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Que tiro foi este?

Claro que a saída do Rogério Zimmermmann pegou muito Torcedor de surpresa, mas qual a leitura de tamanha decisão do Ricardinho?

Já ovacionei e já critiquei RZ. E isto é muito fácil de fazer porque na minha opinião Zimmermmann é isto, um misto de Céu e Inferno.

Até nas palavras não tem muito nhem nhem nhem com ele e se tiver que meter o pau na emprensa ou na Torcida ele tasca-lhe e pronto.

A elogiar, sempre, as grandes conquistas materializadas nos acessos em cima de acessos. A organização, o trabalho, a dedicação, a defesa de seus comandados, o perfeccionismo naquilo que empreende.

Meu berro era por não dar um passo adiante. Achar que estamos onde devemos estar e por passar uma mensagem de que os clubes de Porto Alegre são intangíveis para nós Xavantes.

Mas esta não é a angústia maior que me atormenta no momento. O que acontecerá após tão surpreendente ruptura?

Sim, porque já foi dito e redito por nosso Presidente que 2019 será um ano de guaiaca apertada, Time baratinho, cofre fechado a sete chaves.

Mal escapamos da degola após uma recuperação fenomenal comandada por nosso ex-Treinador e já vêm outros fantasmas a nos atormentar?

Será que o Vice-Campeão Gaúcho vai entrar no campeonato só para cumprir carnêt? Lutar para se manter entre os medianos? O Daronco deve estar dando risadas. – Por Xavante Munhoso

Nada a reclamar

Por Antonio Luiz Munhoso

Pois é!

É Real.

O G. E. Brasil ganhou por cinco a zero da equipe Vila Nova Atlético Clube, de Minas Gerais, jogando no Estádio Bento Freitas em partida válida pela trigésima quinta rodada do Campeonato Brasileiro – Série B na noite de seis de novembro de dois mil e dezoito. Desta maneira o Xavante alcançou quarenta e três pontos praticamente selando a participação na competição do ano que vem.

Os mais exigentes (como eu e trocentos outros) hão de dizer que ainda faltam dois pontinhos para os quarenta e cinco salvadores da degola. Mas, cá entre nós, este ano o ponto de corte vai ser mais embaixo. Daí, bora foguetear porque está pelada a coruja. E olha que ainda faltam três rodadas para acabar a bagaça.

O Time em campo foi um sonho só. Bola de pé em pé. Contra-ataques fulminantes. Harmonia sem igual numa noite histórica e deslumbrante. Coisa de louco mesmo. Fica até complicado registrar a epopeia diante de tanta felicidade.

Marcelo Pitol, Éder Sciola, Leandro Camilo, Heverton, Alex Ruan, Leandro Leite, Itaqui, Welinton Junior, Diego Miranda, Lourency e Wallece Pernambucano deram show. E ainda teve Rafael Gava, Léo Bahia e Michel que também ajudaram na festa Rubro Negra.

Embora o primeiro gol Xavante só tenha ocorrido aos quarenta e um do primeiro tempo, dava para sentir que hoje a inhaca partiria de vez premiando aquele Torcedor que não faltou um jogo sequer nesta difícil campanha que está preste a se encerrar.

Eu poderia até resumir a minha alegria desta noite memorável destacando o Diego Miranda ou principalmente o Welinton Junior. Se o primeiro tomou conta da Camisa Dez o outro encheu os olhos daqueles que apreciam o bom futebol.

Mas aí não estaria fazendo justiça plena porque indiscutivelmente o cara iluminado foi Rogério Garcia Zimmermmann, treinador do G. E. Brasil.

Tapou a minha boca. Não que eu seja do contra. Nem tampouco corneteiro, Deus me livre! Eu só estava meio assim, assim.

É isto aí RZ. Segue nesta toada porque desta maneira a felicidade é completa. Quem diz isto não é só eu. Também assinam este pensamento o Meneguetti e milhares de outros Torcedores.

Preocupante, muito preocupante

Por Antônio Roxo

Utilizo as palavras do técnico RZ, recentemente re-conduzido ao cargo, para falar de uma outra situação para mim – e para alguns poucos torcedores – tão ou mais angustiante do que a que ele se refere.

