Arquivo da tag: Marketing

Reflexão – Ivan H. Schuster

Estas duas últimas semanas houve muita discussão a respeito do preço dos ingressos e das mensalidade dos sócios. Não faltaram ideias e sugestões. Respeito todas as opiniões. Acredito que não se evolui de forma sólida sem que haja discussão. Tudo pode e deve ser questionado e criticado, desde que seja com o intuito de melhorar. Só não concordo com ofensas pessoais. E houve muito, infelizmente.

Assim como muitos, também gostaria de dar o meu pitaco. Mas já vou avisando que não faço a menor ideia de qual o melhor valor para o ingresso e, muito menos, para a mensalidade. E, até onde tenho acompanhado, ninguém sabe. Não vi, li ou escutei nada que tivesse um embasamento sólido. Muito achismo travestido de certeza. Tanto do lado dos Torcedores como da diretoria do clube. É hora de parar e pensar fora da casinha.

No capitalismo, quem determina o preço de um produto ou serviço é o mercado. A famosa lei da oferta e da procura. Maior a procura, maior o preço. E vice-versa. O preço de um produto ou serviço independe do seu custo. É tarefa do fabricante ou do prestador de serviço adequar o custo ao que o mercado deseja pagar. Se não conseguir isso está fora do mercado. Simples assim. Justificar o preço de venda pelo alto custo simplesmente não cola.

O preço que o mercado deseja pagar por um produto ou serviço é definido pelo valor percebido. O valor percebido envolve inúmeras variáveis, tais como, comparativo com produtos concorrentes, necessidade, desejo, utilidade, design, conforto, segurança, confiança, etc. É neste campo que a área de marketing atua. É tarefa do marketing melhorar a percepção de valor que o mercado tem sobre determinado produto ou serviço.

Isto posto, é possível perceber que o que está sendo oferecido pelo Grêmio Esportivo Brasil está em desacordo com o que o seu público alvo, o Torcedor Xavante, está disposto a pagar. A oferta está muito maior que a procura. Basta olhar o número de lugares vazios no Bento Freitas a cada apresentação Xavante – o Xavante não joga, apresenta-se. Não raramente os lugares vazios são superiores aos ocupados. Justiça seja feita, pois esta não é uma questão exclusiva do GEB, mas da quase totalidade dos clubes brasileiros. Mas o problema dos outros é deles, temos que resolver o nosso.

Não vejo como uma estratégia boa a majoração dos preços dos ingressos para forçar o Torcedor a se associar. Pior, ainda, baseado em uma fraca argumentação sobre custo de manutenção. Entendo que o Torcedor deve ser incentivado a se associar, não forçado. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O Torcedor que é sócio para pagar menos no ingresso possui baixa fidelidade. Isto é, possui grande possibilidade de parar de pagar.

Acho que o valor do ingresso ideal é aquele que possibilita que todos os lugares sejam vendidos. O mínimo que se pode almejar em uma apresentação Xavante é que o Bento Freitas esteja lotado, sempre. Não viabilizar isto é colocar em risco o futuro do clube, além de ir contra aos anseios dos fundadores em construir um clube popular. O GEB nunca foi, não é e não pode ser um clube elitista. Tem que haver espaço para todos, ponto. Precisamos pensar no GEB não apenas para este ano, mas para para os próximos 10, 20, 50 anos.

Um estádio cheio possibilita inúmeras outras formas de receita que não apenas o ingresso. É só observar o tamanho do comércio existente nos arredores do estádio em dias de apresentação, sobre os quais o clube arrecada zero. E nem vou comentar a influência positiva de um estádio cheio no time em campo. É, comentei.

Entendo que é hora do GEB investir pesadamente em marketing, procurando não apenas melhorar o valor percebido em ser sócio, desvinculando a mensalidade do preço do ingresso, como também pensando em outras formas de receita decorrentes e paralelas, possibilitando ingressos a valores mais aderentes ao desejado.

Fórmula mágica: primeiro temos que trabalhar no aumento da procura por ingressos em dias de apresentação, focar em encher o estádio, oferecendo, também, novos produtos e serviços. A partir daí poderemos pensar na adequação dos preços.

O Xavante será do tamanho que quisermos.

Abs.

 

A rifa – Ivan H. Schuster

Vender patrimônio nunca é bom, mas há vezes que não existe outra saída possível. O caso do nosso estádio, por exemplo, é uma destas situações. Foi-se o tempo que se construía um estádio só com doações dos torcedores. A conta agora é mais salgada e o mar não está para peixe, que dirá para índio.

