que chama né? (leia-se com ironia, por favor).

Mas o machismo não se resume só no homem, tem muitas mulheres machistas, mais do que vocês imaginam. Agora eu me pergunto, por que aquela que trabalhou o dia inteiro, tem mais de um emprego para poder sustentar a casa, filhos, pagar contas, cansada, exausta não pode vestir a camisa do seu time do coração e ir para o estádio sem ter que ouvir qualquer tipo de comentário? Seja ele feito por homem, mulher, criança, idoso e etc?

Frequento a nossa tão amada Baixada desde os oito anos de idade, levada pela mão pelo meu falecido pai, eu escutava coisas absurdas, não direcionadas a mim, pois eu era uma criança e estava com um homem, o que também nunca impediu ninguém de abrir a boca para falar alguma bobagem. Cresci, logo, meu pai pedia para eu colocar uma camisa maior, uma calça não tão justa, não usar algum tipo de maquiagem. Por quê? Descobri. Parecia que eu estava errada em estar ali, quem gritava, berrava, assoviava, passava a mão, tocava, puxava pelo cabelo ou braço estava certo. Não deixei de ir e não irei deixar jamais por esse motivo, sempre irá existir, mas por quê? Futebol não é uma escolha, já nasce conosco, o amor por ele já corre nas veias no nascimento e isso não está relacionado a sexo, religião, classe social, orientação sexual, se é negro, branco, azul ou roxo.

E aquela frase que eu já escutei de um radialista aqui da cidade: Lugar de mulher é na cozinha. Sim, meu lugar é na cozinha, fazendo comida, no banheiro, na sala, na faculdade, em qualquer estádio, na frente do Zé Lanches tomando a minha gelada pré e pós jogo, meu querido. Sabe que eu não me admirei com o teu comentário, não, eu até ri e senti pena de ti.

Se acostumem, cada dia mais a mulher está presente nas arquibancadas desse mundão, apoiando, gritando, chorando, sofrendo, bebendo, rindo, chorando, com sol, chuva, sendo sócia ou pagando o ingresso, SE ACOSTUMEM.

Ninguém aqui quer tapete vermelho, ninguém aqui ser idolatrada.. eu por exemplo quero ter o direito de ir e vir dentro do mundo do futebol sem escutar uma piada escrota dos anos 80 que pode ser evitada. Há muito tempo o futebol deixou de ser um esporte masculino, é FUTEBOL e futebol é vida, é para TODOS e TODOS merecem ser respeitados.

– E aquela conversa entre homens:

– E, aí meu. Que time tu torce?

– Brasil, sempre e tu?

– Pô, pode crê. Eu também, vamos marcar um jogo, fazer um churrasco antes?

– Bah fechou todas.

 

E aquela conversa entre homem e mulher:

– Oi, bonita a camisa.

– Oi, obrigada!

– Tu vai aos jogos?

– Sim, claro e tu?

– Nossa, estou em todos, mas e a escalação tu sabe?

(pausa para revirar os olhos)

– Quantas camisas tu tem? Essa está grande em ti por que? É do teu pai, irmão, tio, namorado, marido, papa, temer?

– E aquele time de 85? Eu estava lá, vi o Bira acabar com o Zico e tu? Garanto que não hein?! Hehe

– E a formação de 1450 a.c tu sabe? Diz um aí kkkk

Por favor, não seja essa pessoa! Eu imploro.

E uma coisa eu garanto, é muito mais fácil saber o que é impedimento, quando é escanteio, tiro de meta, gol, uma falta, do que saber o que passa na cabeça de quem se sente melhor em menosprezar a coleguinha  do lado só por ela ter nascido mulher e gostar de ver um monte de macho correndo atrás de uma bola.

Muitos até falam que tem umas que só vão aos jogos para ver os jogadores. Eu sou uma, confesso. Até porque sair de casa para ver uma bola perdida no meio do gramado é meio sem graça, vocês também não vão para ver eles?

Fora o machismo na imprensa, que chega a dar vontade de vomitar, POR QUÊ?

Lembrando que não estou generalizando e meus amigos de longos anos de arquibancada SÃO HOMENS e sabem respeitar, vocês são um orgulho.

Vai ter mulher no estádio sim, vai ter mulher dando de relho em qualquer debate de futebol, vai ter mulher para canto que vocês forem.

Vamos ter respeito um pelos outros, a Baixada está cada vez mais tomada por elas e que coisa bem linda de ver, que continue assim.

Ah, e se Deus quiser vai ter Rubro-Negra gritando: É CAMPEÃO esse ano, e uma delas se rendendo ao trabalho do treinador Clemer, mas não vou dizer quem.

