Arquivo do Autor: Ivan Schuster

Luxo – Ivan H. Schuster

Na volta para Porto Alegre, enebriado por uma tarde inesquecível na terra mãe, vinha pensando sobre qual deveria ser a tônica deste texto. O encontro, sempre emocionando, com velhos e novos amigos na muvuca pré-espetáculo; a emoção de ver o Bento Freitas, a nossa casa, sendo reconstruída; ou, a apresentação de gala Xavante, orquestrada, provavelmente, pelo treinador mais importante da história dos Negrinhos da Estação. Resolvi escrever sobre um pouco de cada.

Começo pela muvuca. Em um futebol cada vez mais pasteurizado e homogeneizado, emociono-me com o entorno da Baixada nas horas que antecedem as apresentações Xavantes – o Xavante não joga, apresenta-se. Os inúmeros churrasquinhos no tonel à beira da calçada; a cerveja gelada no isopor; as rodinhas de amigos, o vai-e-vem de centenas, milhares de almas agraciadas por terem nascidas Xavantes; a expectativa e o êxtase quando da chegada do ônibus com a delegação Xavante; a chegada da Garra Xavante; a ansiedade, a conversa, o abraço, a alegria, a esperança, a saudade, a emoção de estar ali, apenas aguardando para ser feliz. Não, não é apenas futebol.

Acredito no futebol como um movimento de expressão popular de massa. E a muvuca pré-apresentação Xavante é a prova disto. Tem que ser muito azedo para não sentir a grandeza do momento e se emocionar. Se algum dia, os amargos vencerem e fizerem da Baixada uma arena, onde os Torcedores forem substituídos por espectadores, assistindo friamente – e não mais fazendo parte – o espectáculo sentados, rezo para a muvuca resistir. Enquanto ela existir e resistir, haverá esperança. É ali, que a chama da paixão Xavante arde forte.

Por falar em estádio, a nova arquibancada é linda. Aos que achavam que deveríamos reformar a arquibancada antiga, digo-lhes, agora com muita propriedade: vocês estavam errados. Um novo Bento Freitas está nascendo. Falta muito? Falta, mas já deu para sentir que o Caldeirão vai ser transformado em uma panela de pressão. Um novo estádio, mas com o mesmo calor, a mesma emoção. “O mais humano” de sempre(obrigado prof. Ruy Carlos Ostermann).

Quanto a apresentação Xavante, foi um espetáculo épico. Em dia de festividade pela inauguração da nova arquibancada, onde o orgulho e a alegria já se faziam presentes, o time Xavante, acompanhado por uma grande exibição da sua Torcida, fez um primeiro tempo de encher os olhos e transbordar a alma. O Gigante da Colina, atolou no banhado do Pepino. Nem em meus maiores devaneios, imaginei um dia ver o time do Vasco da Gama jogar no Bento Freitas, frente ao nosso esquadrão, acolherado, sufocado, jogando pelo empate e sendo chamado merecidamente de timinho. Que momento! Chora Eurico Miranda.

RZ deu aula tática, liquidou com o time do Jorginho. Só para não deixar passar, é bom salientar que o elenco do Vasco conta com nomes de peso: Andrezinho, Nenê, Jorge Henrique, Luan, Madson, Martin Silva, todos jogadores consagrados. Isto sem falar no próprio Jorginho, com passagem pela seleção brasileira como jogador e auxiliar técnico. E o que vimos foi o espetáculo de um Xavante aguerrido, comprometido, unido, coeso, atacando e defendendo em bloco, ocupando os espaços, jogando um futebol moderno e com intensidade. Sim, uma aula. Foi tanta a superioridade, que não houve um único lance de perigo contra nós em todo o primeiro tempo.

O segundo tempo foi mais parelho. Depois de um único vacilo na marcação, onde o time carioca aproveitou a oportunidade e fez o seu gol, o que só reforça a nossa grande atuação, o time Xavante voltou a ser superior e obteve o gol da justiça com Marcos Paraná.

E foi assim que vivi este sábado, 5 de novembro de 2016. Ansioso, emocionado, feliz e abençoado. Um dia para guardar na alma.