Acompanho diariamente pelo site ( http://www.novobentofreitas.com.br ) a construção da arquibancada inferior norte. Abre parêntesis: Parabéns aos responsáveis por colocar este site no ar. Serviço de alta qualidade e um alento para os que, assim como eu, moram longe. Fecha parêntesis. A obra vai em ritmo acelerado. É fácil perceber o progresso diário. Não há dia que não se note algo novo. Já o saldo da conta para receber as participações vão em um ritmo muito lento. Decepcionante. Se dependêssemos das doações para erguer o estádio, nem os tapumes teriam sido colocados.

Apesar de toda a situação atual no país, com crise na economia e golpe na política, que tem gerado insegurança e desespero, acredito que as contribuições poderiam ser mais generosas, em um ritmo de crescimento mais acelerado. Não, não acho que seja por má vontade ou indiferença dos torcedores com relação aos enormes desafios que estamos tendo e teremos nos próximos anos. Estamos todos sabendo que não será melzinho na chupeta e que nossa participação é fundamental.

Não entendam que o que exponho seja uma crítica pessoal e muito menos falta de reconhecimento aos que estão na luta diária pela defesa da causa Xavante. Quem já me acompanha há algum tempo sabe que sou fã de carteirinha do pessoal da Associação Cresce, Xavante! e um defensor ferrenho dos diretores do GEB, sejam eles quem forem. Digo isto, porque entendo que, além de ser muito Xavante, tem que ter muita vontade e perseverança para se dedicar diariamente ao crescimento do GEB. São poucos. Os corneteiros são em maior número, bem maior.

O que eu acho, é que tem muita vontade, dedicação, suor e pouco planejamento, organização e idéias, quando o assunto é marketing. Em resumo, muita transpiração e pouca inspiração. Marketing não é a minha área de atuação, embora tenha alguma base teórica e prática sobre o assunto, mas, desde que me conheço por gente, o GEB empreende 3 ações que proporcionam arrecadação financeira a partir dos Torcedores: 1) Plano de sócios. Todo ano tem um novo, que propõe ser diferente, mas é igual aos demais. Muda-se os nomes das categorias, mexe-se nos valores e confecciona-se novas carteirinhas. Se tem muitas categorias, faz-se um enxugamento. Se tem poucas, aumenta-se; 2) Passar a sacolinha. Criam-se listas, grupos de Torcedores e de indivíduos dispostos a doarem algum valor, além da mensalidade. Assim, no seco. Sem nada em troca. Nem recibo. As vezes nem o “muito obrigado”. Normalmente, nestes casos, há um fim definido e valor estipulado a ser arrecadado; 3) A rifa. Esta é infalível. Surgiu a necessidade de arrecadar, lá está ela. Já rifamos de tudo. De carrinho de pipoca, boi vivo, boi morto, até automóveis e um caminhão de prêmios(fala baixo). Vou desabafar, não aguento mais rifas. Obviamente, continuarei comprando e tentando ajudar a vender, não é este o caso. A questão é que precisamos ser mais imaginativos, criativos, buscar outras soluções, sair fora da casinha. Precisamos ter uma visão ampla, que contemple as nossas necessidades e desejos, atuais e futuros, e a partir desta visão definirmos as ações possíveis. Em uma palavra: planejamento.

Mais, precisamos pensar formas de arrecadação que nos permitam atingir um público fora de Pelotas, até dos que ainda não se descobriram Xavantes. Temos que ampliar o nosso público-alvo. Por mais que sejamos a Maior e Mais Fiel Torcida do Interior do RS, não temos contingente suficiente para dar suporte a arrecadação dos valores necessários para bancar o investimento para crescermos e nos mantermos grandes. Diz uma máxima, que se fizermos algo sempre da mesma forma, obteremos os mesmos resultados. No nosso caso, merreca.

Não tenho a pretensão de ensinar ninguém a fazer nada, muito menos de ficar cobrando que façam algo que não me proponho a fazer. Dançar é fácil, difícil é carregar o piano para ter música. Minha intenção é tão somente chamar a atenção e instigar o pensamento. Talvez um bom início seja procurar por novas idéias, ouvir pessoas de fora, buscar casos de sucesso, enfim, listar várias possibilidades e identificar aquelas que serão factíveis de serem implementadas. Não necessariamente uma única idéia vencedora. Por vezes, várias ações pequenas dão mais resultado que uma única ação gigantesca, desde que planejadas e gerenciadas de forma adequada. Pode até ter rifa, só não pode ser a única opção.

Abs.