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Uma honra imerecida pelo Cruzeiro | Fabrício Cardoso

Apesar do ano hediondo, Cruzeiro volta a pisar no gramado onde é freguês desde 1984. Será uma honra para eles. Foto: AI/GEB

Por Fabrício Cardoso

Tchê, o Cruzeiro começou mal a Série B. Dessa vez nem dá para responsabilizar aquela diretoria com incontinência financeira, investigada por tantas irregularidades, mas que já poderia ser condenada sumariamente pela desfaçatez de pagar meio milhão de salário ao Edílson Cachaça. Foi a torcida dos caras que, tendo um monte de clube sem torcida para provocar, elegeu os confrontos contra o nosso Xavante como símbolo da decadência deles.

O Brasil tem muito a ensinar ao gigante mineiro – embora, em matéria de cuidado com as finanças, haja professores melhores no mercado. Somos um clube nascido e mantido pelos torcedores. Ninguém aqui corre para nosso estádio com spray para pichação em protesto, feito guri mimado depois de tomar leitinho com pão de queijo. Não somos clientes do Brasil. Nós somos o Brasil. Se é para correr para a Baixada em dia que não tem peleia, é com cimento às costas, pelo prazer de ver nossa arquibancada pronta, cheia e pulsante.

A vida não é fácil nessa parte do pampa que roça o Uruguay. Talvez por ver o sacrifício de muitos para exercer esse amor, o Brasil seja menos usado para os interesses pessoais de quem está no poder. Se houvesse mais dinheiro rolando, a ganância tenderia a se manifestar? Não sabemos. Mas por ora nossos diretores não têm helicóptero.

Quando o calendário marca duelo com algum clube grande, a Baixada fervilha. Jamais pelo visitante, por óbvio. Nós somos o Brasil e, quando a circunstância exige mais força, nós corremos ao Bento Freitas simplesmente porque o clube precisa mais da gente. É por isso que o estádio mais humano do mundo é o único lugar onde Grêmio e Inter jogam fora de casa no Rio Grande do Sul. O Flamengo, acostumado a ter suas chuteiras lambidas País afora, joga fora de casa lá também. Jamais existiu nem jamais existirá um clube capaz de sufocar nossa maioria na João Pessoa, 694.

Depois de todas as merdas que fez em 2019, convenhamos, é uma honra ao Cruzeiro pisar num lugar tão sincero como esse.

Quase lá! | Alice Silveira

por Alice Silveira

Estamos a três pontos de conquistar nosso principal objetivo este ano: a permanência na Série B do campeonato brasileiro. Aos trancos e barrancos, estamos quase chegando lá. A inesperada e também muito comemorada vitória sobre o Vila Nova fora de casa na noite de ontem (29), fez com que o Xavante encostasse na Série B 2020. Falta bem pouquinho para se agarrar com unhas e dentes à ela.

Em um momento ou outro, teve quem duvidou, inevitavelmente. Alguns largaram a toalha lá no início e deixaram o destino decidir sem nem mais se estressar. Outros permaneceram fiéis à certeza de que a nossa camisa pesaria no final, como tem acontecido todos os anos nessa sequência de quatro temporadas na segunda divisão nacional. Aqui pode até balançar, mas não cai.

Pode ter quem diga que a situação nunca esteve tão delicada quanto desta vez. É uma verdade, de fato. O nível técnico da equipe era baixo, nosso começo de ano já não havia sido fácil, a situação financeira do clube resultou em salários atrasados e bem sabemos, ninguém trabalha feliz de graça. Mas mesmo perante todas as adversidades, vimos quem estava ali para fazer a diferença.

Senhoras e senhores, pode ter faltado tudo ao nosso grupo de jogadores nesse árduo campeonato. Mas não faltou dedicação, suor e amor à camisa. Imaginem que derrubamos gigantes em nossa casa, trouxemos resultados importantes jogando fora, conseguimos nos manter respirando naquela que provavelmente foi a Série B mais disputada que encontramos até agora.

Conseguimos! Falta muito pouco para a consagração de uma campanha construída na certeza de que, como diz o canto das arquibancadas do Bento Freitas, temos um time de guerreiros. O sentimento de gratidão da maior e mais fiel é unanimidade, o resto a gente resolve. Avante!