Em tempo:

1) Aos corneteiros em geral: vocês entendem nada. Sinto pena de suas almas aflitas. Reflitam, ainda é tempo;

2) Aos que criticam Washington e Leandro Leite: provavelmente formam a melhor dupla de volantes em atividade no Brasil, quiçá da América Latina. Criticá-los, é apenas salientar o desconhecimento mínimo sobre futebol;

3) Aos que insistem em vaiar o RZ: pensem antes de vaiar. Se conseguirem se conter, evitarão um constrangimento desnecessário. Sim, vocês estão errados. Entendem nada. Tem que ser muito fraco para não ter visto que o Diogo Oliveira foi substituído porque estava cansado, que perdíamos o meio campo, e o Paraná poderia, como aconteceu, dar novo ânimo ao time;

4) Aos que ainda insistem em só criticar e achar tudo ruim: fiquem em casa. O meu Xavante não precisa de vocês;

5) Ao comentarista de rádio que insiste em criticar o RZ: troca de profissão, mané. Pede para sair antes que o façam por ti. És um néscio. Tua ignorância sobre futebol afronta a audiência.

6) Não sei quem é a menininha da foto batida por mim. Se os pais/responsáveis acharem ruim a exposição, por favor, façam-me saber que troco a imagem.

É bom ser Xavante!

Abs.

Classificado – Ivan H. Schuster

No dia 19 de maio de 2013, há pouco mais de 3 anos, o GEB perdeu a decisão do primeiro turno da segunda divisão do Campeonato Gaúcho para o São Paulo/RG. Tínhamos a vantagem por termos vencido a primeira partida em casa, mas perdemos a segunda no Aldo Dapuzzo, voltando a perder na decisão por pênaltis.

Havíamos feito uma excelente primeira fase. O time apresentava-se bem, com superioridade evidente na maioria das vezes. A derrota trouxe tristeza e frustração geral e revolta de alguns. Não eram poucos os que queriam a troca da comissão técnica, comandada pelo Rogério Zimmermann. A necessidade de contratar vários atletas “diferenciados”, se quiséssemos subir, era o consenso entre muitos Torcedores.

Foi aí, neste momento, que a diretoria do GEB deu a primeira demonstração de ter um projeto, de que acompanhava o trabalho em execução, e não apenas ficava olhando o resultado. A definição de continuidade da equipe e de todo o trabalho planejado, no meu entender, foi determinante não apenas para a conquista do título de campeão da segunda divisão naquele ano, mas também por estarmos hoje já com a vaga garantida em 2017 para a Série B do Campeonato Brasileiro. E ainda sonhando com uma Série A.

Tivessem nossos diretores embarcados na onda dos corneteiros de sempre, dos mais aflitos, daqueles que tem alma pequena, e trocado tudo, sabe-se lá onde estaríamos hoje. O certo é que melhor não estaríamos. No máximo, igual. Pois, desde então, não deixamos mais de conquistar acessos. Sim, amigos corneteiros e demais aflitos, vocês erraram. E feio.

Ontem, o time do Sampaio Corrêa, com méritos, impediu a nossa vitória e com isto nos distanciamos um pouco dos postulantes as vagas do G4. Não estamos fora da disputa, mas agora teremos que fazer mais do que foi feito até aqui. Impossível não é, embora difícil. Gosto muito de um pensamento que diz: “Ninguém disse que era impossível e ele foi lá e fez”.

Achei que ao final da apresentação Xavante de ontem – O GEB não joga, apresenta-se – a Torcida Xavante iria aplaudir o time e fazer a festa. Afinal, estamos definitivamente classificados para a Série B do Campeonato Brasileiro de 2017. Não só o reconhecimento não aconteceu, como até vaias foram ouvidas. Provavelmente, os mesmos de sempre. É triste. O que será que pensam? Será que pensam? Pobres almas. Dá pena tanto sofrimento.

Se antes de iniciar este campeonato, houvesse uma proposta para abdicarmos da disputa pelo acesso a Série A em troca da garantia de permanência na Série B, não haveria um único Torcedor que dissesse não. Aliás, a aposta de muitos era de que cairíamos. Treinador burro e teimoso, elenco velho e desqualificado, diretoria incompetente, e tudo mais que é sempre dito. Se deu mal, bacalhau.