Não há dúvida que, à medida que enxergamos a possibilidade do rebaixamento experimentemos a sensação do apenado no corredor da morte. Diferentemente deste, julgado culpado pela lei e por isso, talvez, resignado, não conseguimos enxergar onde está nossa culpa nessa história. Ainda que seja atribuída à torcida uma espécie de responsabilidade atávica – tanto para o bem quanto para o mal – fico pensando em qual ingerência essa massa disforme e desorganizada tem nas decisões dentro do Clube. Que papel outro a metafísica torcida teria de ter senão … torcer?! Associar-se, pagar a mensalidade? Sim é verdade, porém há quanto tempo não há outro discurso no Bento Freitas senão o da falta de recursos. Que credibilidade pode-se dar as frequentes declarações de falta de recurso para tudo?
Esclarecedora e ao mesmo tempo estarrecedora a entrevista do vice de patrimônio Eduardo Fagundes (publicada pelo repórter Eduardo Torres) a qual transcrevo os tópicos:

“A parceria com a Porto 5 é a seguinte: eles nos dão a parte de concreto e os guarda corpos. Ao Brasil cabe o PPCI e a parte inferior(estrutural).

“A Porto 5 é uma grande parceira. Se alguém tem culpa na demora não é ela, e sim o Grêmio Esportivo Brasil.”

“Acredito que daqui 15 dias a Porto 5 nos entrega a parte dela. Aí é com o Brasil. Acredito que o mínimo para liberação gire em torno de 80 mil reais.”

“O CLUBE NÃO LIBERA UM REAL PARA O PATRIMÔNIO, pois a prioridade é a série B. E nós vamos tentando arrecadar com pessoas próximas e conselheiros, mas não está fácil.”

“Existe uma idéia, nada confirmado, de não utilizar a JK no Gauchão para celeridade da obra. Se for necessário usar, talvez se use a metade, para seguir tocando a obra. Seria o mais viável.”

“NÃO ENTRA NENHUM REAL DE COTA DA CBF, NEM DOS SÓCIOS PARA O PATRIMÔNIO. Antes de ser vice, ainda no conselho, eu já havia sugerido que uma porcentagem da receita fosse destinado ao patrimônio, pelo menos para a manutenção do próprio.”

“A minha relação com a atual diretoria não é tão boa, pois em algumas situações eu penso um pouco diferente deles, mas respeito totalmente.”

“O Brasil tem que ser mais democrático. No regime presidencialista, totalmente presidencialista, se o Ricardo não quer, não acontece.”

“Eu e o Nilton Pinheiro fizemos quase uma diretoria paralela. Para não atrapalhar o presidente e para tocarmos área importantes no clube. O Ricardinho nos deixou trabalhar, e o Selmar(Pintado) foi outro que nos ajudou bastante.”

“Um clube pequeno como o nosso, não pode abrir mão de perder pessoas. Nesses últimos anos perdemos pessoas importantíssimas como Homero Klauck, Ballverdu e o Cláudio Montanelli.”

“A informação que tenho do presidente é de que após a renegociação, o valor do aluguel da arquibancada da JK ficou em cerca de 20 mil/jogo.”

Ouve-se amiúde que o acesso à divisões maiores do futebol é, tanto mais que o objetivo precípuo de toda agremiação, também o acesso a cotas de dinheiro progressivamente maiores e fundamentais para o crescimento desta agremiação. Obtivemos os tão sonhados acessos. E onde estão os aportes financeiros que não repercutem em planejamento, contratações compatíveis com a complexidade dos certames e da manutenção das despesas fixas do Clube?
Um amontoado de informações obtusas que, ao final, revelam o quanto o Clube é tratado com desrespeito pela própria torcida que compra, aceita, avaliza e se lambuza com a forma com que ocorre a administração. Tenho que concordar que o tamanho que teremos é aquele que quisermos mesmo! O que tem imperado é a festa, a idolatria cega, a falta de planejamento, o messianismo.
Lamentável ver o que vivemos neste momento. Infelizmente a mentalidade não acompanhou e insiste em não acompanhar. Está aí a ausência de qualquer alternativa a administração anterior (que teve seu mérito e seu tempo) e que agora claramente se atrapalhou.
Parece mesmo que o Grêmio Esportivo Brasil, a exemplo de tantas coisas nesse orgulhoso fim de mundo, viverá sempre de glórias conseguidas quase ao acaso e sempre no passado.
É uma pena constatar – depois de 107 anos de existência – que uma possível mudança de pensamento é uma quase perda de identidade. E isso pelo próprio torcedor.! Triste que um Clube de Fubebol, um Patrimônio da Alma dos Negrinhos da Estação, ainda ter em suas arquibancadas (e cadeiras cativas) pessoas que estufam o peito para dizer na Baixada as coisas sempre funcionaram e continuarão a funcionar desse jeito.
Levantei a bola para a cortada; “está reclamando, então pega!”. Resposta pronta de sempre! Como torcedores, independentemente de associados ou não, temos sim o direito de explicações mais claras pois é exatamente essa desorganização que faz com que exista um número tão pequeno de pessoas que preferem vendar seus olhos, reclamar nas conversas informais e todo mês pagar sua mensalidade.
Não preciso ser sócio da CBVB para questionar sua administração e fazer críticas ao desempenho da seleção brasileira de voley.

