Os dois meses mais importantes da história do G.E.Brasil

Por Marcelo Barboza

Amanhã começa o mês de outubro e junto com ele chegam os 60 dias mais importantes da história do nosso G.E.Brasil. Restam 13 rodadas para o final da Série B do Campeonato Brasileiro 2019. A situação do Brasil não é das piores. Hoje com 30 pontos, na 13ª colocação, estamos próximos dos almejados 45 pontos, a média calculada para garantia de não rebaixamento. Mas no Bento Freitas, os problemas são outros.

Com praticamente duas folhas salarias em atraso, com os jogadores sem darem antrevistas, e um acúmulo de dezenas de dívidas trabalhistas, o futuro do Brasil depende da permanência do clube na Série B em 2020. Imaginem o quão trágico seria um rebaixamento para a Série C. Sem as verbas de televisão da Série B, com salários atrasados no final do ano, sobreviver um ano inteiro com verba do Gauchão é impraticável. É muito preocupante o que pode acontecer com o clube caso isso venha ocorrer.

O presidente Ricardo Fonseca já assumiu nos bastidores alguns de seus vários erros nos últimos anos. Erros no futebol, como a contratações de jogadores que não deram certo, são totalmente normais de acontecer. O problema maior foi não saber administrar certas situações e, principalmente, o grande volume de dinheiro jamais visto pelos lados do Bento Freitas nos seus 108 anos de vida. A falta de convicção e o autoritarismo do presidente do clube, levaram o Brasil à essa situação caótica. As coisas dentro do clube estão muito mais feias do que se parece.

Hoje o clube sobrevive do dinheiro das verbas de tv do Campeonato Brasileiro e do Gauchão, além do quadro social do clube. Os patrocínios na camisa rendem dinheiro com o Banrisul, KTO e Zezé, esse último com um valor mais baixo que os demais e com o dinheiro indo direto para a base do clube. O restante dos patrocínios são todos permutas por algum tipo de serviço. Não rendem dinheiro aos cofres do clube. O interessante é que os jogos do Brasil são 100% transmitidos pelo canal Premiere na Série B e, conforme levantamento que realizei, 65% dos jogos do ano passado foram transmitidos para todo o país pelo SporTV. Agora em 2019, foram 18 dos 25 jogos transmitidos pelo SporTV. Quanto será que vale um minuto de exposição de uma marca no SporTV em horário nobre?

Outro caso, quanto será que vale uma marca sendo exibida em um dos maiores jogos de video game do mundo? Esse ano o Brasil está no jogo de futebol oficial da Konami, o PES 2020, lançado recentemente em todo o planeta. Será que alguém tentou negociar um novo patrocinador antes de mandar informações pra Konami? E outra, o jogo foi lançado em 10 de Setembro e até hoje o Brasil não lançou uma nota sequer sobre o jogo em suas redes sociais ou no site do clube. É inacreditável.

Sobre o dinheiro, estamos falando de algo em torno de 12 milhões por ano de receita. Até 5 anos atrás, o Brasil vivia com muito menos que a metade disso e o time era bem melhor. E o que se ouve por parte do clube? “Precisamos de mais sócios”, “tínhamos que ter 10 mil sócios”, “a torcida precisa participar mais”. É sempre no rabo da torcida. Buscar outras formas de receitas, parece não ser prioridade para quem administra o clube. O Gerente Executivo do clube, Edu Pesce, é muito bom de papo e muito ruim em apresentar resultados. Está há alguns anos no clube e as campanhas de sócios são sempre as mesmas e sempre praticando ações que afastam o torcedor do estádio. Aí na hora do aperto, baixa o valor do ingresso.

Falando do time, do que temos visto dentro de campo, ainda há o que temermos. O time é muito instável e claramente falta qualidade no elenco. Bolivar ainda não conseguiu fazer o time jogar bem. E talvez nem seja culpa dele, pois o elenco estava aí quando ele chegou. Mas nessas 13 rodadas que restam, esses jogadores que aí estão, e o próprio Bolivar, precisam achar um equilíbrio suficiente para conseguirmos mais 15 pontos em 39 a se disputar. Não é difícil. E mais, precisamos que isso aconteça para que nos mantenhamos vivos à curto prazo como clube.

Agora, mais do que nunca, é hora de nós torcedores seguirmos apoiando o time como vem sendo feito. O futuro do nosso clube depende dessa permanência na Série B. Recentemente tivemos uma inédita eleição para o Conselho Deliberativo do clube e novas pessoas estão entrando para dar novas ideias e fiscalizar o que vem sendo feito de errado. Ano que vem teremos novas eleições para a presidência do clube e teremos a chance de revitalizarmos o clube administrativamente. Mas tudo isso depende desses próximos 13 jogos. Cada jogo em casa tem que ser tratado como uma decisão, como uma guerra. E tenho certeza que o torcedor fará a sua parte por entender a importância desses dois meses que estão por vir, assim como tenho certeza que tudo dará certo e 2020 será um ano de resconstrução no Bento Freitas.

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