Se o “vamos cair” não aconteceu, o foco agora é no “não vamos subir”. E tudo tem uma explicação. A frase do momento é “falta de ambição”. Falta de ambição para um grupo que foi além do imaginado, que enfrentou de igual para igual equipes de clubes muito maiores, com mais estrutura e com mais tradição neste tipo de competição? Depois digo que são corneteiros e ficam indignados comigo. Mas não são? O cara não come faz 5 dias, está morrendo de inanição, colocam um prato de feijão, arroz, ovo, bife e salada na frente dele e o vivente reclama que a salada está sem azeite de oliva. A vida é dura, companheiro.

De minha parte, e sei que falo por muitos Xavantes, gostaria de parabenizar, mais uma vez, ou melhor, gostaria de agradecer, a toda diretoria, comissão técnica, atletas e todos os demais que participaram, de uma forma ou de outra, desta importante conquista e dizer-lhes que estou muito orgulhoso e satisfeito. As conquistas obtidas até aqui não possuem precedente. A marca deste grupo já está definitivamente registrada na história do clube. É bom ser Xavante.

Série A, sua linda, não te bobeia que te pegamos.

Abs.

Não se chuta lobo morto – Ivan H. Schuster

Observei ontem, durante a apresentação Xavante – O Xavante não joga, apresenta-se – que haviam alguns espaços vazios nas arquibancadas. Lugares que poderiam ter sido preenchidos pela Torcida Xavante.

Fiquei encucado e comecei a imaginar nas possíveis razões para estes espaços vazios. Uma constatação simples, e que parece-me sensata, é que a nossa Torcida, apesar de ser A Maior e Mais Fiel do Interior do RS, não possui número suficiente para ocupar todos os espaços, salvo em apresentações frente ao Flamengo, Vasco da Gama, Atlético/PR e outros grandes clubes contra os quais estamos nos acostumando a atuar. Grandes embates, grandes públicos.

Fiquei preocupado. Se não conseguimos encher o estádio agora, com estas arquibancadas metálicas, imaginem quando o novo Bento Freitas estiver concluído? Soluções precisam ser pensadas, ações precisam ser tomadas.

Uma das causas para o número insuficiente ou, ao menos, não na quantidade capaz de lotar o Caldeirão em todas as apresentações, pode estar atrelado ao tamanho da cidade. Se pegarmos São Paulo, por exemplo, são quase vinte milhões de habitantes na região. É bem mais fácil colocar quarenta mil no Itaquerão, do que nós, que estamos em uma região com uma população inferior a quatrocentos mil, colocarmos dez mil. Matemática simples. Regrinha de três básica.

Outra questão importante – não determinante, mas ainda assim importante – é o fato de existirem na cidade mais dois outros clubes, dividindo a preferência da população. Certo, não é uma divisão igualitária, mas influencia.

Identificado um problema, passemos as possíveis soluções.

É sabido que os dois outros clubes da cidade jogam apenas dois ou três meses ao ano e, ainda sim, normalmente de forma vexatória. E a tendência é piorar. Assim, pensei em o GEB montar uma parceria com estes clubes para criarem uma categoria de sócios que permitisse aos seus integrantes assistirem as apresentações do GEB na Baixada. Tenho até a sugestão de nome para o plano de um dos clubes(reservo-me o direito de não dizer qual clube): Luebo Fuerte

Teria vantagens para os dois lados. O GEB aumentaria o número de espectadores, com o consequente aumento da renda e, pelo lados deles, seria uma forma de dar um certo prazer e conforto a pobres almas aflitas. Teriam a oportunidade única em todo o interior do estado de assistirem apresentações envolvendo grandes clubes de expressão nacional e internacional. Bom para todos. Diríamos, que seria uma espécie de projeto comunitário e com forte apelo social e humanitário. Ser Xavante também é ser cidadão.

Outra idéia, acho esta até mais simples de ser implementada, seria a de estimulá-los e fecharem de vez as portas, venderem o patrimônio e quitarem as dívidas. Caso sobrasse algum dinheiro, poderiam montar um plano de saúde e distribuir anti-depressivos e estimulantes aos poucos remanescentes. Igualmente, aceitaríamos de bom coração a adesão de antigos torcedores destes clubes ao nosso plano de sócios.