Foto: AI / GEB

Jogamos como sempre, vencemos como nunca

Por Marcelo Barboza

Lhes confesso que as expectativas não eram das melhores para o jogo do Brasil em Ponta Grossa. Os números do Operário jogando em casa e os trágicos números do Brasil jogando fora de casa, me deixaram com os dois pés atrás para esse jogo. Porém, meus amigos, nem só de números vive o futebol. O Brasil foi lá e venceu.

Bolivar resolveu manter a base do time que vinha jogando nos últimos jogos. Sem poder contar com Eduardo Person, suspenso, Jatobá voltou ao time titular. Na lateral-esquerda, posição amaldiçoada nessa Série B, teve Pará como titular novamente. Porém Pará jogou por pouco tempo, acabou saindo machucado no meio do primeiro tempo. Ele vinha sendo o jogador mais lúcido no péssimo primeiro tempo que o Brasil fez. O Operário marcou o seu gol em uma jogada onde o camisa 9 deles teve uma facilidade tremenda para receber a bola, girar, ajeitar pra perna direita e chutar no canto do Carlos Eduardo. Ninguém conseguiu colocar um pezinho na frente. Ofensivamente, o Brasil nada produziu. Pelezinho, jogando pelo lado esquerdo de ataque, apanhou da bola o tempo todo. Guilherme Queiroz mal via a cor da bola, só corria atrás dela. Diogo tentava produzir algo, mas sem sucesso. O primeiro tempo terminou com 1 a 0 pra eles e a expectativa de nova derrota fora de casa se tornava uma convicção a cada minuto.

Para o segundo tempo, Bolivar sacou Pelezinho e colocou Maicon Assis já no intervalo. Porém o jogo do Brasil não melhorou ofensivamente. O Operário é que parou de chegar no ataque e o Brasil conseguiu ficar um pouco mais com a bola. A melhor chance de gol foi com Washington, que quase marcou de cabeça no primeiro minuto do segundo tempo. O Brasil foi chegar ao gol do Operário aos 21 minutos somente, com uma bola parada. Falta pelo lado esquerdo de ataque, Murilo Rangel cruzou na área e Leandro Camilo tocou de pé direito para marcar o gol de empate. O que ali, já era um baita resultado. O Operário tentou se jogar pro ataque em busca do seu segundo gol, mas sem muita organização e com poucas chances claras.

Quando parecia que voltaríamos para casa com um ponto, em um jogo ruim do Brasil, o futebol nos agraciou com fortes emoções. Outra falta pelo lado esquerdo e dessa vez Pereira foi para a cobrança. A bola foi direto na direção do goleiro deles que espalmou para o meio da área e lá estava Leandro Camilo, novamente. Ele chutou de primeira, meio de xiripa, e a bola entrou de mansinho no gol. O relógio já mostrava 46 minutos do segundo tempo. Após o gol, o Operário ainda chegou com perigo em um escanteio onde Carlos Eduardo afastou uma bola de soco, onde provavelmente um jogador deles marcaria de cabeça. Ali foi o último lance do jogo.

O resultado nos dá um respiro importante pensando na zona de rebaixamento. Agora são 6 pontos longe do inferno. Mas o próximo jogo é contra o Criciúma, já na terça-feira, fora de casa, time que é o primeiro na zona de rebaixamento. Jogo de suma importância.

Como eu tenho conversado com amigos, vai ser essa loucura até o final da Série B. Dificilmente o Brasil vai engrenar com boas partidas e abrir muito mais pontos do Z4. Ainda vamos viver muito desse namoro com a zona maldita. O time não consegue fazer bons jogos, partidas convicentes. A qualidade técnica é muito limitada e o Bolivar em alguns casos erra na escalação e nas modificações. Com o que o Pelezinho vinha mostrando nos últimos jogos, já deveria ter ido pro banco. Cristian ou Ari Moura poderiam ter começado a partida em Ponta Grossa, por exemplo.

