Arquivo do Autor: Ivan Schuster

Caldeirão cheio e fervendo – Ivan H. Schuster

Esta semana a diretoria do GEB anunciou a contratação de uma empresa especializada para prestar consultoria junto ao departamento de sócios, a Espaço Vip. Entendo que a razão de um clube do povo existir são seus sócios. Não consigo conceber um clube, ainda mais de forte apelo popular, na mão de empresários. Se um dia isto acontecer ao GEB, será um momento de muita tristeza para mim e com grande possibilidade de eu parar de torcer. Portanto, acho muito importante que a diretoria esteja planejando e trabalhando pensando em seus sócios e na ampliação do quadro social.

Gostei do que foi falado na apresentação da Espaço Vip, principalmente quando foi usado o verbo ‘participar’ em lugar do ‘ajudar’. Pode parecer pouco, mas acho muito. Já ouvi muita gente dizer que é sócio para ajudar o clube. Errado. Um sócio não ajuda, mas participa da construção do clube. Os sócios são integrantes de um grupo que constrói um projeto comum. São todos responsáveis. Alguns de forma mais direta, como o presidente, diretores e conselheiros, e outros de forma indireta, elegendo aqueles que terão participação mais direta, apoiando as ações propostas, pagando a mensalidade em dia, fazendo-se presente nas apresentações, etc. Participação é a palavra.

Entendo pouco, quase nada, ou menos ainda, sobre este assunto. O que conheço é o que o torcedor medíocre conhece. Entretanto, acho que devemos olhar um pouco além do quadro social. A questão da média de público nas apresentações Xavantes – o Xavante não joga, apresenta-se – deve, também, ser analisada e planejada com atenção. Mais do que a média de público, a taxa de ocupação, isto é, a quantidade de pessoas presentes, frente a capacidade do estádio.

Na Alemanha, Inglaterra e até nos EUA a taxa de ocupação é superior a 90%. No futebol inglês, tem clube da quinta divisão atraindo mais gente do que muitos clubes da primeira divisão do futebol brasileiro. Algo de errado há. Não podemos nos pelar em público para construir um estádio para 12, 15 ou 20 mil espectadores e termos uma média de público inferior a 5.000 Torcedores. Se cabem 12.000 no estádio, temos que ter 12.000 Torcedores presentes em todas as apresentações.

Novamente, entendo nada disso e não sei o que fazer e, muito menos, como. Só acho que fazer futebol para poucos, ainda mais em se tratando de um clube popular, é errado. Se existem muitos casos de sucesso em relação a taxa de ocupação é porque é possível.

Sei que o primeiro argumento que vem a cabeça é o valor do ingresso e blá-blá-blá. Acho que não é só isso. Talvez nem seja a razão principal, embora possa ser relevante. Eu, na minha Ivan filosofia, apostaria em criar uma cultura de que é bom ser Xavante, que ser Xavante dá status. Somos diferenciados, nos distinguimos entre os demais. Muito disto já existe. Quem mora fora de Pelotas sabe o respeito e admiração que outros torcedores tem por nós.

Temos que fazer da ida ao estádio, em dias de espetáculo Xavante, algo tão importante e desejado quanto é aos religiosos irem a um culto. Incutir na população a idéia de que não há espetáculo sem espectadores. Futebol de qualidade não é questão de quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha. No futebol, acredito, primeiro vêm os sócios e torcedores, depois o clube e o futebol de qualidade. E o GEB é uma Torcida que tem um time. Falta fazer acontecer.

O St. Pauli(Hamburgo), clube da segunda divisão alemã, caindo para a terceira, conseguiu realizar, em termos de apelo junto à população, o que eu sonho para o GEB. Clique aqui para ler excelente reportagem publicada no blog Puntero Izquierdo a respeito.

Enfim, é um saco este período sem apresentação Xavante.

Abs.

Chiliquentos – Ivan H. Schuster

O #ForaRZ da semana passada pode ter me deixado indignado, mas não surpreso. Há bastante tempo, quando estávamos em alta e ninguém ousava tocar corneta, eu já alertava para não nos iludirmos, pois bastaria um deslize, uma sequência de maus resultados e elas voltariam a serem sopradas em altos decibéis. Bingo!

A má campanha no Gauchão deste ano é fato inegável. Não há discussão e nem argumentos. Muitas podem ser as causas. Provavelmente não exista uma única causa, mas um conjunto de fatores. A simplificação do apontar o dedo para um ou dois culpados é um erro infantil, covarde e ineficiente. Acredito que os que estão a frente do GEB, RZ inclusive, possuem plenas condições de analisar a campanha finalizada, identificar os pontos fortes e fracos, e implementar as correções necessárias. O show não pode parar.