 

NOSSO LUGAR É NA BAIXADA, RESPEITA AS GURIAS, TCHÊ!

Bruna Porto.

É Brasil que fala? NÃO! É líder mesmo.

Bruna Porto

 

Foto: Jonathan Siva

 

Então, o Rubro-Negro viajou até a serra gaúcha nessa sexta (23) para encarar a equipe o Caxias pela nona rodada do “Gauchampions“, melhor campeonato do planeta. A partida aconteceu no estádio Centenário e não,  teve vitória. Pelo título do texto parece que sim, mas não. Porém, o empate em 0x0 deu a liderança ao Brasil.

Mesmo com desfalques importantes no time, o Xavante não se apequenou diante do forte time do Caxias que também jogou em busca da liderança. Sem o capita Leandro Leite, Éder Sciola e Itaqui, que passou por uma cirurgia ontem e já está no quarto se recuperando, o XAVANTE FOI GIGANTE, O XAVANTE É GIGANTE!

Eu esperava um pouco mais das duas equipes, achei um jogo bom, claro, mas poderia ter tido um pouco mais de “emoção”. Teve sim oportunidades para balançar as redes, mas faltou finalizações, uma coisa que me incomoda muito. Pontaria foi um probleminha entre os atletas também. Mas também não posso tirar os méritos dos goleiros Marcelo Pitol (Brasil) que está fora da próxima partida, inclusive e do Gledson (Grená). Ambos fizeram ótimas atuações. O Brasil foi bem no primeiro tempo, arriscou um bola que tirou tinta da trave, mas isso não foi o suficiente para que o time visitante abrisse o placar.

Por volta de 20 minutos Léo Bahia deu um susto no goleirão Grená. Mossoró que fez uma boa cobrança de escanteio e Léo Bahia de novo assustou Gledson. Ednei fez uma cobrança daquelas de quase gritar gol antes do tempo (o que por lei é proibido).

Segundo foi aquilo, um time não deixando o outro jogar. Marcação fortíssima, o que eu ando elogiando bastante e tem agradado muito. Os times não estavam para brincadeira, aliás, ninguém estava. Poucos conseguiram ficar muito tempo com a redonda nos pés e sendo assim, as redes permaneceram intactas: Caxias 0 x 0 Brasil.

Na finaleira do segundo tempo o árbitro teve um pequeno corte no supercílio, sabe que qualquer corte, por menor que seja nessa região, sangra bastante e o mesmo precisou ser atendido pelos médicos do Caxias. Teve uma paralisação de mais ou menos dois minutos.

Com muita dedicação e humildade estamos chegando onde muitos duvidaram, talvez muitos de nós torcedores. Técnico novo, elenco novo, esquema tático diferente, uma pedreira atrás da outra. Mas onde há empenho, foco, trabalho e respeito se vai longe, e cada jogo é um degrau e graças à Deus estamos subindo com a nossa cara, com o nosso jeito, com o nosso vermelho correndo nas veias e nos olhos. Ninguém falou que seria ser fácil, até porque se fosse fácil seria BRApel. Parabéns à todos pela partida, ninguém atinge nenhum objetivo sozinho, todos nós precisamos de uma força e essa força de vocês chega até nós e nós tentamos passsar da arquibancada para dentro do gramado e do vestiário. VOCÊS NUNCA IRÃO JOGAR SOZINHOS. Quando algum de vocês, de longe enxergar alguma pessoa com uma camisa vermelha e preta, saibam que essa pessoa carrega no peito o orgulho de ser Xavante, o orgulho de ver jogadores dando a vida em campo por toda essa torcida apaixonada!

Foto: Jonathan Silva

 

TABELA

CLASSIFICAÇÃO

1     Brasil de Pelotas 17

2     Internacional  16

3     Caxias     16

 

Ficha técnica:

Brasil: Marcelo Pitol, Ednei, Leandro Camilo, Héverton, Artur, Vacaria (Zé Augusto), Sousa, Mossoró, Toty, Alisson Farias (Calyson) e Léo Bahia (Matheus Lima). Técnico: Clemer.

Caxias: Gledson, Igor Bosel, Junior Alves, Laércio, Vavá, Régis, Tulio Renan (Carlos André), Rafael Gava, Diego Miranda, Nicolas (Guto Dresch) e João Paulo (Daniel Cruz). Técnico: Luiz Carlos Winck.

Cartões Amarelos: Leandro Camilo, Vacaria e Marcelo Pitol (Brasil) – Igor Bosel, Vavá e Guto Dresch (Caxias).