Crepúsculo do campeonato

Por Xavante Munhoso

A vigésima oitava rodada encerrou-se com um gosto amargo para nós Xavantes. Brasil um, Oeste três em pleno Estádio Bento Freitas deixou um rastro de tristeza sem tamanho.

Mas não foi apenas o placar o nosso algoz.  Logo aos quatro minutos de jogo, o jogador Pereira, tragicamente, fraturou a perna e necessitou de atendimento médico sendo conduzido de ambulância ao hospital.

Para o seu lugar, o Brasil mandou a campo Wallace Pernambucano queimando a primeira substituição prematuramente.

Inacreditavelmente, Wallace Pernambucano também sai de campo numa ambulância após um choque cabeça com cabeça com o atleta Patrick da equipe adversária. O jogador do Oeste após cuidados médicos no gramado se recuperou e continuou no jogo.

Se completo, o Time do Brasil já teria sérias dificuldades para vencer o Oeste, imaginem com essas duas baixas por lesões sérias e em tão curto espaço de tempo.

A campanha é ruim e um lance como o ocorrido com o Pereira, afeta a Torcida, quanto mais os jogadores em campo. Daí, não deu outra e pouco tempo após o reinício do jogo o time do Oeste abriu o marcador fazendo um a zero.

Contando os trinta e cinco minutos em que a partida esteve interrompida o primeiro tempo de jogo levou longos e intermináveis oitenta e três minutos num sofrimento sem fim visto que o Oeste ainda fez um segundo gol para desespero geral da Nação Xavante.

Infelizmente ainda teríamos que enfrentar o segundo tempo num cenário de total incredulidade.

Mesmo com três zagueiros sofreríamos mais um gol aos vinte e três minutos do segundo tempo. O Time em campo lutava, mas estava totalmente abatido. Na Arquibancada, alguns torcedores debandaram como se isto fosse adiantar alguma coisa.

O sol radiante contrastava com a cara da grande maioria dos Torcedores que teimavam numa esperança surreal que não veio.

O golzinho de honra do Brasil foi feito pelo centro avante após uma grande jogada do goleiro Xavante. Desesperado tanto quanto eu Marcelo Pitol conduziu a bola e quando parecia que ele iria gol à dentro lançou com força e com raiva como a dizer para o Michel “Toma! Faz!”. E Michel fez.

Restam agora dez rodadas. Trinta pontos em disputa dos quais o Brasil precisa de quatorze para manter-se no Campeonato Brasileiro – Série B de dois mil e dezenove.

Não sei vocês, mas eu não largarei o jogo de antemão como aqueles que fizeram hoje. Muito pelo contrário, é quando a peleia tá braba que mais me faço presente no Bento Freitas.

A Deus, peço uma rápida e boa recuperação para o Pereira e para o Wallace Pernambucano. Agora, para o Rogério Zimmermann, só peço uma coisa. Não inventa. Sem essa de três zagueiros. Faz o teu feijão com arroz que pode dar certo novamente.

A pedra filosofal

Por Xavante Munhoso

Ao dar os primeiros passos em direção às novas terras, os primatas sabiam que havia algo a descobrir além das cavernas.