Não é novidade para ninguém que há tempos muitos profissionais da imprensa esportiva pelotense desejam a saída do RZ. Há um ranço deste com aqueles. Provavelmente pela forma que o RZ evidencia nas entrevistas o quão fracos e despreparados são. Não conseguem ir além das frases feitas, dos jargões e das análises superficiais de resultado. Seguidamente ficam nus. Esta rixa ficou muito evidente nesta semana passada, pela insistência em fazerem o RZ culpado, seja confessando e pedindo perdão pelos pecados, seja através de um posicionamento enérgico da diretoria. Seria a glória. Por fim, RZ seria derrotado. Seria. Não conseguiram. E não conseguindo, partiram para uma hipócrita indignação pela arrogância na entrevista pós-apresentação frente ao Passo Fundo. Se não consegues combater o teu adversário, faço-o desacreditado, desqualifique-o. Patético.

Não irei entrar no mérito se o RZ foi ou não arrogante. Para mim é indiferente. Estou nem aí. Não me senti ofendido em momento algum. Sou agradecido, e muito, pelo trabalho do RZ junto ao GEB. Entendo, sim, que ele é o grande responsável por este momento único que estamos vivendo e tem o direito de externar isto. Foram inúmeras vezes que diretores e muitos que participam do dia-a-dia da vida do clube já se manifestaram a respeito. Tenho plena convicção que, não fosse ele, estaríamos até hoje viajando para Venâncio Aires e São Gabriel, como outros clubes que possuem profissionais altamente capacitados, de fala cordial e que não se indispõem com a imprensa. #ChoraSecador.

No meu humilde entender, estes que se sentem tão ofendidos ao ouvirem que existem dois Brasis, antes de RZ e depois de RZ, são aqueles que ainda não entenderam o que aconteceu, porque aconteceu e, muito menos, o que poderá vir a acontecer. Humildade falta a estes que insistem em não reconhecer o trabalho que vem sendo feito há 5 anos. Menos humilde é aquele que não reconhece o valor do outro e não o que se deprecia de forma hipócrita. Aliás, a hipocrisia e a desfaçatez são, muitas vezes, confundidas com humildade.

Na ausência de talento para escrever um texto minimamente elegante e racional, faço minhas as palavras do Nauro Júnior, em excelente texto escrito no blog SatolepPress. Não há como pensar e entender diferente. 

O que vimos neste final de campeonato para o GEB foi muito mimimi. A minoria de sempre fazendo muito barulho e querendo dar a entender que são representantes do todo, porta vozes de uma nação. Não são. São cornetas do apocalipse. Chiliquentos, apenas chiliquentos.

“As vaca ladram e a caravana passa”(Ibrahim Suede).

Abs.

Diarreia – Ivan H. Schuster

É, meus amigos, não é fácil. Estamos vivendo um tempo de mudanças. Mudanças comportamentais. Estamos mudando a forma como expomos nossas idéias, nossos valores, a forma como interagimos com outras pessoas, como trocamos visões, opiniões e conhecimento.

Certamente a internet tem atuado como o grande veículo desta mudança. Não que tenha atuado na mudança de pensamento das pessoas, mas viabilizou que pensamentos, antes reclusos, fossem liberados para o mundo. Por exemplo, racistas, fascistas e homofóbicos sempre existiram. E em boa quantidade. Tenho certeza que todos conhecemos uma ou várias pessoas que se enquadram nestas definições. Até pouco tempo atrás, era difícil vermos pessoas defendendo essas ideias, pois teriam que fazê-lo em público, o que certamente geraria discussões e conflitos. Hoje essas ideias são expostas na internet, com a proteção e o conforto do computador. As vezes do anonimato. Posta-se qualquer coisa, desliga-se a máquina e pronto. Se alguém retrucar, é só excluir, bloquear ou mesmo nem dar atenção. Há uma falsa sensação de segurança e impunidade muito grande. E quando refiro-me a segurança e impunidade, não refiro-me a legal, mas a moral. Em como a sociedade enxerga você, através do que pensas.

O resultado desta “facilidade” na exposição de um pensamento e, costumeiramente, da crítica é que muitas pessoas perderam a autocrítica, a sensatez e a noção do ridículo. Expõem-se de maneira obtusa, grosseira, sem uma auto-censura e sem uma análise prévia um pouco mais profunda. Escrevem sem pensar. Agridem de forma gratuita. Expõem-se ao ridículo de forma desnecessária. Tenho certeza que 80% das opiniões e críticas que são postadas nas redes sociais não seriam ditas pessoalmente.

Meu conselho, se me permitem, pensem antes de escrever. O que irás postar é realmente necessário, vai acrescentar algo de valor à discussão, possui lógica, faz sentido, é realmente este o teu pensamento? Enfim, é desta forma que queres que as pessoas(o mundo) te vejam?