Incrivelmente, Leandro Camilo é o artilheiro do Brasil na Série B com 3 gols. São 25 rodadas e o nosso artilheiro tem apenas 3 gols e é zagueiro. Lhes confesso que gostaria muito mais de ter visto o Leandro Camilo dando o bote e roubando a bola do camisa 9 deles, no gol deles, do que ver ele fazendo os nossos dois gols. Mas o momento não nos permite esse tipo de capricho. Precisamos é de pontos e nos mantermos na Série B. O futuro do clube depende disso. Se for jogando feio, com gol de zagueiro e os três pontos vindo, já me servem. Finalizando 2019 com a Série A do Gauchão e Série B de 2020 garantidos, já vale caminhão de bombeiros.

Os dois meses mais importantes da história do G.E.Brasil

Por Marcelo Barboza

Amanhã começa o mês de outubro e junto com ele chegam os 60 dias mais importantes da história do nosso G.E.Brasil. Restam 13 rodadas para o final da Série B do Campeonato Brasileiro 2019. A situação do Brasil não é das piores. Hoje com 30 pontos, na 13ª colocação, estamos próximos dos almejados 45 pontos, a média calculada para garantia de não rebaixamento. Mas no Bento Freitas, os problemas são outros.

Com praticamente duas folhas salarias em atraso, com os jogadores sem darem antrevistas, e um acúmulo de dezenas de dívidas trabalhistas, o futuro do Brasil depende da permanência do clube na Série B em 2020. Imaginem o quão trágico seria um rebaixamento para a Série C. Sem as verbas de televisão da Série B, com salários atrasados no final do ano, sobreviver um ano inteiro com verba do Gauchão é impraticável. É muito preocupante o que pode acontecer com o clube caso isso venha ocorrer.

O presidente Ricardo Fonseca já assumiu nos bastidores alguns de seus vários erros nos últimos anos. Erros no futebol, como a contratações de jogadores que não deram certo, são totalmente normais de acontecer. O problema maior foi não saber administrar certas situações e, principalmente, o grande volume de dinheiro jamais visto pelos lados do Bento Freitas nos seus 108 anos de vida. A falta de convicção e o autoritarismo do presidente do clube, levaram o Brasil à essa situação caótica. As coisas dentro do clube estão muito mais feias do que se parece.

Hoje o clube sobrevive do dinheiro das verbas de tv do Campeonato Brasileiro e do Gauchão, além do quadro social do clube. Os patrocínios na camisa rendem dinheiro com o Banrisul, KTO e Zezé, esse último com um valor mais baixo que os demais e com o dinheiro indo direto para a base do clube. O restante dos patrocínios são todos permutas por algum tipo de serviço. Não rendem dinheiro aos cofres do clube. O interessante é que os jogos do Brasil são 100% transmitidos pelo canal Premiere na Série B e, conforme levantamento que realizei, 65% dos jogos do ano passado foram transmitidos para todo o país pelo SporTV. Agora em 2019, foram 18 dos 25 jogos transmitidos pelo SporTV. Quanto será que vale um minuto de exposição de uma marca no SporTV em horário nobre?

Outro caso, quanto será que vale uma marca sendo exibida em um dos maiores jogos de video game do mundo? Esse ano o Brasil está no jogo de futebol oficial da Konami, o PES 2020, lançado recentemente em todo o planeta. Será que alguém tentou negociar um novo patrocinador antes de mandar informações pra Konami? E outra, o jogo foi lançado em 10 de Setembro e até hoje o Brasil não lançou uma nota sequer sobre o jogo em suas redes sociais ou no site do clube. É inacreditável.

Sobre o dinheiro, estamos falando de algo em torno de 12 milhões por ano de receita. Até 5 anos atrás, o Brasil vivia com muito menos que a metade disso e o time era bem melhor. E o que se ouve por parte do clube? “Precisamos de mais sócios”, “tínhamos que ter 10 mil sócios”, “a torcida precisa participar mais”. É sempre no rabo da torcida. Buscar outras formas de receitas, parece não ser prioridade para quem administra o clube. O Gerente Executivo do clube, Edu Pesce, é muito bom de papo e muito ruim em apresentar resultados. Está há alguns anos no clube e as campanhas de sócios são sempre as mesmas e sempre praticando ações que afastam o torcedor do estádio. Aí na hora do aperto, baixa o valor do ingresso.