Claro que estas idéias não bastariam para lotar o Novo Caldeirão, pois estamos falando de algumas dezenas, quiçá centenas, de torcedores frustrados, sofridos, amargurados e depressivos. Mas já seria um começo. Pensando melhor, o maior ganho seria sentirmos a emoção e o prazer de estarmos ajudando um semelhante nosso a sair desta difícil situação de não ter time para torcer.

#SouBQueroSerA

Abs.

Continuidade – Ivan H. Schuster

Que momento! Barcelona e Manchester United perderam em casa. O time catalão ainda teve o agravante de perder para um time formado as pressas por jogadores emprestados de outros clubes. Uma espécie de Sindicato dos Atletas com grife. O Leicester, a grande sensação do ano passado, tomou 4 do Liverpool. Borussia Dortmund, eterno favorito a vice nacional, perdeu fora de casa também. O Chelsea, a duras penas, conseguiu um empatezinho fora de casa, frente ao modesto Swansea, depois de estar perdendo por 2×1. Olhando os resultados paralelos, até que o nosso empate frente ao Paysandu, não foi ruim.

Muito ouvi que os demais resultados nos favoreceram. Acho que não. Acho que o nosso resultado favoreceu aos demais. Tivéssemos ganho, teríamos dado uma desapegada da zona de baixo. Zona de baixo?, perguntarão os menos iniciados. Sim, a zona de baixo do G4. Que delícia. Chorem secadores, redimam-se corneteiros. O esquadrão Xavante está no G4.

Há uma discussão em pauta sobre o que é melhor, ficarmos na Série B ou subirmos para a Série A. No meu entendimento, ter um melhor padrão de vida sempre é melhor, mesmo que temporariamente. Prefiro ser um rico com saúde do que ser pobre e doente. Se subirmos para a Série A – mesmo que aconteça um desastre que só acontece com os piores times do mundo, que seria ficar um campeonato inteiro sem vencer uma única partida -, o pior que aconteceria, seria voltarmos ao ponto onde estamos hoje. Ou seja, teríamos garantido mais um ano longe da Série C e ainda embolsaríamos uma quantia inimaginável até há poucos meses. Só por aí já dá para perceber o valor de subirmos mais um degrau.

Uma Série A em 2017 nos daria condições de preparar uma equipe forte de longo prazo. Com o dinheiro da TV, terminaríamos o Bento Freitas e teríamos condições de iniciar um novo projeto de montagem de uma base com atletas jovens para o futuro. Teríamos um ano inteiro, e dinheiro, para estruturar o clube e preparar um time para os próximos cinco ou dez anos. A Série A 2017, em si, pouco nos interessaria. Não almejaríamos nada a não ser a verba da TV, renda e patrocínios. Voltaríamos tranquilamente para a Série B em 2018, só que com um clube e um time melhor estruturados. Cresceríamos de forma sustentada, planejada. Claro, sempre correremos o risco do time seguir vencendo e continuarmos a subir. Libertadores 2018, atuar na Bombonera, enfrentar problemas com a altitude de Quito? Os secadores têm arrepios só de imaginar. Que sofram.

Sonhar é bom e o momento nos permite certos devaneios. Mas temos que manter os dois pés no chão. Não ajuda em nada nos acharmos a última bolachinha do pacote e começarmos a sonhar com excursões pela Europa, com torcida que mais cresce, maior estrutura do estado e tudo mais. Sabemos onde isto vai parar. Chegamos até aqui com humildade, com muito trabalho e dedicação, e assim devemos continuar.

Todo o nosso mérito está baseado em trabalho. O GEB, como instituição, como clube, como tamanho de torcida, está anos luz atrás dos nossos competidores atuais. Clubes como Ceará, Goiás, Paysandu, CRB, Náutico, Tupi, Vila Nova, etc., são muito maiores e com mais recursos do que nós. E nem citei o Bahia e o Vasco da Gama. Isto é o que tem que ser entendido. O que tem dado certo no GEB é a execução de um trabalho sério e continuado. Historicamente não somos Série B, estamos Série B. Para permanecermos neste grupo, só com muito trabalho, sem arrogância.