Não sou contra críticas, muito ao contrário, adoro uma discussão. Entendo que discutindo, expondo e defendendo visões diferentes, é que se descobre outras formas de enxergar uma mesma imagem. Há aprendizado e evolução. Mas uma coisa é discutir, defender pontos de vista. Outra, é a agressão gratuita, o ódio. Defender ideia é saudável, criticar e ofender pessoas é ruim. Se achas que a forma de alguém pensar não está certa, defenda o teu ponto de vista, mostra o que entendes por certo, mas não mate a pessoa. Um dia será a tua vez de ser questionado. A vitória sobre o corpo, obtida na força, pode ser rápida, mas é fugaz e passageira. A vitória sobre o pensamento, obtida com o diálogo, pode ser mais demorada, mas cativa a alma e é eterna.

Falo isso tudo, porque fiquei impressionado com o que li sobre o GEB nestas últimas semanas. Foi de arrepiar os cabelinhos da zona do agrião. Na verdade, entendo que há um grupo que nunca gostou do RZ e do Ricardinho, seja lá por quais motivos. Talvez por entender que não sejam competentes, por interesses próprios, por achar que criticar o fará parecer mais esperto ou, então, apenas por não gostar deles. O fato é que com quatro anos de crescimento contínuo fica complicado fazer oposição. Não se iludam, até os abutres pousam quando há falta de animal frágil no rebanho. Sempre atentos aos movimentos e a situação, alçam vôo e atacam na primeira oportunidade. Foi o que vimos neste início de temporada. Bastou um começo irregular e veio a pancadaria.

Alguns agressores são facilmente identificados como oportunistas. Pessoas que, por não possuírem luz própria, tentam sair das sombras roubando a luz de outro. Almas pequenas. Outros já conhecemos de longa data. São corneteiros tradicionais. O GEB estará disputando uma final de Libertadores frente ao Boca Juniors e estarão reclamando do passe longo, que faltam um 10 de ofício e um atacante matador. Almas aflitas, amargos. E, finalmente, um grupo maior composto pelos que vão na onda. Os comentaristas de resultado. Entendem nada, vão para onde o vento parece ir. Seguidamente, o vento vira e quebram a cara. São os que a cada início de ano dizem que iremos cair se não houver mudanças. Fracos, dignos de pena.

Entendo que o time é bom. Parece-me que o elenco é melhor, com mais qualidade técnica, que o do ano passado. O trabalho precisa ter continuidade, para as correções serem feitas e haver mais entrosamento. Não se monta um time em 60 dias. Até o Guardiola, considerado o melhor treinador da atualidade, com um time recheado de craques, tem passado por dificuldades. É preciso conter a angústia e apoiar.

Deixem o homem trabalhar. Torcedor, torce.

Abs.

Renascendo – Ivan H. Schuster

Domingo teremos o início oficial da temporada de apresentações Xavantes em 2017. Depois de mais de dois longos meses, mais precisamente, sessenta e oito dias, estamos de volta para uma nova turnê nacional. Para colocar um pouco de mais emoção e angústia, esta apresentação inaugural será frente ao nosso tradicional adversário da serra, contra quem disputamos o posto de terceira força do futebol Gaúcho, o Juventude.

Não acredito em uma apresentação com bom futebol para nenhum dos lados. Além de ser a primeira apresentação, ambos times perderam peças importantes. Os Polenta, inclusive, perderam o seu bom treinador. Embora eles levem um pouco mais de vantagem por terem iniciado a pré-temporada um pouco mais cedo, a peleia é dura e nenhum resultado será motivo de surpresa, salvo uma goleada para algum dos lados. Particularmente, saio feliz com um empate e viro à noite fazendo festa em caso de vitória Xavante. Mentira, a mulher não deixa e eu obedeço. Ao menos, voltarei de alma lavada e enxaguada, como diria o personagem Odorico Paraguassu, da novela O Bem Amado(Google nele).

Acredito em um fevereiro com altos e baixos para o Xavante. Espero que mais altos que baixos. A grande questão está no tempo que os novos contratados levarão para assimilar a forma do GEB atuar, pensada pelo nosso estrategista Rogério Zimmermann. Quanto tempo levará para o time “encaixar” novamente? Não é uma tarefa fácil refazer uma equipe. Pepe Guardiola que o diga. O mais badalado dos treinadores de todo o mundo, vem sofrendo para fazer o time do Manchester City apresentar um bom futebol e que resulte em resultados positivos. E o que não lhe falta é material humano ou condições de trabalho. Futebol não é ciência exata.

Certamente, se os primeiros resultados não forem positivos, a corneta vai tocar alto. Queiramos ou não, torcedor não aceita resultado negativo de forma passiva, ainda mais a turminha que fica atrás do banco de reservas Xavante. Se acham, embora entendam nada. Pobres almas sofridas e angustiadas. Xavantes, não se duvida disso, mas corneteiros.