Falando do time, do que temos visto dentro de campo, ainda há o que temermos. O time é muito instável e claramente falta qualidade no elenco. Bolivar ainda não conseguiu fazer o time jogar bem. E talvez nem seja culpa dele, pois o elenco estava aí quando ele chegou. Mas nessas 13 rodadas que restam, esses jogadores que aí estão, e o próprio Bolivar, precisam achar um equilíbrio suficiente para conseguirmos mais 15 pontos em 39 a se disputar. Não é difícil. E mais, precisamos que isso aconteça para que nos mantenhamos vivos à curto prazo como clube.

Agora, mais do que nunca, é hora de nós torcedores seguirmos apoiando o time como vem sendo feito. O futuro do nosso clube depende dessa permanência na Série B. Recentemente tivemos uma inédita eleição para o Conselho Deliberativo do clube e novas pessoas estão entrando para dar novas ideias e fiscalizar o que vem sendo feito de errado. Ano que vem teremos novas eleições para a presidência do clube e teremos a chance de revitalizarmos o clube administrativamente. Mas tudo isso depende desses próximos 13 jogos. Cada jogo em casa tem que ser tratado como uma decisão, como uma guerra. E tenho certeza que o torcedor fará a sua parte por entender a importância desses dois meses que estão por vir, assim como tenho certeza que tudo dará certo e 2020 será um ano de resconstrução no Bento Freitas.

Voltamos com os dois pés na porta! | Alice Silveira

por Alice Silveira

O Brasil foi em busca de uma vitória de importância imensurável na noite deste sábado (13). Fora de casa, o rubro-negro bateu o Botafogo-SP pelo placar de 3×2 e consagrou um belo retorno após a pausa para a Copa América.

Desacreditado por muitos após as diversas turbulências dos últimos dias, marcados principalmente pela saída inesperada de Rogério Zimmermann, o time Xavante entrou em campo sabendo que teria que se virar para mostrar um resultado que acalmasse o coração do torcedor. Pois foi isso que Gustavo Papa e seus comandados fizeram.

Um Brasil organizado e calmo, diferente do que estamos acostumados a ver, abriu o placar aos treze da primeira etapa com um chute rasteiro e mortal de Rafael Grampola. A arbitragem, que tentou colocar água no chopp da torcida rubro-negra a noite toda, marcou um pênalti inexistente para a equipe da casa e isso culminou no empate em 1×1.

Mas a noite era Xavante em Ribeirão Preto! Murilo Rangel colocou a equipe visitante na frente novamente e Leandro Camilo ampliou após bela jogada de Branquinho nos acréscimos da etapa inicial. Os quarenta e cinco minutos finais reservaram um pequeno teste para cardíaco ao torcedor, com o time da casa diminuindo o placar outra vez.

No entanto, mesmo com a queda de rendimento no segundo tempo, o Brasil seguiu sendo valente. Mostrou que não estava para brincadeira e que traria os três pontinhos na mala para Pelotas. Mesmo com os contratempos de substituições lamentáveis como as de Sousa e Branquinho e o cansaço de um mês de parada, a garra e a raça se sobressaíram. Coloca três pontinhos na conta!

O negócio agora é seguir com a cabeça no lugar antes de enfrentar o Paraná Clube, em nossa casa, na próxima quinta (18). Vamos ter mudanças até lá, o novo técnico vai chegar e com certeza impor o seu estilo de jogo. Eu sei que eu e vocês queríamos o Papa continuando no comando, mas sabemos que o trabalho da comissão como um todo tem tudo para dar certo se for bem executado.

Nos vemos na Baixada, para se Deus quiser (e eu sei bem que ele é Xavante), conquistarmos mais uma vitória que irá nos alavancar na tabela. Estão nos deixando sonhar? Não sei, mas que vamos dormir mais tranquilos essa noite, com certeza.

Saudações Xavantes!
Alice Silveira

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Foto: Carlos Insaurriaga / AI GEB