Alguém acredita, de verdade, que se tivéssemos trocado de treinador e dispensado mais da metade do time depois do fraco Gauchão, como a turma da corneta clamava, estaríamos na situação em que nos encontramos hoje? Falam muito que futebol é resultado. Falácia, papo de comentarista de resultado e de corneteiro. Para mim, nada mais falso. Futebol, no meu modesto entendimento, é planejamento, trabalho e continuidade. Exemplos não faltam, a começar pela atual seleção campeã mundial.

Abs.

A incrível história de Mogli – Ivan H. Schuster

Primeiramente, fora Temer!

O que passo a relatar a seguir, aconteceu em um futuro muito distante, mais precisamente no dia 7 de setembro de 3011.

O mundo já não é mais o mesmo como outrora fora. As guerras, sempre patrocinadas pelo capital, mas disfarçadas de motivos religiosos, diferenças etimológicas ou outra razão qualquer, haviam dizimado com muitos territórios e, até mesmo, nações inteiras. O que sobrou, foi devastado pela poluição e pelas mudanças climáticas significativas, decorrentes da ganância e do descaso. Muita gente morrera. O preço foi alto, mas hoje não há mais guerras. Os poucos sobreviventes entenderam que o planeta é um único para todos. Não existe o meu planeta ou o teu planeta, mas o nosso planeta. Pena que pouco restou a ser cuidado.

Decorrente de todo o maltrato imposto pela estupidez e ambição do homem, a natureza buscara seu ajuste. O clima havia sofrido mudanças bruscas, indo de um período secular de calor intenso a uma nova era glacial. Quase tudo é gelo, inclusive grande parte dos oceanos estão congelados. As cidades são envoltas por uma espécie de bolha térmica, que ao mesmo tempo que mantém uma temperatura amena constante, protege as pessoas da radiação solar e atômica, dos vírus, das pestes, do ar poluído e todo o ambiente hostil à vida humana que restou.

Vivemos tempos de alta tecnologia. A civilização – aqueles que possuíam condições financeiras – foi encontrando seus meios de sobrevivência e evolução. O trabalho braçal é praticamente inexistente. Há pouco trabalho a fazer. Máquinas computadorizadas tomam conta de quase tudo. As pessoas gastam seu tempo com atividades culturais e esportivas, entre elas o futebol.

A cidade onde ocorreram os fatos que vos narro, é um local pacato. Assim como em muitas outras localidades, o que restou do passado foram os times de futebol, hoje clubes milenares. Mesmo nos tempos mais difíceis, o velho esporte bretão havia resistido. Já em tempos remotos, as guerras haviam sido substituídas pelos campeonatos de futebol. Como a Rede Globo havia quebrado muito antes das guerras começarem, o futebol havia evoluído, tornando-se, de fato, um esporte popular e atrativo a todos. Os clubes também haviam crescido e se tornado parte integrante das comunidades as quais pertenciam. Enfim, ser Xavante, ainda é muito bom.

Agora senta que lá vem a história.

Pois, nesta cidade de nome Pelotas, a população estava em polvorosa. Corria a notícia que o corpo de um menino havia sido encontrado nas proximidades da cidade. Um grupo expedicionário havia encontrado o garoto, congelado, em uma espécie de cabana feita dentro de um morro, deitado em uma cama, como se estivesse dormindo.

Alertados pelos expedidores, cientistas forenses dirigiram-se ao local para analisar a situação. Após exames sofisticados e complexos, e muita pesquisa nos registros históricos, concluíram tratar-se de Mogli, um jovem rapaz desaparecido há quase 1.000 anos. O mais incrível, estava vivo. Estudos revelaram que o jovem havia sofrido uma forte depressão e teria entrado em coma profundo. Posteriormente, teria alterado este coma para um estado de hibernação. E, assim, encontrava-se há quase 1.000 anos.

Entretanto, concluíram os cientistas, amparados pelas leis atuais, que primam pelos direitos individuais, nada poderia ser feito. Analisando melhor o local, haviam encontrado um bilhete, escrito pelo próprio Mogli, onde lia-se “Acordarei quando o Lobão voltar para a primeira divisão.”

A vida é dura, companheiro.

Abs.