Enfim, estou ansioso e angustiado, mas esperançoso e querendo que chegue logo a data da estreia Xavante. Espero poder estar no Jaconi domingo à noite, junto com o pessoal da Onda Xavante – Porto Alegre. Afinal de contas, ser Xavante é muito bom, ver o time do GEB atuar nos palcos deste Brasil é sensacional.

Para concluir, uma notícia não relacionada ao Xavante e nem ao futebol, mas igualmente sobre um tema prazeroso, a boa música feita por boa gente. Dia 28 de janeiro de 2017, também conhecido por próximo sábado, o DVD do Grupo Renascença estará a venda nas melhores lojas do ramo de Pelotas. Aquisição obrigatória. Não apenas pelo que este grupo representa, pela proposta de “renascer” as rodas de samba em espaço público, para todos, sem distinção, como também pela qualidade do produto final. A comunidade pelotense tem muito do que se orgulhar deste trabalho. Tive a oportunidade de adquirir o DVD em pré-lançamento e digo-lhes, vale muito a pena. Parabéns a todos que participam deste projeto, em especial ao meu querido amigo Tauê, Xavante dos bons.

Ser Xavante não é para qualquer um!

Abs.

2017 começou

Depois de um 2016 que será lembrado sempre como um ano de consagração, estamos às vésperas do início das competições de 2017, ano que nos propiciará o melhor calendário esportivo de toda a história Xavante. Três competições de alto nível, sendo duas nacionais: Gauchão – Série A; Primeira Liga; e, Campeonato Brasileiro – Série B. Que momento!

A turma do sopro já está limpando os bocais de suas cornetas. Estão aflitos porque o plantel ainda não está completo. Deveríamos já estar com 30 atletas, no mínimo, é o que dizem. Muita calma nessa hora.

Fiquei satisfeito ao saber que o GEB possui um perfil definido para o tipo de atleta a ser contratado e não abre mão de certos valores. Acho que este é o caminho. Tal qual uma empresa, o GEB precisa ter valores que devem ser repassados e exigidos de seus funcionários, atletas e até mesmo de nós, Torcedores. É comum nos processos de seleção de admissão em empresas bem administradas, haver questionamentos quanto ao comportamento e gostos pessoais do candidato, tais como, hobbies, trabalhos voluntários que realiza e grupos sociais de que participa. Por que isto? Para formar um grupo mais homogêneo possível e com pensamento aderente ao “ser” da empresa. Sinergia é a palavra.

Acho até que este perfil deveria ser escrito, aprovado e auditado pelo Conselho Administrativo. Não apenas em relação aos atletas, mas para todos os cargos da comissão técnica e demais funcionários. Vou além, acho que o CA poderia e deveria ser mais atuante, assumir mais responsabilidades. Por exemplo, cobrando/coordenando a confecção de um planejamento estratégico para ser analisado e aprovado, elaborado em cima de princípios pré-estabelecidos pelo próprio CA.

Ouço e leio muito sobre a necessidade da profissionalização dos clubes de futebol. Na maioria das vezes o assunto esgota-se na contratação de profissionais de mercado para o departamento de futebol, como se esta fosse a questão primordial e a solução para todos os males. Não é.

Alguns clubes chegam a terceirizar o departamento de futebol inteiro, sob o argumento da profissionalização. Entregam a terceiros a razão de sua existência. Viram apenas uma marca, um logotipo. Algo como uma indústria terceirizar toda a sua linha de produção, da concepção a fabricação do produto. Um atestado inequívoco de incompetência e incapacidade para exercer a atividade fim da organização. A menos que a proposta seja ser uma organização de gestão de marcas, o que, ao meu ver, no futebol não faz sentido.

A profissionalização – e aí entende-se fazer o clube funcionar de forma eficaz e eficiente, e não como uma ação entre amigos – está mais relacionada a processos do que a pessoas. Não existe administração possível sem processos, objetivos e metas definidos, orçamento, princípios e valores estabelecidos, etc. Depois vêm as pessoas adequadas e capazes para executar todo o definido e planejado. Medir é comparar. Não há gerência sem medição e não há como medir se não houver com o que comparar. Planejamento é a base da toda a boa administração. Simples assim.

Por que falo disto? Porque acho este o melhor momento para investirmos em boas práticas de administração. Estamos com boa experiência sobre o que funcionou e o que não deu certo e possuímos recursos para contratar empresas especializadas que nos auxiliem na organização necessária. Acredito que só assim teremos uma base sólida que propicie a sustentação de um crescimento contínuo de longo prazo.

Quanto ao time, deixem o homem trabalhar.

 

Abs.