Das armas de osso e pedra lascada à descoberta da roda passaram-se séculos. Um grande avanço, mas queriam mais. Já não andavam de quatro e roupas, carros, aviões e celulares só instigava a necessidade do prazer pelo prazer.

Entre uma guerra e outra o esporte transformou-se num semideus a comandar as emoções liberando ordinariamente o que chamam de adrenalina.

Já na China antiga (três mil anos antes de Cristo) os militares chineses praticavam um jogo que na verdade era um treino militar. Para desestressar formavam equipes para chutar a cabeça do inimigo o que na verdade só aumentava a gana de acabar com todo e qualquer oponente.

Tempos depois o Japão inventou algo mais politicamente correto introduzindo uma bola feita com fibras de bambu. Num campo de duzentos metros quadrados, dezesseis atletas formavam dois times de oito para disputarem as partidas. As equipes eram formadas por integrantes da corte do imperador e talvez por isto entre as regras a proibição do contato físico fosse uma das principais.

Daí a bola foi rolando mundo afora e na Grécia a bola já era feita com uma bexiga de boi. Mas decerto não era qualquer um que se atreveria a jogar porque esta era cheia de areia ou terra.

Na Itália Medieval o futebol surgiu com o nome de “gioco del cálcio” praticado com tanta violência, barulho e desorganização que o rei Eduardo II teve que decretar uma lei proibindo a sua prática. Mas o jogo não terminou porque os integrantes da nobreza criaram uma nova versão com regras que não permitiam a violência onde doze juízes deveriam fazer cumprir as regras do jogo.

E assim o que hoje chamamos de futebol atravessou a idade média com histórias sangrentas devido a verdadeira carnificina entre os praticantes do esporte avassalador.

Lá pelo século XVII o “gioco del cálcio” chegou à Inglaterra e daí em diante a história do esporte bretão é bem mais conhecida. Ganhou regras diferentes, organização e sistematização. A bola de couro passou a ser enchida com ar.

Praticado também por estudantes foi aos pouco se popularizando e em mil oitocentos e quarenta e oito, numa conferência em Cambridge, estabeleceu-se um único código de regras.

No Brasil, Charles Miller é quem tem a honra de ser o percursor do futebol por ter a tido a feliz iniciativa de trazer direto da Inglaterra uma bola e um conjunto de regras lá por mil oitocentos e noventa e quatro.

Eu poderia dizer milhões de coisas mais a respeito da história do futebol brasileiro, mas só pelo fato do mundo inteiro nos conhecer como “O País do Futebol” fico por aqui.

Agora, no futebol nacional temos uma particularidade que não pode passar despercebida. É o treinador. E porque isto? Simples, segundo os dados do Censo Demográfico de dois mil e dez, a população total brasileira é cento e noventa milhões, setecentos e cinquenta e cinco mil, setecentos e noventa e nove brasileiros.

E todos se acham um pouco treinador. Não tem quem não dê o seu pitaco na escalação da Seleção Brasileira ou no time do seu coração. E aja coração porque alguns torcem para mais de um clube.

Daí o que acontece quando um time vai mal? Sobra para o treinador e a cabeça dele é a primeira a rolar.

Mas nem tudo é desgraça neste mundo cruel. Há neste seleto grupo o “Salvador da Pátria”. Aquele que na hora da vaca ir para o brejo é chamado às pressas para reorganizar e dar um novo rumo aos acontecimentos esportivos.

Homem da confiança dos diretores chega com poder absoluto. Um Midas com a tarefa de transformar limões em limonada ante a escassez do precioso metal.

Às vezes, é preciso mais ainda. E para resgatar um projeto vai se atrás da “Pedra Filosofal” porque na alquimia do esporte é preciso transformar uma engenharia que deu errada em algo brilhoso e de pleno sucesso.

E foi isto que o G. E. Brasil fez ao recontratar o treinador Rogério Zimmermann.

Diante do abismo eminente representado pelo Z4 e pelas perdas financeiras e de prestígio praticamente certas, trouxe de volta aquele que já mostrou ser capaz de transmutar fracassos em resultados honrosos.

Agora é bola prá frente. Com muito trabalho e gols porque bola na trave não altera o placar. Não vai ser um primor de futebol, sabemos. Mas gol de canela também vale.